Após a farmacêutica Merck, inventora da ivermectina, afirmar que não existem dados para apontar a eficácia da medicação contra a covid-19, a fabricante do remédio no Brasil, Vitamedic, divulgou uma nota dizendo que, desde o início da pandemia, “a Ivermectina passou a ser uma das alternativas para tratamento precoce da doença, especialmente quando estudos clínicos in vitro realizados pela University Monash, de Melbourne, Austrália, apontaram a ação antiviral do medicamento”.
“Por ser um medicamento de largo uso pela população para tratamento de pediculose, verminose e filariose, e de baixo impacto em termos de efeitos colaterais, grande parte da comunidade médica aderiu aos protocolos de tratamento baseados em Ivermectina, Azitromicina, além de complexos vitamínicos, corticoides etc”, pontuou.
A nota da Vitamedic é de 5 de fevereiro, um dia depois de a Merck ter emitido comunicado dizendo que não há base científica para afirmar que o medicamento tenha efeito contra a doença, tampouco evidências significativas de eficácia clínica em pacientes com a covid-19. A Merck pontuou que existe uma “preocupante falta de dados de segurança na maior parte dos estudos” relativos ao uso do medicamento contra a doença causada pelo novo coronavírus.
“A empresa não acredita que os dados disponíveis suportem a segurança e eficácia da ivermectina além das doses e populações indicadas nas informações de prescrição aprovadas pela agência reguladora”, informou a Merck no comunicado.
A ivermectina é usada no tratamento de infecções causadas por parasitas, como piolhos. Entretanto, durante a pandemia, o governo federal, especialmente na figura do presidente Jair Bolsonaro, tem indicado o uso do remédio contra a doença, como um “tratamento precoce”. Especialistas apontam, entretanto, que não há tratamento precoce contra covid-19.
Ainda em nota, a Vitamedic afirmou que “comprovada segurança oferecida ao uso da Ivermectina e mais dezenas de outros estudos desenvolvidos ao redor do mundo, especialmente nos Estados Unidos, Inglaterra, Egito, Argentina, Eslováquia, Peru, México, entre outros, deram ainda mais segurança e argumentos à comunidade médica, instituições de saúde pública e privada para incluir a ivermectina nos protocolos de combate à doença”.
O comunicado da Vitamedic é assinado pelo diretor-superintendente da fabricante, Jailton Batista, que diz ainda que “o crescimento do mercado da ivermectina, um produto de baixo custo e terapeuticamente de baixo risco, naturalmente, incomoda e pode ser o motivador de campanhas contra na mídia, especialmente provocadas por empresas que têm interesse em lançar produtos patenteados de alto custo para a mesma doença”.
Confira a nota oficial divulgada pela Vitamedic
"A VITAMEDIC INDUSTRIA FARMACÊUTICA, produtora da ivermectina no Brasil, esclarece que a declaração do grupo farmacêutico MERCK-MSD sobre a eficácia do medicamento Ivermectina no tratamento do COVID-19 reflete sua opinião isolada sobre o assunto. A empresa MERCK-MSD não é produtora de Ivermectiva para humanos no Brasil. Desconhece-se qualquer estudo pré-clinico que a empresa tenha realizado para sustentar suas afirmações quanto à ação terapêutica no contexto da pandemia do COVID-19. Contrariamente ao que diz a empresa MERCK, existem evidencias médicas e científicas ao redor do mundo demonstrando a ação antiviral do medicamento. Dezenas de estudos feitos em diversos países demonstram os benefícios do medicamento especialmente nas fases iniciais da doença, e, por essa razão, a comunidade médica internacional e também do Brasil passou a incluí-la nos protocolos de tratamento da COVID-19. Trata-se de um medicamento de baixo custo e de reduzido impacto em termos de efeitos adversos"
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