MINAS GERAIS

Gerente de loja recebe homenagem dos colegas após ser vítima de racismo

Bruno Mendes conta que uma idosa disse ao marido que um negro não poderia ser gerente de uma loja grande como a que ele trabalha; ele preferiu não denunciar o caso

Correio Braziliense
postado em 19/11/2020 19:27 / atualizado em 19/11/2020 19:28
 (crédito: Reprodução/Redes sociais )
(crédito: Reprodução/Redes sociais )

O gerente de uma loja da varejista Ponto Frio, de um shopping de Governador Valadares, município de Minas Gerais, foi homenageado pelos colegas de trabalho após ser vítima de racismo por parte de dois clientes, no último domingo (15/11).

Bruno Mendes conta que o casal, ao descobrir que ele era o gerente do estabelecimento, disseram que era "inadmissível que um negro gerenciasse uma loja tão grande". Ao saírem da loja, Bruno foi para uma sala interna, onde foi encontrado chorando por um dos funcionários que também havia presenciado o crime.

No dia seguinte à situação, na segunda-feira (16/11), o gerente, no entanto, foi surpreendido ao ser recepcionado pelos colegas de trabalho com mensagens motivacionais em cartazes como "você é importante" e abraços da equipe (veja no vídeo abaixo).


"Esse vídeo e essas mensagens vão chegar até eles (o casal de idosos) e eu já perdoei. Eu já pedi a Deus que alcance essas pessoas mesmo e a gente vai seguindo a vida. Eu não queria ter que levar isso ao lado jurídico, nem nada. Eu quero que essa pessoa seja feliz e que Deus alcance a vida dela também", disse Mendes ao G1 Vales de Minas Gerais.

Reflexão

Ao portal, Bruno afirmou estar assustado com a proporção que o caso tomou nacionalmente, mas que não fará denúncia.

"Eu estou muito assustado com a repercussão. É uma coisa que a gente não queria que em pleno 2020 acontecesse, mas acontece e vai acontecer desde a época da escravidão. Eu não sou preso ao racismo, eu não sou preso ao vitimismo, fiquei triste com a situação”, comentou.

Ele deseja que o episódio sirva para que as pessoas se conscientizem e desenvolvam mais empatia pelo próximo.

“Se eu pudesse escolher algo para que seja falado através da imprensa, eu ficaria com o lado da empatia, com o lado bom que isso está trazendo. Eu quero que as pessoas se amem mais, se ela é branca, se ela é amarela, se ela é homossexual, se ela é hétero. Eu quero que as pessoas se amem. A gente viveu um 2020 muito difícil e eu acho que é hora de a gente colocar isso na cabeça de que o bem vai vencer o mal sempre, independentemente de qualquer coisa”, explicou.

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