O Brasil alcançou, ontem, a marca de mais de 10 milhões de infectados pelo novo coronavírus — exatamente 10.030.626, conforme divulgado pelo site do Ministério da Saúde. Entre a quarta-feira e ontem, houve mais 51.879 registros de pessoas que contraíram a covid-19. As mortes provocadas pela doença também não dão sinal de trégua: 243.457 no acumulado, sendo que nas últimas 24h foram 1.367 óbitos. Ao mesmo tempo, a vacinação avança a passos lentos, com registros de cidades em várias regiões do país sendo obrigadas a interromper o programa de imunização por não terem mais doses a oferecer à população
Os infectologistas são enfáticos ao dizerem que, passado o carnaval, no qual se flagraram inúmeras festas clandestinas –– que reuniram pessoas nada preocupadas com as medidas de proteção contra a covid-19 ––, a tendência é de que os números de casos e de mortes voltem a ter uma arrancada semelhante à que se verificou na virada do ano, quando, apesar das recomendações dos especialistas para que se mantivesse o distanciamento social, ocorreu o contrário.
Por conta do recrudescimento da transmissão, os secretários estaduais de Fazenda reivindicam mais recursos ao governo federal para conseguir atender à população. Em uma carta enviada, ontem, aos ministérios da Saúde e da Economia, os gestores argumentaram que a verba é necessária para custear leitos de UTI, além da rede de vigilância e monitoramento em um momento em que, segundo o documento, houve redução nos investimentos.
“Durante a primeira onda, foi possível mobilizar estruturas existentes para atender à demanda da pandemia. A partir da segunda onda, essa estratégia não é viável, posto que condições preexistentes voltaram a crescer e coexistem com uma quádrupla carga de doenças: covid-19, causas externas, doenças crônicas degenerativas e outras doenças infectocontagiosas e metabólicas/nutricionais conhecidas”, justificou o documento dos secretários.
Recursos extras
O Ministério da Saúde tem alegado que, de R$ 41,7 bilhões previstos para assistência às unidades da Federação, R$ 24 bilhões ainda estavam parados e, por isso, permitiu que um percentual maior dos recursos fossem empregados na manutenção dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). No entanto, os secretários de Fazenda alegam que os aportes recebidos no final do ano são insuficientes para financiar a rede.
A carta é assinada pelo presidente do Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz) e gestor da pasta no Piauí, Rafael Fonteles, e por outros 25 secretários estaduais de Fazenda, com exceção de Roraima. O documento reforça o pedido feito pelo governador João Doria, que vem reivindicando mais verba federal para gerir os leitos de UTI.
Nas últimas semanas, o governo de São Paulo acusou o federal de ter desabilitado 3.258 leitos de UTI destinados a pacientes com covid-19 no estado. Por isso, ajuizou uma ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o Ministério da Saúde volte a habilitar os leitos que deixaram de ser pagos pela pasta em dezembro.
O tema voltará a ser debatido, hoje, na reunião com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que contará com a presença do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi
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Análise sobre saúde mental
Estudo divulgado, ontem, pela divisão Health+Life, da agência SA365, identificou uma maior preocupação dos brasileiros com a saúde mental durante a pandemia do novo coronavírus. De acordo com o levantamento, a busca na internet por assuntos relacionados às palavras “ansiedade”, “depressão” e “suicídio” apresentaram recorde de pesquisa, no período entre abril e julho de 2020. Além disso, a hashtag com a frase “saúde mental” foi usada mais de 4,4 milhões de vezes nas redes sociais no Brasil e em Portugal.
Na escala Google, a busca por “ansiedade” mostrou um aumento de 94 mil pontos na comparação com 2019. A palavra vinha associada às formas de identificar a doença e métodos para “aliviar os sintomas”. Manifestações parecidas com a covid-19, como falta de ar e pressão alta, podem ter influenciado no resultado.
O intuito do levantamento é o de mostrar o que vem sendo discutido nas mídias digitais durante a crise sanitária e, para isso, se baseou em um estudo etnográfico, que utiliza redes sociais como Instagram, Twitter, Facebook, sites e blogues para coletar informações. (CS)
Defensor do choque na saúde
Médico psiquiatra e defensor da terapia com eletrochoque, Rafael Bernardon Ribeiro foi nomeado para assumir a coordenação-geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde. A nomeação foi assinada pelo ministro Eduardo Pazuello e publicada, ontem, no Diário Oficial da União (DOU). O setor faz parte do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde.
Bernardon é um dos responsáveis pelo site SOS Psiquiatria, que informa, por meio de artigos, diferentes tratamentos psiquiátricos, entre eles, a chamada eletroconvulsoterapia (ECT). A terapia é regulamentada no Brasil pela resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Em 2013, Bernardon era chefe de serviço de eletrochoque e eletroconvulsoterapia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Atualmente, de acordo com o Currículo Lattes, ele é diretor técnico do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Universidade Federal de São Paulo (Univesp).
Entre as especialidades, Bernardon atua na área de políticas públicas em saúde mental, gestão pública, psiquiatria forense e psiquiatria geral do adulto. Ele já foi coordenador-adjunto da área em que, agora, assume interinamente.
Segundo o texto do SOS Psiquiatria, a ECT surgiu como tratamento para pacientes psiquiátricos em 1934, sofrendo modificações ao longo das décadas. “O uso de modernos aparelhos que operam a pulsos breves e ultrabreves permite o ajuste do estímulo elétrico aplicado a cada paciente, com a mesma eficácia”, defende o texto explicativo.
Polêmica
Ainda de acordo com o site, o tratamento é indicado para pessoas com transtornos afetivos graves, com risco de suicídio, catatonia, impossibilidade ou intolerância ao uso de medicamentos (em gestação e pacientes idosos), pós-síndrome neuroléptica maligna, psicoses refratárias, Parkinson e casos refratários em geral.
A metodologia, porém, foi duramente rejeitada por Nise da Silveira, reconhecida internacionalmente como um dos grandes nomes da psiquiatria e da terapia ocupacional, mas numa época em que o tratamento estava associado a condutas agressivas e desumanizadas. Ela denunciou eletrochoques, confinamentos em casas psiquiátricas e uso de camisas de força.
Segundo a psiquiatra e presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília, Renata Nayara Figueiredo, o termo eletrochoque tornou-se inadequado pela associação com a tortura, em virtude de relatos de uso indevido. “O que foi usado como tortura é eletrochoque e não eletroconvulsoterapia. Feito em qualquer pessoa com objetivo de punir e não em pacientes com o objetivo de tratar”, salientou.
A médica observou que a ECT precisa de supervisão do anestesista, do psiquiatra e da equipe de enfermagem, e em ambiente hospitalar. “É uma terapêutica rápida, segura e eficaz. O paciente não sente qualquer desconforto do estímulo elétrico”, observou. (BL)
Belo é solto e causa nova aglomeração
O desembargador Milton Fernandes de Souza concedeu habeas corpus ao cantor Belo, que foi preso, na última quarta-feira, por causa de um show clandestino, que reuniu centenas de pessoas em uma escola pública na favela Parque União, no Complexo da Maré, dominado por uma facção de traficantes no Rio de Janeiro. Segundo a polícia, ele e dois produtores violaram um decreto municipal que proibiu aglomerações no carnaval, e contribuíram com a disseminação do coronavírus. Na saída do sistema prisional de Benfica, na Zona Norte da cidade, ontem de manhã, nova aglomeração de fans e apoiadores. À tarde, postou um vídeo nas suas redes sociais chorando e dizendo: “Grito em silêncio. Gratidão a todos. Deus é maior. Justiça!”