VENDA DE SENTENÇAS

Ministro do STJ converte em preventiva prisão de magistrada da Bahia

Desembargadora é investigada no âmbito da Operação Faroeste, que apura um esquema de venda de decisões por magistrados do estado

Agência Brasil
postado em 20/12/2020 14:17
 (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), converteu em preventiva a prisão temporária da desembargadora Lígia Cunha, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA). Ela é investigada no âmbito da Operação Faroeste, que apura um esquema de venda de decisões por magistrados do estado.

A medida passa a valer a partir de hoje (20/12). O ministro do STJ atendeu a um pedido da subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, responsável pelo caso, que argumentou que a magistrada atuava para impedir as investigações.

Lígia Cunha e outra desembargadora do TJBA, Ilona Reis, foram presas temporariamente na última segunda-feira (14/12), quando foram cumpridos também 36 mandados de busca e apreensão na 5ª e 6ª fases da Operação Faroeste.

Em nota, o Ministério Público Federal (MPF) disse que "a hipótese criminal apurada é a de que as desembargadoras criaram organizações criminosas especializadas em vendas de decisões e lavagem de ativos, com atuação nos conflitos de terras do Oeste baiano e outras regiões".

Segundo as investigações, Lígia Cunha teria recebido R$ 950 mil para proferir decisões em quatro processos e para praticar tráfico de influência em relação a outro. Ela teria intimidado uma servidora do TJBA para que apagasse informações de um computador, entre outros atos para tentar acobertar os crimes, disse o MPF. Os filhos dela, que são advogados, também estariam envolvidos no esquema. Ilona Reis, por sua vez, teria atuado em três processos e recebido R$ 300 mil.

Na decisão que autorizou a prisão temporária das desembargadoras, o ministro Og Fernandes escreveu haver indícios da existência de "uma engrenagem judicial criminosa no seio do Tribunal de Justiça baiano, que possui a venda de decisões como mercadoria para o enriquecimento ilícito em escala geométrica". A Agência Brasil tenta contato com a defesa das magistradas.

Diversos outros magistrados do TJBA já foram afastados ou presos em fases anteriores da Operação Faroeste. Segundo o MPF, a suspeita é que diferentes organizações criminosas tenham permitido a grilagem de mais de 360 mil hectares de terras, movimentando bilhões de reais. Até o momento, as investigações resultaram na abertura de três ações penais no STJ, onde os magistrados envolvidos têm foro privilegiado.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.