O Brasil recebeu, ontem, a primeira remessa de toda a América Latina de uma potencial vacina contra a covid-19. São 120 milhões de doses da CoronaVac desembarcadas em São Paulo, apesar de ainda não ter sido concluída a fase três dos estudos clínicos, etapa necessária para a homologação antes de estar habilitada para ser oferecida à população. O presidente do Institito Butantan — que participa do desenvolvimento do imunizante —, o médico Dimas Covas, descreveu a chegada do medicamento como um motivo de “enorme orgulho” e um “fato simbólico”.
Segundo o médico, com a vacina disponível no Brasil “os resultados dos estudos clínicos poderão aparecer muito rapidamente”. Mas, enquanto não há liberação para aplicação, as doses ficarão armazenadas a uma temperatura de 8 graus negativos. “Associando a disponibilidade da vacina com os resultados dos estudos clínicos, poderemos submeter o processo a registro na nossa Anvisa”, salientou.
O plano é ter 60 milhões de doses até fevereiro de 2021, sendo que, nos próximos 40 dias, já serão 46 milhões de doses disponíveis, segundo o governo de São Paulo. Caso as tratativas junto ao governo federal tenham sucesso, o Butantan pretende disponibilizar 100 milhões de doses ainda no primeiro semestre de 2021.
“O objetivo principal é o fornecimento para o Programa Nacional de Imunização (PNI). Estamos trabalhando nessa perspectiva. A disponibilidade e o registro da vacina vão permitir que o Ministério da Saúde a incorpore, o que seria a solução ideal e necessária”, frisou Covas.
Já o governador de São Paulo, João Doria, ressaltou que não está em uma corrida pelo imunizante, mas sim pela vida. “São Paulo quer, sim, a vacina do Butantan, mas quer, também, as outras vacinas que, seguindo o protocolo internacional, e também da Anvisa, possam ser aprovadas, compradas pelo governo federal e distribuídas gratuitamente para imunização da população”, garantiu.
Ele ainda reforçou que não se pode “perder tempo com burocracia ou discussões inúteis de ordem política, eleitoral e ideológica”. “Não é justo, não é correto, não é humanitário, não é solidário que discussões de ordem política se sobreponham à vida e à existência”, exortou.
Somente nesta semana, o ministério se reuniu com cinco empresas responsáveis por potenciais vacinas contra a covid-19: Pfizer, Janssen, Sputnik, Moderna e Covaxin. “O que deve decorrer, a partir dessas reuniões, será um memorando de entendimento não vinculantes para possíveis futuras aquisições”, afirmou o secretário-executivo do ministério, Élcio Franco.
País pode atingir, hoje ,6 milhões de infectados
O Ministério da Saúde registrou, ontem, mais 35.918 casos de covid-19 e 606 óbitos pela doença. As atualizações diárias continuam no mesmo patamar visto desde o início da semana, de mais de 30 mil diagnósticos positivos e 600 mortes por dia. Dessa forma, foram infectadas 5.981.767 pessoas, com 168.061 vidas perdidas. Com as novas atualizações, faltam, apenas, 18.233 casos serem confirmados para que o país atinja a marca de seis milhões de infectados pelo novo coronavírus. Segundo o Portal Covid-19 Brasil, o país deve atingir, hoje, esta marca. Apesar do crescimento de casos e de mortes visto na semana epidemiológica 46ª, o Ministério da Saúde afirmou que, devido à instabilidade no sistema nas últimas semanas, não há uma base de dados consistente para afirmar que se vive uma segunda onda.
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Hipertensão: números dão sinal de alerta
Pesquisa Nacional da Saúde, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada na última quarta-feira, mostra que 23,9% dos adultos acima de 40 anos sofrem de hipertensão, ou seja, de cada quatro brasileiros, um tem a doença. Os dados apontam, ainda, que 52% dos adultos têm, ao menos, uma doença crônica, 40% da população são de sedentários e 14% comem alimentos ultraprocessados regularmente. Para o cirurgião cardiovascular Isaac Azevedo, entrevistado, ontem, no CB Saúde –– uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília —, os números são preocupantes.
“A hipertensão não só pode ,como precisa ser controlada. As pessoas precisam mudar a dieta, perder peso, se alimentar melhor e realizar atividades físicas. Em último caso, devem fazer uso da medicação”, salientou.
O médico deixa claro que não se conhecem totalmente as causas da hipertensão. O que se sabe é que é uma doença multifatorial e é influenciada por questões como estresse, alimentação e etnia. Azevedo lembra que o controle é essencial para tirar as pessoas da fila do Acidente Vascular Cerebral (AVC), causado em grande parte pelo descontrole da pressão arterial, que ainda pode ser acompanhada da diabetes. “O diabetes e a hipertensão são fatores de risco para desenvolver complicações, como o AVC, doenças renais e cardiovasculares. Também o diabetes é multifatorial: obesidade, estresse e sedentarismo também vão aumentar as probabilidades de desenvolvimento da doença”.
Para Azevedo, é essencial que a população afira regularmente a pressão e os níveis de glicose, pois isso é capaz de traçar um perfil do organismo daquele indivíduo e ajudar o médico a perceber algo diferente antes que seja tarde. “A hipertensão não traz sintomas. Quando algum aparece, é porque se desenvolveu há muito tempo e, na verdade, as consequências disso já estão em desenvolvimento”, observou.
Segundo o médico, a população negra está mais vulnerável à hipertensão e ao diabetes. “Não só atingem mais como, em geral, o desenvolvimento é mais precoce e mais grave também”.
* Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi