Pandemia

Prefeitos eleitos e reeleitos tomam medidas contra aumento da Covid-19

Capitais como São Paulo e Belo Horizonte estão em alerta. Prefeitos eleitos em outras três cidades já anunciaram medidas de enfrentamento depois de assumirem o cargos

Fernanda Strickland* Jailson R. Sena*
postado em 02/12/2020 20:50
 (crédito:  AFP / Ina FASSBENDER)
(crédito: AFP / Ina FASSBENDER)

Com a alta de casos e internações provocadas pela Covid-19 e o fim das eleições, muitos prefeitos reeleitos e eleitos já estão adotando ou estudando medidas para contornar a situação. Um exemplo é no estado de São Paulo, onde o governador João Dória (PSDB), padrinho político do prefeito reeleito da capital Bruno Covas (PSDB), determinou o aumento da restrição de atividades no estado.

Porém, em entrevista, Covas reafirmou que “há estabilidade nos números e, por isso, não existe a necessidade de retroceder na flexibilização” na cidade de São Paulo.

Em Belo Horizonte, o prefeito reeleito Alexandre Kalil (PSD) afirmou nesta quarta-feira (2) acreditar que se o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) não comprar a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, é um “caso muito sério”, podendo virar uma “guerra judicial”.

Além disso, o prefeito da capital mineira já alertou que a população deverá manter os cuidados ou ele terá que tomar medidas mais duras como fechamento do comércio.

Parcerias 

Já os novos prefeitos, como é o caso de Eduardo Paes (DEM), eleito para governar a cidade do Rio de Janeiro, anunciou medidas que nortearão o combate da pandemia. A primeira é a oferta de testes de maneira desburocratizada em todas as unidades de saúde.

Também estão previstas parcerias com a Fiocruz e com outras instituições de saúde para dar agilidade aos resultados dos exames. Haverá capacitação das equipes de saúde da família para fazer o rastreamento de quem teve contato com os pacientes que testaram positivo e, assim, interromper a cadeia de transmissão.

Sebastião Melo (MDB), prefeito eleito de Porto Alegre, não pretende implantar o lockdown na cidade, pois mesmo com a saúde em primeiro lugar, “não dá pra descuidar da economia”. Na mesma linha de pensamento, o prefeito eleito de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas), também descartou o risco de fechamento total de serviços na cidade.

Entre as primeiras medidas da gestão anunciadas por Lucena, está a criação de um “comitê intersetorial” para discutir ações contra a pandemia e que também movimentam a economia da cidade.

Falha de planejamento

O epidemiologista Eliseu Alves Waldman, do Departamento de Epidemiologia, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), explica que o aumento de casos é resultado de um planejamento de reabertura mal executado. 

"O que estamos vivendo hoje no país é um aumento do recrudescimento da primeira onda em função de uma abertura tanto descuidada. Agora está mais acentuada nos estados do Sul que foram menos atingidos no início da primeira onda", diz.

Para diminuir a quantidade de casos, o especialista esclarece que o ideal seria o ministério assumir o papel dele; e que governadores e prefeitos das cidades procurem de forma responsável manter um mínimo possível de atividades, de forma que seja possível cumprir minimamente as medidas de proteção.

"Como a educação contínua da população, incentivo do uso de máscaras, incentivo à manter distância para evitar aglomerações, isso é o que não está sendo feito, pois tudo isso piora a situação" esclarece. Ele ressalta que todas as empresas e pessoas tem que ter uma postura responsável.

O prefeito de Campinas e presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Jonas Donizette (PSB), afirma que os prefeitos possuem uma maior solicitação da população. “Com a pandemia, a população passou a demandar ainda mais respostas dos prefeitos”, declarou Donizette, considerando, ainda, que os governantes locais “não foram ouvidos como necessário”.

* Estagiários sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza 

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