ESTRADAS

Acidentes caem, mas mortes seguem altas

Edis Henrique Peres*
postado em 01/02/2021 22:21
 (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press -18/7/12)
(crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press -18/7/12)

Levantamento da Confederação Nacional de Transporte (CNT) constatou que, na comparação entre 2020 e 2019, houve uma queda de 5,9% no número de acidentes nas estradas brasileiras. De acordo com o Painel de Consultas Dinâmicas de Acidentes Rodoviários, divulgado ontem, no ano passado houve 63.447 desastres envolvendo veículos nas rodovias federais contra 67.427 do ano anterior. Uma das explicações para essa redução pode ser a pandemia do novo coronavírus, que tirou motoristas das estradas, sobretudo, no período de férias e em feriados prolongados.

Mas, se o número de acidentes caiu expressivamente, o recuo no total de mortes foi tímido, de apenas 0,8%. Isso indica que, embora tenha ocorrido menos desastres, eles foram mais letais: 2020 deixou o total de 5.287 óbitos, enquanto que em 2019 foram de 5.332. Os dados, coletados junto à Polícia Rodoviária Federal, apontam para 14 mortes nas rodovias federais por dia, no ano passado. A maior parte das vidas perdidas (54,8%) ocorreu entre sexta-feira (14,6%) e o final de semana –– sábado (17,8%) e domingo (22,4%).

O relatório da CNT também aponta o tipo mais frequente de acidentes com vítimas: a colisão entre veículos. Ao todo, foram 30.804 ocorrências (59,4% do total), seguido por saída da pista (15,7%) e capotamento/tombamento (12,2%). E das estradas brasileiras, a BR-101 foi a que mais registrou acidentes: um total de 8.715, com 627 mortes. Em seguida vem a BR-116, com 7.397 choques e 690 óbitos.

Em relação às mortes por faixa etária, o maior número de vítimas é de pessoas acima de 45 anos (33,3%). Logo depois vem a faixa etária de 36 a 45 anos, com 22,2% das mortes, seguida daquela que inclui pessoas com idades entre 26 a 35 anos, com 20,9%. Para o presidente da CNT, Vander Costa, os índices de acidentes, especialmente os que trazem vítimas fatais, denunciam a necessidade de investimentos efetivos na infraestrutura rodoviária, na ampliação de campanhas educativas com foco na segurança no trânsito e na formação dos condutores.

No Distrito Federal, o total foi de 1.040 acidentes registrados nas rodovias federais que cortam seu território, no ano passado. A média é de 405 acidentes com vítimas a cada 100km de rodovia. Ao todo, no DF, perderam-se 39 vidas, sendo 20 na rodovia BR-020, a mais letal.

“Reduzir o número e a gravidade dos acidentes rodoviários é promover o transporte no país, com benefícios claros à economia e à sociedade. Assim, desenvolver ações voltadas à melhoria das condições viárias, à capacitação dos motoristas e à segurança veicular são a melhor estratégia para a superação desse grave problema”, observou o presidente da CNT.

Ele ressaltou, ainda, a importância da coleta e da disponibilização dos dados de acidentes nas rodovias brasileiras. “O trabalho de fiscalização, levantamento e sistematização das informações realizado pela PRF é fundamental para nortear as ações de redução de acidentes, além de demonstrar o compromisso do órgão com a transparência de dados tão importantes”, ressaltou.

O automóvel foi o tipo de veículo mais envolvido em acidentes com vítimas, em 2020 (44,2% do total), seguido das motos (31,8%) e dos caminhões (17,6%). O custo anual estimado dos acidentes ocorridos nas rodovias federais no Brasil é de R$ 10,22 bilhões.

* Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi

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