PANDEMIA

Cidades do interior ficam sem leitos para novos pacientes com covid-19

Com UTIs lotadas, municípios do interior do país não conseguem receber novos infectados pela doença e hospitais fazem filas de espera

Natália Bosco*
Carinne Souza*
postado em 19/02/2021 22:48 / atualizado em 19/02/2021 22:50
 (crédito: Breno Esaki/Agência Saúde)
(crédito: Breno Esaki/Agência Saúde)

Com o constante aumento no número de casos confirmados do novo coronavírus, cidades de pequeno e médio porte estão em alerta. Em todas as regiões do país há municípios com ocupação total dos leitos das unidades de tratamento intensivo (UTIs), o que causa sobrecarga no sistema de saúde, filas de espera por leitos e desgaste dos profissionais que atuam na linha de frente do combate à covid-19.

Especialistas apontam que a situação piorou com o surgimento de novas cepas do coronavírus no país. Também é esperado que entre 15 e 20 dias o número de contágio suba consideravelmente como efeito das celebrações clandestinas de Carnaval. 

O estado de Minas Gerais exemplifica bem. No norte do Triângulo Mineiro, dos 254 leitos, 235 estão ocupados, uma taxa de 92,5%. A cidade de Uberlândia, que integra a regional, conta com 222 pacientes internados em UTIs, um total de 95% da capacidade total de atendimento do município.

Em Monte Carmelo, o único hospital para tratamento da covid-19 está há mais de um mês com 100% de ocupação da UTI, que tem um total de 16 leitos. No dia 13 de fevereiro, o prefeito da cidade mineira, Paulo Rodrigues Rocha (PSD), publicou um vídeo em suas redes sociais em que pedia a doação de cilindros de oxigênio, uma vez que a atual preocupação do município é a falta do insumo para os pacientes internados. Além disso, o município enfrenta falta de profissionais.

No último fim de semana, cinco pessoas foram transferidas de Coromandel e quatro de Monte Carmelo para hospitais da cidade de Divinópolis, Centro-Oeste do estado, para desafogar o sistema de saúde dessas regiões.

São Paulo

No interior do estado de São Paulo a situação também é crítica. Araraquara, Jaú, Valinhos e Botucatu estão há dias com todos os leitos de UTI ocupados. Vale lembrar que Araraquara foi exemplo de combate e prevenção à covid-19 na primeira fase da pandemia, no ano passado. Contudo, com as novas variantes do vírus, a situação em diversos municípios piorou bastante.

Em Jaú, foram abertos 30 novos leitos de enfermaria para pacientes contaminados pelo novo coronavírus, mas as filas de espera continuam. Araraquara e Valinhos, por sua vez, estão há, pelo menos, quatro dias consecutivos com as UTIs lotadas. Em Valinhos, a prefeitura passou a usar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para estabilizar pacientes com a doença até a abertura de vagas hospitalares.

Goiás

Em Goiás a situação também é dramática. A cidade de Ceres, no norte do estado, atende a quatro municípios vizinhos e já está em sua capacidade máxima de operação dos leitos. Com cerca de 22 mil habitantes, a cidade protestava, no início da semana, por mais transparência na vacinação. Cargos fantasmas chegaram a ser criados em hospitais da cidade para se furar fila e receber o imunizante.

No Paraná, o Hospital Universitário da região de Maringá também apresenta taxa de ocupação de 100% da UTI, mesmo com a ampliação de leitos. No Rio Grande do Sul, as cidades de São Leopoldo, Gravataí e Gramado registram superlotação.

Em Ponta Porã, município do interior do Mato Grosso do Sul, não há mais leitos disponíveis e a equipe médica do hospital local também acelera altas de pacientes menos graves para abrir vaga para outros doentes.

No Ceará, hospitais de Juazeiro do Norte estão lotados e recorrem até a instituições privadas de municípios vizinhos para transferir doentes. Médicos temem que a demanda crescente leve todo o sistema ao colapso.

*Estagiárias sob a supervisão de Andreia Castro

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