Trânsito

Suspeito de atropelar e matar ciclista em São Paulo se entrega à polícia

Cicloativista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Marina foi atingida enquanto trafegava de bicicleta pela Avenida Paulo VI, em Pinheiros, na zona oeste, às 0h17 do último domingo

Agência Estado
postado em 10/11/2020 16:54
 (crédito: Youtube/Reprodução)
(crédito: Youtube/Reprodução)
Suspeito de atropelar e matar a socióloga Marina Kohler Harkot, de 28 anos, o motorista José Maria da Costa Júnior se apresentou no 14º Distrito Policial (Pinheiros) na tarde desta terça-feira, 10. A Polícia Civil havia entrado com pedido de prisão preventiva, mas ele deve ser ouvido e liberado depois por causa da legislação eleitoral.
Cicloativista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Marina foi atingida enquanto trafegava de bicicleta pela Avenida Paulo VI, em Pinheiros, na zona oeste, às 0h17 do último domingo. O Samu chegou a ser acionado por outras pessoas, mas a jovem morreu no local.
Costa Júnior teria deixado de prestar socorro e fugido do local, segundo investigadores. Ele passou mais de 48 horas foragido até se entregar na delegacia na companhia de advogados.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirma que ainda aguarda decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) sobre o pedido de prisão preventiva. O mais provável, no entanto, é que o motorista não fique detido, uma vez que a legislação eleitoral só permite prisões em flagrante de eleitores a partir de cinco dias antes do pleito, que ocorre neste domingo, 15.
A avenida em que Marina foi atropelada tem quatro faixas e a socióloga estaria pedalando na última, perto do parapeito, de acordo com a investigação. Na via, a velocidade máxima permitida é de 50 km/h.
Ainda no dia do crime, os policiais conseguiram entrar em contato com o proprietário do carro, um Hyundai Tucson, mas a pessoa alegou na ocasião que vendeu o automóvel em 2017.
Nesta terça, os agentes conseguiram localizar o veículo em um estacionamento no centro da capital paulista. O carro passou por perícia.
Entidades prestam homenagem e cobram Justiça
Descrita como uma pesquisadora brilhante e sorridente, Marina concluiu a graduação e o mestrado na USP, onde também era pesquisadora colaboradora, pelo LabCidade, e cursava o doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAUUSP). Na academia, se tornou referência por reunir dados sobre gênero e mobilidade por bicicleta.
No funeral, na noite de domingo, a mãe da jovem, Maria Claudia Kohler, falou a ativistas que faziam homenagem à vítima. "Ela estava construindo uma casa, com um marido, um amor, uma vida futura, estudando, fazendo doutorado, viajada. Daí acontece essas coisas que a gente fica demolida."
Diversas instituições também lamentaram a morte da jovem. Em nota, a FAUUSP destacou ter "certeza de que ela sempre será um exemplo para toda nossa comunidade uspiana e que suas lutas permanecem compartilhadas por todos nós, mantendo viva sua presença".
Já o LabCidade disse que se trata de uma "perda inestimável" e que "não pode ser vão". "Marina foi morta enquanto lutava. Pois sua luta não se separava da sua vida, do seu corpo em movimento de bicicleta pela cidade. E perdemos, junto com a ativista, uma companheira de vida, da vida que ela nos ajudava a enfrentar com novos olhos."
O Instituto Clima e Sociedade escreveu que a "melhor forma de homenageá-la é reafirmar o compromisso com a luta por uma cidade que respeite seus ciclistas e pedestres, causa defendida com tanto amor por ela".
A União de Ciclistas do Brasil destacou que o ativismo da jovem "nos ofereceu uma presença e legados incríveis". "Sua contribuição é histórica e importante, sua triste partida não será em vão ou esquecida", diz. Já o Observatório do Clima manifestou um "desejo profundo de que sua morte não fique impune".
 

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