Sem vacina

Governo não define data de início da vacinação e deixa governadores frustrados

Ministério da Saúde não informou quando a campanha de imunização contra a covid-19 começa. As lideranças estaduais também reclamam sobre a quantidade de imunizantes

Governadores se reuniram com o governo federal nesta terça-feira (5/1) para discutir o Plano de Vacinação contra a covid-19, mas saíram frustrados, sem uma definição sobre o calendário. No encontro, os chefes de executivos estaduais foram informados, pelo Ministério da Saúde, apenas sobre a importação de 2 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca da Índia.

O governador do Amapá, Waldez Goes (PDT), que estava no encontro, publicou em sua página no Twitter que lamenta ainda não ter, por parte do governo federal, uma data para início da vacinação. A reunião foi com o secretário Nacional de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, por videoconferência.

“É preocupante que o governo federal não venha cumprindo os prazos nem garantindo os quantitativos necessários para a vacinação da nossa população. Lamento que a data para o início da vacinação ainda não tenha sido informada, mas apresentei a proposta para que seja instalada uma central de distribuição e imunização para concentrar as operações de acordo com cada região”, escreveu Goes.

Ao Correio, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), ao ser questionado sobre como foi a reunião, resumiu dizendo apenas que foi “incerto”, sem que uma data fosse apresentada aos governadores.

Além de Barbalho e Goes, participaram da reunião os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM); do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB); do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB); e do Piauí, Wellington Dias (PT), que coordena a estratégia para a vacina contra a covid-19 no Fórum Nacional de Governadores e é presidente do Consórcio Nordeste, que reúne nove governadores.

Formação de comitê

A fim de avançar na discussão, na próxima semana, a Frente Nacional dos Governadores tem um encontro marcado com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do qual participarão também lideranças do Congresso, membros do Supremo Tribunal Federal (STF) e representantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantan. O objetivo é formar um comitê nacional capaz de organizar o início da imunização.

A ideia do encontro foi do governador Wellington Dias, diante da falta de um cronograma de vacinação. Ele discutiu o assunto nesta terça-feira com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O objetivo, segundo ele, é que no encontro possam, “juntos com a Anvisa, ter uma solução”. “O Brasil está muito, muito atrasado em relação ao processo de vacinação. A consequência disso é que nós temos um risco maior que outros países”, disse.

Salvação

O petista afirmou que hoje já há no país 10,8 milhões de doses de vacinas da CoronaVac, em parceria com o Instituto Butantan, e até hoje não há um cronograma. O Comitê de Cientistas do Nordeste, coordenado pelo médico Miguel Nicolelis, alertou o Brasil para um grave risco, segundo o governador.

Pelo Twitter, o médico escreveu na última segunda-feira: “O Brasil precisa criar uma Comissão de Salvação Nacional p/ ontem. Passamos de todos limites aceitáveis de estupidez. Estamos correndo o risco de entrar em colapso sanitário, social e econômico em 2021. O Brasil está na UTI e o diagnóstico é falência terminal de múltiplos órgãos”, pontuou.

Ele também disse que o Brasil precisa promover um fechamento total de serviços não essenciais, com restrições de circulação, de forma urgente. “Acabou. A equação brasileira é a seguinte: Ou o pais entra num lockdown nacional imediatamente, ou não daremos conta de enterrar os nossos mortos em 2021”, ressaltou. O governador do Piauí disse não ser viável realizar o relaxamento das medidas de isolamento social no momento.