CB.Poder

Desenvolvimento de pesquisas de clima é essencial na Antártida

Segundo o contra-almirante Antonio Cesar da Rocha Martins, conhecer a dinâmica das frentes frias que se originam no continente antártico é fundamental, por exemplo, para a previsão meteorológica, a produção agrícola e as ações da Defesa Civil

*Fernanda Strickland
postado em 11/03/2021 06:00
 (crédito: Andre Rosa/TV Brasília)
(crédito: Andre Rosa/TV Brasília)

Em entrevista do programa CB.Poder, parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, o contra-almirante Antonio Cesar da Rocha Martins, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), relatou a importância de desenvolver pesquisas relativas ao clima na Antártida. Segundo o militar, conhecer a dinâmica das frentes frias que se originam no continente antártico é fundamental, por exemplo, para a previsão meteorológica, a produção agrícola e as ações da Defesa Civil.

Por que a Antártida é importante para o clima?

A principal conexão da Antártida com o país é o clima. As massas de ar frio, que atingem o território nacional, são originadas na Antártida. Em torno da Antártida tem uma área, uma franja, onde se originam as frentes frias que vêm ao Brasil. Então conhecer essa dinâmica nos auxilia a melhorar os nossos modelos de previsão meteorológica, com todos os benefícios que isso tem no país – em termos de previsão de plantio, previsão de colheita, atuação da Defesa Civil, preparação para eventos climáticos extremos. O conhecimento dessa dinâmica é fundamental para a própria segurança do país.

Como foi o projeto antártico em 2020?

Foi um ano atípico, que, com a pandemia, nos impôs uma série de restrições. Não houve nenhuma atividade de pesquisa em campo durante este verão na Antártida. Não tivemos pesquisas de campo, mas mantivemos a coleta remota de dados, por todos os dados que eram possíveis ter, por meio de sensores que já estavam lá instalados e foram mantidos. Assim, os pesquisadores aqui no Brasil continuaram a ser alimentados por dados de forma remota. Então, a pesquisa não parou.

Como está a reconstrução da base brasileira, após a destruição de 2012?

A nossa base hoje está concluída. Com laboratórios mobiliados, equipamentos necessários para a pesquisa científica. Toda a reconstrução da base ficou em torno de US$ 100 milhões. Hoje a nossa base talvez seja a mais moderna que tem na Antártida, neste ano ganhou dois prêmios de arquitetura. É um projeto fantástico, ele dá mobilidade, oferece a estrutura necessária para o pesquisador. Na base de custo, para mobilizar os laboratórios, gastamos uma faixa de milhões de reais.

Além da Antártida, outra atribuição da comissão interministerial é a Amazônia Azul. Por que o Brasil precisa prestar atenção a esse espaço vital?

Aparentemente o Brasil está de costas para o mar, sendo um pouco dramático. Mas não percebemos o quanto o mar é importante para o Brasil. E uma das nossas tarefas na comissão é desenvolver a concepção do brasileiro por esse mar. Normalmente, para atividade de pesquisa visam um maior conhecimento do ambiente marinho para a população nacional, assim como, no fomento, às atividades econômicas sustentáveis no mar. Existe aquela mística de que a Amazônia é o pulmão do mundo. Sim, ela tem sua importância ecológica fantástica. Mas, em termos de produção de oxigênio, é o oceano. Em média, mais da metade do oxigênio que respiramos é produzido no mar. Outra função importantíssima: o mar é um grande retentor de carbono. Mais de um terço do CO² produzido pelo ser humano e jogado na atmosfera é absorvido pelo oceano.

Confira a íntegra da entrevista:

 

 

*Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação