Coronavírus

Transmissão em disparada

Estudo feito em conjunto entre o Imperial College e a USP mostra que índice subiu de 1,03 para 1,13 de uma semana para outra. Cepa amazonense já é classificada como "variante de preocupação" e pode escapar à imunização

Fernanda Strickland
Natália Bosco*
postado em 02/03/2021 22:48
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Estudo feito pelo Imperial College, de Londres, mostra que a taxa de transmissão da covid-19 no Brasil teve uma alta expressiva. O levantamento, divulgado ontem, compara os dados recolhidos pela instituição, na semana passada, e aponta que o Rt — índice que mede o avanço do novo coronavírus —, saltou dos 1,02 e 1,03, apresentado em dias anteriores, para 1,13.

O estudo, desenvolvido em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), cita a variante amazonense, a P.1, e diz que análises estatísticas do genoma sugerem que, provavelmente, a linhagem tem circulado naquele estado desde novembro. A variante já foi identificada em mais de 20 países, incluindo o Reino Unido.

A cepa do Amazonas é classificada como uma “variante de preocupação”, pois, à medida que vem circulando, já desenvolve várias alterações genéticas. Até agora, os pesquisadores detectaram 17 mutações na P.1, incluindo uma na chamada “proteína spike”, que é associada ao aumento da ligação do vírus à célula humana.

O estudo aponta que essa linhagem do vírus cresce rapidamente pelo Brasil e é, provavelmente, mais transmissível e pode ter a habilidade de escapar da imunidade protetora. “Os pesquisadores estimam que a P.1 é entre 1,4 e 2,2 vezes mais transmissível que linhagens de não variantes de preocupação. Além disso, eles estimam que a P.1 evita de 25% a 61% da imunidade protetora decorrente da infecção de variantes precedentes. A relação exata entre o aumento da transmissibilidade e a evasão da imunidade não é conhecida atualmente”, salientou o documento elaborado pelo Imperial College.

A equipe do estudo observa, ainda, que a vigilância próxima das variantes preocupantes do novo coronavírus, que podem exibir maior transmissibilidade e evasão imunológica, é crítica para acelerar a capacidade de resposta à pandemia.

Perfil imunológico

Um experimento que começa a ser desenvolvido na cidade de Ourinhos (SP) poderá identificar de forma mais rápida o perfil imunológico de pessoas que foram contaminadas com covid-19 ou já vacinadas, o que abre a possibilidade de avaliar se precisarão ser novamente imunizadas. Essa é uma das expectativas do projeto da Universidade do Nebraska e do Imperial College — que, no Brasil, conta com a parceria da Unesp de Botucatu (SP) — para testar um novo dispositivo que funciona como um laboratório portátil de resultado em cinco minutos.

Ele é capaz de fornecer, entre outras informações, não somente se a pessoa tem anticorpos contra o novo coronavírus, mas quantos e se ainda são protetores, o que pode ajudar a traçar seu perfil imunológico e identificar sua eventual vulnerabilidade a novas cepas. O equipamento mede diferentes parâmetros moleculares em apenas uma gota de sangue de um furinho no dedo. Não há necessidade de mandar o material para um laboratório. A leitura dos resultados pode ser feita com um aparelho celular.

* Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi

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