No mês da campanha nacional de prevenção ao câncer de mama, o mastologista e oncologista do Instituto de Câncer de Brasília Gustavo Gouveia falou, em entrevista ao CB.Saúde — parceira do Correio e da TV Brasília —, sobre os cuidados e alertas em relação ao tumor mamário, que atinge, em sua maioria, mulheres acima dos 50 anos. O médico tirou dúvidas e ressaltou a importância do autoexame e dos exames de rotina. De acordo com ele, são esperados 730 casos de câncer de mama no DF anualmente.
Qual o impacto do câncer de mama no país?
No Brasil, são esperados, anualmente, cerca de 66 mil novos casos de câncer de mama, que produzem 16 mil mortes. Aqui, no Distrito Federal, nós esperamos 730 casos novos, em média, por ano.
O que acontece no corpo da mulher para que ela desenvolva o câncer de mama?
O câncer é uma replicação desordenada das células normais do nosso organismo. Em algum momento, a célula sofre uma mutação e começa a se replicar de forma desordenada e contínua. Isso produz um tumor local que, posteriormente, tende a se espalhar para outros órgãos e que leva a doença a ter um potencial de fatalidade.
Os fatores que levam a essa produção de células desordenadas são variáveis?
Existem aspectos genéticos e de hábitos de vida que interferem como o tabagismo, o abuso de bebidas alcoólicas, o sedentarismo, a obesidade e a alimentação desbalanceada. No câncer de mama específico, nós temos um fator muito importante que é o hormonal. Nós sabemos que quanto mais tempo a mulher passa exposta a seus próprios hormônios, maior é o risco de câncer de mama. Então, se a mulher tem a primeira menstruação da vida muito cedo e a última, muito tarde, ela tem um risco, teórico, maior do que uma mulher que tem situação oposta.
Quais são os primeiros sintomas do câncer de mama?
O sinal mais comum é o nódulo mamário palpável, frequentemente identificado pela própria paciente. Os sinais menos comuns são sangramento pelo mamilo, nódulos nas axilas e alterações na pele da mama. Mas, nem todo nódulo é um câncer de mama. Na realidade, o nódulo mamário é extremamente comum e pode ser benigno.
Qual a importância do autoexame?
Nós não conseguimos, no Brasil, fazer um rastreamento mamográfico amplo — principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS) — porque existe uma demanda muito maior do que a oferta de exames de imagem. Então, o autoexame permite a detecção do câncer de mama pela própria paciente no estágio inicial possível. Quanto mais inicial, maior é o índice de cura da doença.
Para o que a mulher tem que ficar atenta na hora do autoexame?
Acho interessante que a mulher consulte vídeos disponíveis em plataformas como YouTube para as técnicas do autoexame, porque a questão visual ajuda muito nesse sentido. Mas, basicamente, ela deve se atentar para nódulos mamários palpáveis, sangramento pelo mamilo e para nódulos nas axilas. Percebendo alguma dessas alterações, procure o especialista o mais rápido possível.
A partir de qual a idade a mulher deve começar a fazer a mamografia?
A recomendação oficial do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer é que a mamografia seja feita a partir dos 50 anos. A periodicidade de repetição depende do resultado desse exame inicial. Para exames normais, a gente repete o exame bianualmente. Para exames que têm algum tipo de alteração, pode ser repetido um pouco mais precocemente ou se determinar a realização de uma biópsia mamária.
Como o senhor encara os atendimentos durante a pandemia?
Eu penso que a gente não deve trabalhar com regras gerais, mas com grupos de risco aumentado. Então, para aquelas pessoas que têm familiares com câncer de mama em primeiro grau e que têm, efetivamente, o risco aumentado, eu acho que, justifica-se, sim, elas retomarem os exames de rastreamento de câncer de mama. Isso desde que elas não pertençam a nenhum grupo de risco muito elevado para complicações da pandemia do novo coronavírus.
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