A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou ontem que manterá a suspensão dos testes da vacina CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. O imunizante, contudo, é somente um dos quatro que contam com pesquisas clínicas autorizadas no Brasil. Além dele, há as vacinas da Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca e das farmacêuticas Janssen-Cilag e Pfizer-Wyeth.
Segundo dados da Anvisa, juntas, as três vacinas têm 20.660 voluntários brasileiros a partir dos 16 anos. A CoronaVac era, até a paralisação dos estudos, o imunizante com maior número de voluntários no país, com 13.060 pessoas de idade igual ou maior que 18 anos.
A infectologista e assessora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Eliana Bicuda ressalta que, apesar do grande número de medicamentos e vacinas em testes pelo mundo, “é só a partir do momento em que se entra nas fases 2 e 3 da vacina que o número vai reduzindo. São poucos os que chegam à terceira fase (de testes), quando já se tem certeza que a vacina imuniza, que é segura, tem poucos efeitos adversos e apresenta uma imunização prolongada”.
No entanto, embora haja um alto número de testes e certo otimismo a respeito das pesquisas, Bicudo destaca que “não teremos uma vacina para ser comercializada ou distribuída em larga escala até o fim do ano. Lembrando que a vacina deve estimular a produção de anticorpos para a proteção do organismo. E por agora ainda precisamos dos resultados efetivos, ou seja, o grupo que recebeu a vacina em teste não pode ter contaminação ou ao menos deve ter pouca contaminação em relação ao grupo que recebeu placebo”.
Fase 3
A vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca é uma das vacinas que estão em testes. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também coordena testagens do imunizante no Brasil, com cerca de 10 mil pessoas.
A farmacêutica norte-americana Pfizer e a empresa de biotecnologia alemã BioNTech também trabalham em uma vacina contra a covid-19. O imunizante, em duas doses, carrega um RNA mensageiro que estimula o organismo a produzir uma proteína específica do coronavírus. O objetivo é que o sistema imunológico reconheça a proteína como antígeno e crie imunidade contra a doença. No Brasil, o Centro Paulista de Investigação Clínica (Cepic) testa a vacina em duas mil pessoas. Na segunda, a Pfizer anunciou que os estudos apontam uma eficácia “superior a 90%” na prevenção da doença.
Johnson & Johnson também participa da corrida à procura de um imunizante. A expectativa é que os testes englobem 60 mil participantes. A vacina BCG, velha conhecida e famosa por causar uma pequena “marca” no braço de quem a recebe, é investigada por pesquisadores australianos. O Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch analisa se a vacina responsável pela prevenção de formas graves de tuberculose seria capaz de uma proteção parcial contra o coronavírus. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) coordenará os testes em três mil profissionais da saúde quando houver liberação pela Anvisa.
*Estagiários sob supervisão de Andreia Castro
Brasil passa de 5,7 milhões de casos
O Brasil registrou 201 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde ontem, chegando a 162.829 óbitos pela doença. Com mais 25.012 casos, o total de infectados foi para 5.700.044. Os números de alguns estados, no entanto, não estão atualizados, em razão de problemas técnicos sofridos pela rede do Ministério da Saúde desde a semana passada. Os números relativos a São Paulo, por exemplo, são da quinta-feira, quando o estado tinha 1.125.936 de casos e 39.717 mortes. O número de mortes em Minas Gerais, de 9.204, ainda é de sábado. Os dados referentes a óbitos em Mato Grosso do Sul (1.640) tiveram última atualização na sexta passada. Os números de vidas perdidas no Rio (20.905) e em Goiás (5.874) são de segunda. Segundo a pasta, “as informações serão atualizadas ou corrigidas após restabelecimento da rede do Ministério da Saúde”.
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