Tecnologia

Ações de governo dependem de diagnóstico preciso, diz especialista

A pesquisadora norte-americana Beth Noveck foi a primeira a se apresentar na Semana de Inovação de 2020 que reúne mais de 400 palestrantes. Durante quatro dias, especialistas vão apontar soluções tecnológicas na administração pública

Edis Henrique Peres*
postado em 16/11/2020 20:48
Beth Noveck, diretora da GovLab -  (crédito: Divulgação)
Beth Noveck, diretora da GovLab - (crédito: Divulgação)

“A resolução dos problemas públicos é mais difícil que os problemas mecânicos, pois os problemas públicos possuem componentes políticos profundos”, explicou Beth Noveck, diretora do GovLab (Laboratório de Governança na New York University). A pesquisadora diz que é necessário pensar até mesmo na solução dos problemas “que nascemos com eles, mas que não falamos sobre”.

Beth foi a palestrante da abertura da 6° Semana de Inovação 2020, que tem como tema: (Re) imaginar e construir futuros. A Semana de Inovação ocorrerá entre os dias 16 e 19 de novembro e é uma realização da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), do Ministério da Economia, do Tribunal das Contas da União (TCU) e da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), além da participação e apoio de instituições do governo federal, de grupos da sociedade civil, organismos internacionais e representantes do setor privado.

Na abertura do evento, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, ressaltou que ao fim da pandemia o pensamento de trabalho isolado deve ser esquecido. “Daqui para frente o trabalho tem que ser feito em conjunto”, disse Pontes. O mesmo posicionamento do Secretário de Governo Digital, Luis Felipe Salin Monteiro, que ressaltou a necessidade de deixar para trás o pessimismo e confiar na capacidade de inovação dos brasileiros.

Problemas públicos

A pesquisadora Beth explicou, no entanto, que nem todos os problemas podem ser resolvidos de maneira rápida e óbvia. “Se alguma coisa quebrar, a repomos. Mas quando temos problemas sociais e de política, isso é mais complicado, pois não conhecemos a solução para vencer esses obstáculos”.

Beth ressalta que nenhuma solução dos problemas públicos será totalmente aceitável para uma porção significativa de pessoas afetadas por aquilo. “Mas isso não significa que não há soluções que podem ser tentadas e que apresentam resultados positivos. Contudo, é importante saber que existe uma técnica para resolver esses problemas, existe ciência, um conjunto de abordagens para que determinada resolução se torne possível”.

A diretora do GovLab também citou os problemas de racismo presentes no Brasil e nos Estados Unidos, além da desigualdade social e de grandes riquezas nas mãos de poucas pessoas. “Temos baixa confiança no governo e também na democracia, e embora alguns possam pensar que o governo não seja a solução, mas o problema, isso está errado. O governo é, sim, o problema algumas vezes, mas durante a pandemia, por exemplo, ele pode e deveria ser a solução, ser efetivo e resolver os problemas do nosso sistema”, explicou.

Métodos analíticos

Para Beth a resolução dos problemas deve ser feita com métodos analíticos e com uma definição clara do que precisa ser resolvido. “Muitas pessoas querem abraçar o mundo e isso não dá certo, é preciso pensar em uma delimitação daquele problema e trabalhar com aquilo”.

Por fim, a pesquisadora disse sobre a importância de se utilizar a tecnologia, até mesmo para analisar os dados e a grande quantidade de informação presente nos dias de hoje. “Os primeiros 100 anos do movimento dos direitos dos animais foram marcados por grandes manifestações e movimentos que levantaram fundos, por exemplo. Mas os desafios que estamos enfrentando hoje são urgentes e não podemos esperar pelo decorrer de cem anos para eles serem resolvidos. Precisamos de soluções rápidas”, finaliza.

*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação