VACINA

Voluntário morreu por intoxicação de opioides

BRUNA LIMA MARIA EDUARDA CARDIM
postado em 13/11/2020 00:41

Detalhes do laudo do voluntário da vacina chinesa CoronaVac confirmam a versão de “suicídio consumado” e, portanto, causa externa e não esperada de um candidato dos testes do imunizante. De acordo com novas informações divulgadas ontem pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP/SP), o óbito ocorreu em decorrência da ingestão de medicamento à base de opioides e sedativos combinado com álcool. A combinação, ainda em pequenas doses, pode provocar overdoses, confusões mentais, tonturas, fraquezas e dificuldades para respirar.

A informação da morte do voluntário fez a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) paralisar por quase dois dias os estudos do imunizante esta semana. A secretaria de Segurança de SP já havia confirmado ao Correio que o caso é investigado como suicídio pelo 93º DP (Jaguaré). As apurações e os laudos foram finalizados pelo Instituto Médico Legal (IML) e pelo Instituto de Criminalística e encaminhados à DP responsável.

A Comissão Mista da Covid-19 do Congresso Nacional confirmou a audiência pública com os diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Butantan para hoje, às 9h30. O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, e o diretor do Butantan, Dimas Covas, foram chamados para falar sobre a suspensão dos testes. Os dois confirmaram participação por videoconferência, de acordo com a comissão.

Bolsonaro
Na noite de segunda-feira, a Anvisa anunciou a suspensão dos testes por causa de um evento adverso grave ocorrido com um voluntário do estudo clínico da CoronaVac. No mesmo dia, o Instituto Butantan afirmou, por meio de nota, que lamentava ter sido informado pela imprensa e não diretamente pela Anvisa sobre a interrupção dos testes da vacina. Dois dias após a suspensão, a Anvisa autorizou, na quarta, a retomada dos testes com o imunizante.

Após declaração polêmica sobre ter "ganhado" do governador João Doria (PSDB/SP) ao saber da suspensão dos estudos, o presidente Jair Bolsonaro disse ontem que, caso a CoronaVac seja aprovada e autorizada pela Anvisa, ela será comprada pelo governo. “Quem vai decidir sobre a vacina é o Ministério da Saúde e a Anvisa. Se a vacina for comprovada, a gente vai fazer uma compra. Mas não é comprar no preço que o caboclo quer. A gente vai querer uma planilha de custos (...). E, no que depender de mim, não será obrigatória”, destacou.

Balanço
Enquanto isso, após vários estados registrarem atrasos nas atualizações ao longo da semana, o número de novas mortes por covid-19, ontem, foi o maior desde setembro, com acréscimo de 908 óbitos. Com isso, o Brasil soma 164.281 vidas perdidas desde o início da pandemia. Em relação ao número de casos, foram adicionadas 33.207 infecções ao balanço, totalizando 5.781.582 de positivos para a doença.

Vacina da Pfizer até março
O presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, disse ontem que trabalha com a previsão de que a vacina contra a covid-19 da farmacêutica americana, cujos estudos apontaram eficácia de mais de 90%, esteja à disposição no país até março do ano que vem. Necessidade de manter o imunizante em temperaturas muito baixas (-70°C), contudo, ainda é desafio. Segundo Murillo, já foi apresentada ao governo uma embalagem especial, com gelo seco, capaz de manter o imunizante na temperatura correta por 15 dias. Ele adiantou que 50 milhões de doses estarão disponíveis já neste ano, e o total para 2021 chega a 1,3 bilhão de doses para todo o mundo. “No caso do Brasil, ainda estamos trabalhando fortemente com o governo brasileiro para tentar acelerar a disponibilidade o mais rápido possível”.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação