Em 48 horas, o Brasil passou de 4,5 mil mortes causadas pela covid-19. Conforme dados coletados pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), reproduzidos pelo Ministério da Saúde, de terça para quarta-feira, o país somou 2.286. Ontem, foram mais 2.233, totalizando 4.519 vidas perdidas. Essa quantidade de mortos se aproxima da 20ª semana epidemiológica, registrada entre 10 e 16 de maio de 2020, quando o país computou 5.006 vítimas do novo coronavírus. Também fica perto do total geral de mortes em 27 de abril do ano passado, quando o país acumulava 4.554 óbitos desde o primeiro registro, em 17 de março.
De acordo com o painel do Conass, atualmente o Brasil tem 272.889 vidas perdidas para a covid-19. A quantidade de casos é de 11.277.717, sendo que, nas últimas 24 horas, foram 75.412 registros. A taxa de letalidade no Brasil está em 2,4% e a de mortalidade está em 129,9 para 100 mil habitantes.
Apesar desses números dramáticos, somente ontem o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, entregou o plano atualizado de vacinação e com a quinta redução seguida no número de doses. De acordo com o cronograma passado aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) — que cobraram os números, em ofício remetido à pasta na última terça-feira —, serão 201,9 milhões de injeções a serem entregues ainda no primeiro semestre deste ano.
No documento, Pazuello lista os imunizantes com os quais há acordo de compra e aqueles cujos contratos estão em andamento. Para este mês, a previsão é de 30 milhões de vacinas, que incluem: 3,8 milhões a serem entregues pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); 2,9 milhões pelo Covax Facility, consórcio adminsitrado pela Organização Mundial da Saúde (OMS); e as demais em entregas semanais pelo Instituto Butantan.
No documento remetido a Pacheco e Lira, Pazuello cita as negociações em andamento com a Pfizer, que reproduz a vacina desenvolvida pela empresa alemã BioNTech. Da mesma forma, aponta contratos não firmados com a Sputnik V, a ser reproduzida no Brasil pela União Química, e com a da Janssen, da Johnson & Johnson. Estão sendo negociados 10 milhões de doses do imunizante russo ainda para o primeiro semestre e 38 milhões do americano, mas para o segundo semestre de 2021.
O ministro ainda afirmou no documento que não há atraso no cronograma, mas lista “possíveis impasses nas entregas”. Mesmo assim, a quantidade de doses vem recuando gradativamente: caiu de 46 milhões de doses, em fevereiro, para algo entre 22 milhões e 25 milhões, conforme disse na última terça-feira.
* Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi
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São Paulo aumenta restrições
O governo de São Paulo anunciou, ontem, medidas mais duras para frear o avanço da covid-19 e tentar reduzir a lotação dos leitos de UTI no estado. A expectativa é ampliar para 50% o índice de isolamento social com medidas voltadas para diminuir a circulação de cerca de 4 milhões de pessoas no interior e na capital.
Entre as principais determinações da chamada fase emergencial, válida a partir de segunda-feira até 30 de março, está o toque de recolher entre 20h e 5h e a proibição completa de qualquer aglomeração, independentemente do horário. Celebrações religiosas coletivas — que haviam sido permitidas dia 1º — voltam a ser impedidas. O mesmo vale para partidas de futebol e eventos esportivos, suspensos a partir do começo da próxima semana.
Passam a ter restrição completa os serviços de retirada no modelo “take away” em todos os setores. Lojas de materiais de construção, que até a fase vermelha estavam possibilitadas de funcionar, ficarão fechadas. Atividades administrativas não essenciais, como escritórios e órgãos públicos, deverão funcionar exclusivamente no modelo de teletrabalho.
Estão permitidos os serviços de drive-thru, entre 5h e 20h, e delivery, pelo período de 24h, tanto para restaurantes quanto para outros estabelecimentos comerciais. Farmácias, super e minimercados também não sofreram alteração de funcionamento nesta nova fase.
Escalonamento
Nos setores que não sofreram alterações, o governo sugere também a adoção de horários de entrada escalonados. A indicação é de que trabalhadores do setor da indústria entrem das 5h às 7h; em seguida, o de serviços, das 7h às 9h; e, por último, os funcionários do comércio, das 9h às 11h.
De acordo com o governo estadual, serão atingidos pelas medidas os setores de comércio, administração pública, alimentação, transporte, educação, supermercado e similares, hotelaria, esportes, telecomunicações, entre outros. O governador João Doria reforçou que as medidas não se tratam de um lockdown. “Esta é a última das medidas”, explicou, durante o anúncio das novas determinações do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
O governo estadual justifica o recrudescimento devido ao crescimento recorde dos índices epidemiológicos do novo coronavírus. Segundo o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, o número de pacientes internados é 47% maior do que o pico da primeira onda, registrado em julho do ano passado.
Enquanto isso, no estado do Rio de Janeiro — cuja gestão foi criticada por Doria por não adotar medidas duras contra a covid-19 —, a prefeitura da capital prorrogou as restrições na cidade até o dia 22. As taxas de ocupação dos leitos de UTI e de enfermaria estão em torno de 80% no município.
O que existe e o que está por vir
Acordos fechados
Fundação Oswaldo Cruz (vacina Covishield)
» Janeiro: 2 milhões
» Fevereiro: 2 milhões
» Março: 3,8 milhões
» Abril: 2 milhões (importadas da Índia) + 30 milhões (produção nacional com IFA importado)
» Maio: 2 milhões (importadas da Índia) + 25 milhões (produção nacional com IFA importado)
» Junho: 2 milhões (importadas da Índia) + 25 milhões (produção nacional com IFA importado)
» Julho: 2 milhões (importadas da Índia) + 16,6 milhões (produção nacional com IFA importado)
* Com as entregas de julho, são 112 milhões de doses disponibilizadas pelo Ministério da Saúde.
** A partir do segundo semestre, com a incorporação da tecnologia da produção do insumo básico (IFA), a Fiocruz deverá entregar mais 110 milhões de doses 100% nacionais.
Fundação Butantan (vacina Coronavac)
» Janeiro: 8,7 milhões
» Fevereiro: 4,2 milhões
» Março: 23,3 milhões
» Abril: 15,7 milhões
» Maio: 6 milhões
» Junho: 6 milhões
» Julho: 13,5 milhões
* Até setembro, devem ser entregues os demais lotes, totalizando os
100 milhões contratados pelo Ministério da Saúde.
Covax Facility (consórcio da OMS)
» Março: 2,9 milhões (Covishield importada da Coreia do Sul)
» Até maio: 6,1 milhões (Covishield importada da Coreia do Su)
» Até dezembro, devem ser entregues os demais lotes, totalizando os
42,5 milhões contratados pelo Ministério da Saúde.
» Ainda no primeiro semestre de 2021: 20 milhões de doses (Covaxin importada da Índia)
Acordos em andamento
União Química (vacina Sputnik V)
» Abril: 400 mil (importadas da Rússia)
» Maio: 2 milhões (importadas da Rússia)
» Junho: 7,6 milhões (importadas da Rússia)
* Com a incorporação da tecnologia da produção do IFA, a partir da aprovação da Anvisa, a União Química deverá produzir no Brasil 8 milhões de doses por mês.
Pfizer/BioNTech
» A partir do segundo trimestre de 2021: 100 milhões de doses
Johnson & Johnson (Janssen)
» Entre julho e setembro: 16,9 milhões de doses
» Entre outubro e dezembro: 21,1 milhões de doses
Dias: 40 mil à espera de UTI
Em audiência na comissão temporária do Senado que acompanha as ações contra a covid-19, ontem, o governador do Piauí, Wellington Dias, afirmou que entre 30 mil e 40 mil pessoas estão, atualmente, à espera por um leito em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e também leitos clínicos para tratamento contra a covid-19. Coordenador do grupo sobre vacinas do Fórum de Governadores, ele acrescentou que a rede hospitalar está em “colapso nacional”. De acordo com o painel do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Brasil alcançou 2.233 mortes entre quarta-feira e ontem.
“Há, neste instante, uma fila gigante. Estou falando de milhares mesmo, algo como 30 mil, 40 mil pessoas em todas as filas hospitalares por vaga de UTI e, em alguns lugares, também leito clínico. Ou seja, há gente morrendo sem respirador. Neste instante, estamos dentro de um colapso nacional na rede hospitalar. Nós não vamos para lá; nós já estamos”, alertou.
A observação de Dias é referendada pelos relatos diários dos governos estaduais em atender casos graves da covid-19. Ontem, ao anunciar novas medidas restritivas, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que 53 municípios do estado não têm mais leitos de UTI disponíveis. Mato Grosso anunciou, ontem, que hospitais das redes pública e privada estão com 100% de ocupação. De acordo com boletim extraordinário da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado na última terça-feira, das 27 capitais, 25 estão com índices de ocupação das unidades de terapia intensiva para adultos superiores a 80% — e, dessas, 15 estão com ocupação acima de 90%.
Com o Brasil está no epicentro da crise sanitária mundial, os governadores buscam estratégias para acelerar a vacinação, com a meta de alcançar 70% da população até julho. Um dos caminhos apontados é empreender um esforço diplomático para garantir um “tratamento diferenciado” ao país.“Vamos ter a necessidade de ter um cronograma para, até julho, vacinarmos 70% ou mais da população. Por quê? Porque, segundo a ciência, gera-se aí uma imunidade mais geral. O objetivo é manter a regra do plano estratégico nacional de imunização”, disse Dias.
Ação legislativa
Ao elogiar a atuação do Congresso na aprovação de marcos legais que facilitam a aquisição de vacinas, o governador do Piauí afirmou que Senado e Câmara também podem contribuir para sensibilizar outros países a liberarem vacinas mais rapidamente para o Brasil. Com as novas variantes em circulação e mais de 2 mil mortes por dia, ele acredita que o país precisa de um tratamento diferenciado.“No mundo, hoje, do coronavírus, se nós somos colocados como um risco por conta das variantes, da propagação de variantes para o mundo, então, queremos um tratamento diferenciado”, explicou.