Com agravamento da pandemia de covid-19, praticamente todos os estados adotaram medidas para aumentar o distanciamento social. De norte a sul do país, cidades e estados aplicaram novas medidas de lockdown para frear o crescimento de casos e evitar novos colapsos no sistema de saúde.
José David Urbaéz, diretor científico da Sociedade de Infectologia do DF, explicou que esse aumento vem desde outubro. “Na realidade, nunca tivemos uma circulação do vírus baixa; sempre mantivemos alta circulações virais. Se você tem altas circulações virais e flexibiliza de forma indiscriminada a abertura de todas as atividades, você incita a população a circular intensamente. E você não tem nenhum tipo de controle. Nós começamos, com altíssima circulação viral, a deixar que as pessoas se mobilizassen quase que normalmente, quase que sem nenhuma medida além de máscaras, distanciamento e higiene das mãos”, disse.
De outubro de 2020 a fevereiro de 2021 houve eleições municipais, Enem, festas de fim de ano, carnaval— tudo isso com uma atividade econômica extremamente estimulada —, comentou o infectologista. “O vírus são as pessoas se movimentando, não tem outra saída. Aí você diz, 'Ah posso usar máscara e ficar distante'. As pessoas foram viajar, fizeram festas, reuniram-se em casa. Houve aglomerações também em reuniões de amigos, até shows. Os cinemas e academias estavam funcionando e restaurante sem ventilação adequada. Então, partindo de uma alta, você tem uma enorme onda de casos”, observou Urbáez.
O Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou a série histórica de 17 mapas, que mostra o agravamento da pandemia em todo o país. O último levantamento publicado mostra 18 estados mais o Distrito Federal com mais de 80% dos leitos ocupados. É a primeira vez que mais de 13 estados atingem essa zona crítica.
“Como podemos observar na sequência de 17 mapas, mesmo no período entre a segunda metade de julho e o mês de agosto de 2020, quando foram registrados os maiores números de casos e óbitos, não tivemos um cenário como o atual, com a maioria dos estados e o Distrito Federal na zona de alerta crítica”, informou a Fiocruz, em nota.
Entre julho e agosto do ano passado, período considerado o primeiro pico da pandemia no Brasil, o número máximo de estados que tiveram mais de 80% dos leitos de UTI ocupados foi três. Desde julho de 2020, os pesquisadores da Fiocruz publicam boletins quinzenais monitorando quatro indicadores básicos, entre eles a taxa de ocupação de leitos UTI covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS).
Estados com taxa de ocupação igual ou superior a 80% são classificados dentro da zona de alerta crítica (vermelho); com a taxa igual ou superior a 60% e inferior a 80%, são classificados dentro da zona de alerta intermediária (amarelo); já as unidades federativas com taxa inferior a 60% estão fora de zona de alerta (verde).
* Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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