RELIGIÃO

CNBB lança Campanha da Fraternidade de 2021, com foco no diálogo

CFE deste ano critica violência contra mulheres, negros, indígenas e comunidade LGBTQI+

Carinne Souza*
postado em 17/02/2021 15:55
 (crédito: CNBB/Divulgação)
(crédito: CNBB/Divulgação)

A quinta Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) foi iniciada nesta quarta-feira (17/2). O evento de abertura deste ano ocorreu em formato on-line e com um vídeo de divulgação do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). O evento promovido pelo Conselho Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é realizado, em média, a cada cinco anos e o tema em 2021 é "Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor".

O evento on-line ocorreu às 10h desta Quarta-Feira de Cinzas, dia que se inicia a quaresma na comunidade católica. De acordo com o bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, a opção pelo evento virtual teve o intuito de "evitar aglomerações nesse momento em que a pandemia assume números que nos assustam".

Focada na solidariedade, diálogo e amor ao próximo, a campanha deste ano também identificou objetivos específicos a serem colocados em prática durante o período da Quaresma. Entre eles, denunciar a violência contra as pessoas e povos, especialmente, daqueles que usam o nome de Cristo e promover a conversão da cultura do amor entre as pessoas. Além disso, a agressão contra mulheres, negros, indígenas e a comunidade LGBTQI+ e a "negação da ciência" foram pontos criticados pela campanha deste ano.

"Estes homicídios são efeitos do discurso de ódio, do fundamentalismo religioso, de vozes contra o reconhecimento dos direitos das populações LGBTQI+ e de outros grupos perseguidos e vulneráveis", diz texto da Campanha da Fraternidade. O documento ainda ressalta que "Jesus questionou essas estruturas de poder e desigualdade. As pessoas não poderiam ser descartadas e sofrer as consequências para a manutenção de um poder segregador".

O papa Francisco também enviou uma mensagem ao Conselho, na qual ressalta a importância da campanha e do tempo de reflexão proposto pela quaresma. "Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida", disse o pontífice na mensagem.

O lema da CFE de 2021 foi extraído da carta de São Paulo aos Efésios e diz que “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, e propõe cristãos e pessoas de boa vontade do país e de todas as igrejas a pensar, avaliar e identificar caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual. Tudo isso através do diálogo amoroso e do testemunho da unidade na diversidade, inspirados e inspirados no amor de Cristo.

O bispo Dom Joel Portela ainda explicou que o tema do diálogo é uma continuidade da campanha de 2020, sobre cuidado mútuo entre as pessoas, e não se trata de “querer que todos pensem do mesmo modo”, mas de perceber que a diferença é convite ao diálogo. “Perplexas pela pandemia, as igrejas que compõem o Conic e algumas igrejas observadoras uniram-se e identificaram nesse tema a mensagem que o nosso tempo necessita. É triste ver que nosso tempo vem apresentando a marca da radicalização, da polarização e desrespeito às pessoas, em especial às mais simples e vulnerabilizadas”, disse.

Doações

A Campanha da Fraternidade também organiza a Coleta Nacional da Solidariedade, realizada no Domingo de Ramos nas comunidades católicas de todo o Brasil. Os recursos são destinados aos Fundos Diocesanos e Nacional da Solidariedade, os quais apoiam projetos sociais relacionados à temática da campanha. Em 2019, o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) distribuiu a quantia de R$3.814.139,81, atendendo a mais de 230 projetos. Em 2020, por causa da pandemia, não houve arrecadação.

*Estagiária sob a supervisão de Fernando Jordão

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