COVID-19

Com testes da CoronaVac paralisados, país estuda três outras vacinas

Vacinas de Oxford, Pfizer e Janssen-Cilag continuam com estudos em andamento no Brasil

Edis Henrique Peres*
Natália Bosco*
postado em 10/11/2020 19:40 / atualizado em 10/11/2020 19:43
Vacina de Oxford -
Vacina de Oxford -

Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspender, na segunda-feira (9/11), os testes da vacina CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, no país, o Brasil mantém três estudos de imunizantes contra o novo coronavírus em fase de testes: a Chadox1 Ncov-19, do AstraZeneca e da Universidade de Oxford; a PF-07302048, do Pfizer-Wyeth; e a Vac3518, do Janssen-Cilag.

Segundo dados da Anvisa, juntas, as três vacinas têm 20.660 voluntários brasileiros a partir dos 16 anos. A CoronaVac era a vacina com maior número de voluntários no país, com 13.060 voluntários de idade igual ou maior que 18 anos.

De acordo com a Anvisa, os estudos clínicos realizados no Brasil estão condicionados a quatro aspectos principais. São eles: dados de segurança; delineamento do estudo proposto; dados de produção e controle de qualidade; e boas práticas clínicas. Ao todo, os testes das vacinas estão sendo realizados em Mato Grosso (MT), Mato Grosso do Sul (MS), Bahia (BA), Minas Gerais (MG), Paraná (PR), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (RN), Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC), São Paulo (SP) e Distrito Federal (DF).

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), há cerca de 10 vacinas em teste na chamada fase 3, a última fase antes da aprovação, e cerca de 155 vacinas em testes pré-clínicos.

A médica infectologista e assessora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Eliana Bicuda, ressaltou que “é normal ter um grande número de medicamentos e vacinas em testes. É a partir do momento em que se entra nas fases 2 e 3 da vacina que o número vai reduzindo. Porque são poucos os que chegam na terceira fase, quando já se tem certeza que a vacina imuniza, que é segura e que tem poucos efeitos adversos e apresenta uma imunização prolongada”.

A especialista comentou que o ideal é que a vacina desenvolvida para a imunização contra a covid-19 seja em dose única, tomada apenas uma vez na vida. “Como acontece com a febre amarela e a maioria das vacinas que temos hoje. Poucas precisam de reforço”, pontuou.

No entanto, embora haja um alto número de testes e certo otimismo a respeito das pesquisas, Bicudo explicou que não acredita em uma vacina ainda em 2020. “Não teremos uma vacina para ser comercializada ou distribuída em larga escala até o fim do ano. Lembrando que a vacina deve estimular a produção de anticorpos para a proteção do organismo. E por agora ainda precisamos dos resultados efetivos, ou seja, o grupo que recebeu a vacina em teste não pode ter contaminação ou ao menos deve ter pouca contaminação em relação ao grupo que recebeu placebo. E esse tipo de dados ainda não temos”.

Os resultados demoram a ser concluídos porque essa fase dos estudos depende dos voluntários das pesquisas se tornarem naturalmente infectados e alguns demoram a ser expostos ao vírus.

Fase 3

A vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca é uma das vacinas que estão em testes. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também coordena alguns testes no Brasil, com cerca de 10 mil pessoas.

A farmacêutica norte-americana Pfizer e a empresa de biotecnologia alemã BioNTech também trabalham em uma vacina contra a covid-19. O imunizante, em duas doses, carrega um RNA mensageiro que estimula o organismo a produzir uma proteína específica do coronavírus. O objetivo é que o sistema imunológico reconheça a proteína como antígeno e crie imunidade contra a doença. No Brasil, o Centro Paulista de Investigação Clínica (CEPIC) testa a vacina em duas mil pessoas. Na última segunda-feira (9/11), a Pfizer anunciou que os estudos de sua vacina contra a covid-19 apontam uma eficácia “superior a 90%” na prevenção da doença. As empresas responsáveis pelo imunizante afirmaram que ainda não foram encontrados problemas de segurança com a vacina.

Nas redes sociais, senadores comemoraram a novidade. “No meio de tanta notícia ruim, saber que a vacina está próxima nos dá esperança. Dias melhores precisam vir!”, escreveu Randolfe Rodrigues (REDE). Pelo Twitter, Fabiano Contarato (REDE) também se pronunciou: “Saudamos e desejamos todo sucesso à cientista e pesquisadora brasileira Luciana Borio, que assume papel-chave para o combate à covid-19 na equipe do presidente eleito dos Estados Unidos (Joe Biden)”.

A farmacêutica Johnson & Johnson também participa da corrida à procura de um imunizante. A expectativa é que os testes englobem 60 mil participantes. Também a vacina BCG, velha conhecida e famosa por causar uma pequena “marca” no braço de quem a recebe, é investigada por pesquisadores australianos. O Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch analisa se a vacina responsável pela prevenção de formas graves de tuberculose seria capaz de uma proteção parcial contra o coronavírus. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) irá coordenar os testes em três mil profissionais da saúde quando houver liberação pela Anvisa.

*Estagiários sob supervisão de Andreia Castro

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