CAMINHONEIROS

"Greve fracassou", diz ministro da Infraestrutura

Movimento da categoria ocorreu em vários estados, mas não alcançou grandes proporções. Tarcísio de Freitas diz que continua examinando demandas dos profissionais

Edis Henrique Peres*
postado em 02/02/2021 15:50 / atualizado em 02/02/2021 15:53
 (crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
(crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Após movimento de paralisação dos caminhoneiros na segunda-feira (1/2), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse que governo pretende seguir com agenda voltada para a categoria, mesmo que a greve tenha “fracassado”. O movimento foi motivado pelo aumento do valor do diesel que, no fim de janeiro, sofreu reajuste de 4,4%. Além disso, os trabalhadores reclamam dos baixos preços dos fretes e defendem melhores condições de trabalho, com alterações nas regras de jornada e aposentadoria especial.

Para o ministro, a “greve fracassou e fez água”. E acrescentou: “Conversamos muito com os caminhoneiros e, desde o início, já dizíamos que a greve não ia voar. As poucas coisas que aconteceram, como queima de pneus e paralisação em São Paulo, não têm relação com os caminhoneiros. Agora, não é porque a greve não prosperou que vamos abandonar a agenda, mas precisamos estudar”.

A greve teve seu último ato, segundo boletim informativo do ministério, durante a noite de segunda-feira, em uma tentativa de paralisação na BR-324, na Bahia, perto de Feira de Santana. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a ação durou cerca de 20 minutos. As rodovias concedidas ou sob gestão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), segundo a PRF, estão nesta terça-feira (2/2) com fluxo livre, sem nenhum ponto de retenção total ou parcial.

No entanto, a insatisfação da categoria não diminuiu. O presidente da Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB), José Roberto Stringasci, conta que os caminhoneiros pretendem se organizar e adotar novos métodos de reivindicação. “Parte dos caminhoneiros ficou em casa na segunda, e alguns foram dar apoio ao movimento nas ruas, mas fomos fortemente repreendidos pela força policial. Caminhoneiros que estavam nos pátios foram obrigados a voltar para a rodovia pela polícia. E agora temos a decisão de interdito proibitório que proíbe nossa ação”, explicou.

José Roberto ressalta que o governo não está realmente aberto ao diálogo. “Estamos tentando negociar desde 2018 sem nenhum resultado. Mas vamos encontrar outra maneira de nos manifestarmos, uma paralisação com o caminhão vazio em casa e descarregado”, apontou.

O presidente da ANTB também criticou o áudio vazado do ministro Tarcísio de Freitas no domingo (31/1), em conversa com um dos líderes dos caminhoneiros. Na ocasião, Tarcísio declarou não ter a possibilidade de atender aos principais pedidos da categoria. A autenticidade do áudio foi confirmada e o ministro disse que se tratava de um esclarecimento do papel do governo em cada demanda.

Tarcísio chegou a dizer que caminhoneiros precisavam “desmamar” do governo, e que integrantes da categoria deveriam pensar como empresários, pois havia obstáculos econômicos agravados pela ação de prefeitos e governadores que “fecharam tudo” durante a pandemia.

Protestos

Os movimentos de paralisação na segunda-feira ocorreram em diversos estados. Houve protestos em Mossoró (RN), na BR-304, que registrou trânsito lento na saída para Fortaleza. Já em São Paulo, o km 30 da Rodovia Castello Branco, próximo a Barueri, foi bloqueado das 6h às 10h.

Em Salvador, cerca de 100 caminhoneiros se reuniram na BA-256. Também houve movimentação em Feira de Santana (BA), mas a paralisação foi interrompida pela PRF por volta das 14 horas. Em Itati (BA), outro grupo protestou na BR-116 e bloqueou a pista com pneus e objetos queimados.

Em Goiás, a movimentação foi próxima a Guapó, mas ação conjunta da PRF e do Corpo de Bombeiros impediu tentativa de bloqueio na BR-060 no quilômetro 190.

*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo

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