VIOLÊNCIA

Mil dias sem Marielle: manifestações pelo país cobram respostas

Protestos pedem por justiça e esclarecimentos sobre o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes. Mandante do crime segue desconhecido

Bruna Pauxis*
Carinne Souza* Edis Henrique Peres*
postado em 08/12/2020 21:21 / atualizado em 08/12/2020 21:48
 (crédito: Reprodução/Internet)
(crédito: Reprodução/Internet)

Ao completar mil dias desde as mortes da vereadora carioca Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, ocorridas em 14 de março de 2018, manifestações e protestos tomaram o país com pedidos por justiça e respostas sobre os assassinatos. Perguntas como a motivação do crime e os mandantes seguem sem respostas.

Capitais pelo país registaram protestos, entre elas São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Vitória e Florianópolis. Placas, faixas e gritos por respostas marcaram os movimentos.

O estado e a cidade do Rio de Janeiro foram os principais focos dos manifestantes. Em frente à Câmara Legislativa da capital, cerca de 500 despertadores foram expostos enquanto manifestantes chamaram atenção para a pergunta “Quem mandou matar Marielle?” Organizada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSol), a programação teve início às 5h.

“É mais uma manifestação no caráter de apoiar a família e todos que acreditam na Mari (Marielle Franco), as mulheres que estão sendo eleitas e ameaçadas”, conta Anielle, irmã da vereadora assassinada e fundadora, junto aos pais e à Luyara, filha de Marielle, do instituto Marielle Franco.

“Há importância grande, também, de podermos seguir e entender que não foi um crime qualquer, e é muito importante que todo mundo se una com a gente nesse pedido por justiça e que possamos caminhar com outras pessoas, não só aqui, mas no mundo inteiro, em busca de respostas”, completa.

Redes sociais

Personalidades usaram as redes sociais para pedir por justiça pela vereadora assassinada. O deputado federal Marcelo Freixo, amigo de Franco, usou o Twitter para homenagear a amiga e pedir por justiça. “Marielle foi minha grande companheira de luta. Caminhamos juntos por 10 anos no nosso mandato, até ela se eleger vereadora e se tornar ainda mais importante na luta por um Rio melhor. Quem mandou matar Marielle?”, questionou.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva escreveu: ”Há mil dias o país espera respostas. Há mil dias assistimos à escalada do ódio, da política, das ameaças, do preconceito e da intolerância. Precisamos de paz e de Justiça. Justiça para Marielle e para o Brasil".

Entenda o caso

Marielle e Anderson foram assassinados no dia 14 de março de 2018, quando 13 tiros foram disparados contra o carro em que estavam no centro do Rio de Janeiro. Cada uma das vítimas foi atingida com quatro tiros. Marielle morreu aos 38 anos e não chegou a completar um ano de mandato. Ela foi eleita vereadora da Câmara do Rio de Janeiro, para a Legislatura 2017-2020, com 46.502 votos. Política e socióloga, Franco denunciava casos de violência policial nas periferias do Rio e era defensora dos direitos humanos.

Pouco antes de completar um ano do crime, os responsáveis pela morte da vereadora e do motorista Anderson foram presos: Roni Lessa, um policial militar reformado, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz.

Segundo investigação, Lessa foi o responsável pelos 13 disparos, enquanto Queiroz dirigia o veículo em que os criminosos estavam, um Cobalt prata. Os criminosos seguiram Marielle por alguns bairros até atirarem em seu veículo ainda em movimento. A perseguição foi capturada por câmeras de seguranças na rua.

Apesar da prisão dos responsáveis, o caso não foi encerrado. A motivação para a morte da vereadora e o mandante do crime ainda são desconhecidos.

Sem respostas

Promotora responsável pela investigação da morte da vereadora, Simone Sibílio esclarece que, em razão da complexidade do caso, o tempo de investigação é proporcional. “Se pararmos para analisar que muitos homicídios não são elucidados, perceberemos que, na verdade, a investigação não está levando tanto tempo, principalmente devido às obstruções que teve”, pontua.

Sibílio ressalta que o caso envolve muitos fatores, e que o Ministério Público continua empenhado em solucioná-lo. “Entendemos que a resposta para esse caso precisa ser encontrada e continuamos focados na investigação”.

*Estagiárias sob a supervisão de Andreia Castro

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