Racismo

Ações do Carrefour fecham em baixa em meio a protestos e pedidos de boicote

Às vésperas da Black Friday, valor das ações da rede varejista sofreram uma desvalorização de 5,35%. Além da queda na bolsa, empresa enfrenta movimento de boicote, que já conta com a adesão de 150 organizações ligadas ao movimento negro

As ações do Carrefour Brasil (CRFB3) tiveram uma queda significativa nesta segunda-feira (23/11), em meio a protestos e pedidos de boicote à empresa às vésperas da Black Friday, fechando com uma baixa de 5,35% a R$ 19,30. A queda ocorreu após a morte João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, homem negro que foi espancado e asfixiado (segundo laudo preliminar) por dois seguranças brancos, no estacionamento de uma unidade do grupo em Porto Alegre.

O cenário está na contramão da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, que fechou com alta de mais de 1%. Na última sexta-feira, as ações tiveram um ligeiro aumento. Desde então, diversos protestos contra a empresa foram realizados pelo país, além de pedidos de boicote, como o feito pela Coalizão Negra por Direitos, articulação que reúne 150 organizações, coletivos e entidades do movimento negro. Grupo fez um abaixo-assinado de boicote ao Carrefour que já reúne 16 mil assinaturas.

Sócio da Valor Investimento, Davi Lelis explica que o ligeiro aumento e a queda desta segunda pode se dar por uma série de fatores: um deles é que pode ser que a empresa já estivesse em um ciclo positivo, e agora os investidores estão colocando os lucros no bolso. Outra possibilidade é o impacto negativo do caso após o pedido de desculpas do CEO do Carrefour Brasil, Noel Prioux, e a continuidade dos protestos.

"A bolsa é muito pautada em relação às expectativas em cima do papel. Pode ser que tenha ficado negativo, porque demora um tempo entre o fato e a repercussão ser vista no meio do mercado", explica Davi Lelis. Segundo Davi, é importante ressaltar, do ponto de vista financeiro, o impacto que essas manifestações e declarações de boicote podem ter para a empresa às vésperas da Black Friday.

"A gente tem a Black Friday em quatro dias úteis e, se tiver mesmo boicote, pode ser que impacte numa data que é crucial e crítica à empresa. Com isso, as expectativas podem se tornar negativas. Estamos, ainda, nos aproximando do Natal e Ano Novo, datas em que as vendas são mais fortes. Em uma data tão decisiva, pode prejudicar o balanço da empresa e atrapalhar para o ano que vem também", pontua Lelis.