Bolsonaro faz ironia

INGRID SOARES ISRAEL MEDEIROS*
postado em 13/01/2021 22:32

O presidente Jair Bolsonaro colocou em dúvida a eficácia da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica Sinovac. A apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, ironizou: “Essa de 50% é uma boa ou não?”, provocou, emendando que tem “apanhado” com as críticas, mas que a população, agora, “está vendo a verdade” sobre o imunizante contra a covid-19. Mas ressaltou que a decisão sobre o uso das vacinas passa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que, uma vez aprovada para uso emergencial, será comprada pelo governo.

“Estou há uns quatro meses apanhando por causa da vacina. Entre mim e a vacina tem a Anvisa. Não sou irresponsável, não estou a fim de agradar quem quer que seja. E a vacina que passar pela Anvisa, seja qual for. Já assinei um crédito de R$ 20 bilhões para comprar isso”, afirmou. A eficácia global do imunizante é de 50,38%, índice que atende aos padrões recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O governador de São Paulo, João Doria, novamente criticou a declaração do presidente. “Em vez de comemorar o fato de o Brasil ter um imunizante seguro e eficaz para combater a pandemia, ele ironiza”, publicou em uma rede social.

Para o cientista político André Rosa, apesar de Bolsonaro admitir a vacinação, sua posição sobre a obrigatoriedade continua a mesma. “A partir do momento em que ele faz esse racha, ao convencer uma parcela da população de que a vacina não é importante, tira um peso das costas, porque muitos brasileiros não vão querer tomá-la, o que permite diminuir o esforço pela imunização”, afirmou.

Para Rosa, os comentários irônicos de Bolsonaro sobre a vacina do Butantan demonstram sua preocupação com as ações de Doria. “A prioridade dele é conseguir vacinar antes da vacina chinesa, por causa da disputa. Acredito que ele quer desestimular as pessoas para esta vacina até a da Pfizer e a Sputnik V estarem disponíveis”, salientou.

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