RJ deve ter "superferiadão"

A proposta foi discutida para evitar colapso e deverá ser anunciada hoje pelo governador em exercício, Cláudio Castro (PSC). Contudo, prefeitos do Rio, Eduardo Paes (DEM), e de Niterói, Axel Grael (PDT), divergem com Castro sobre as medidas e prometem novas regras

Correio Braziliense
postado em 21/03/2021 23:42 / atualizado em 21/03/2021 23:43
 (crédito: GCMRJ/Divulgação)
(crédito: GCMRJ/Divulgação)

A exemplo da cidade de São Paulo, o estado do Rio de Janeiro também pretende ter um “superferiadão” de 10 dias a partir da próxima sexta-feira (26) até o domingo de Páscoa (4/4). O objetivo é reduzir a circulação de pessoas e evitar um colapso, diante do agravamento da pandemia no país. Até ontem, a covid-19 matou 294.042 brasileiros, conforme dados do Ministério da Saúde.

Na noite de domingo, foram registradas 1.290 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas. Ao todo, 11.998.233 casos foram confirmados, sendo 10.449.933 recuperados e 1.254.248 em acompanhamento, conforme o último boletim da pasta.

A proposta do “superferiadão” foi discutida, durante o fim de semana, em reuniões do governador em exercício, Cláudio Castro (PSC), com empresários, parlamentares, no sábado, e com os prefeitos do Rio, Eduardo Paes (DEM), e de Niterói, Axel Grael (PDT), no domingo. Os encontros ocorreram na residência oficial do Palácio Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. Contudo, Paes e Castro, ainda divergem sobre as medidas mais restritivas.

A reunião do governador com os prefeitos durou cerca de uma hora na manhã de ontem e Paes demonstrou estar muito irritado com o mandatário estadual. Na véspera, Castro fechou com empresários proposta de feriadão de 10 dias, que incluía comércio, shopping centers e bares abertos. Adeptos de ações mais drásticas para estancar a contaminação, os prefeitos se sentiram “emparedados” pela ação do Palácio Guanabara.

“Sinuca de bico” foi a expressão usada por Paes, na conversa com o governador, para a situação em que considerava se encontrar, com Axel, pela mobilização do mandatário junto com o empresariado. O clima foi de constrangimento.

Rio e São Paulo têm registrado dados críticos em relação à ocupação nos leitos dos hospitais e tanto ricos quanto pobres estão morrendo na fila por uma vaga nas UTIs, como mostrou o Correio ontem. Os riscos de falta de medicamentos e oxigênio nas UTIs são crescentes.

O ministro das Comunicações, Fabio Faria, postou em seu perfil nas redes sociais o plano do Ministério da Saúde para a distribuição de oxigênio, para vários estados, a partir de hoje até a primeira semana de abril.

Medidas duras
Após a reunião com Castro, Paes e Axel saíram sem dar entrevistas e convocaram para hoje, uma coletiva conjunta. A entrevista acontecerá após reunião dos dois prefeitos com seus respectivos comitês científicos. A expectativa é que anunciem um decreto conjunto com medidas mais duras de restrição de circulação, à revelia do governo estadual.

Na sexta-feira, os três governantes haviam se reunido sem consenso. Castro deve confirmar hoje a criação do feriadão. O período emendará a Semana Santa, antecipará os feriados de abril —Tiradentes (21) e São Jorge (23) —e criará três dias de folga.

Durante esses 10 dias será mantido toque de recolher das 23h às 5h. Mas bares e restaurantes poderão ficar abertos, embora só até as 21h e com redução de 50% no número de clientes. Shoppings e centros comerciais poderão funcionar das 12h às 20h, também com redução no acesso. As escolas públicas e estaduais ficarão fechadas, bem como as praias e as áreas de lazer da orla. Será mantida a oferta de transporte público. O objetivo é para evitar aglomerações.

Paes e Axel concordam com a criação do “superferiadão”, mas acham que essas medidas não são suficientes para deter a pandemia na Região Metropolitana do Rio. Nas últimas semanas, porém, a rápida ocupação das UTIs por pacientes com covid-19 na capital indicou que a doença se alastrava no município com velocidade maior do que antes.

Na noite de sábado, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 640 (94,25%) dos 679 leitos de UTI para pacientes com covid-19 na rede pública da capital estavam ocupados. Nas enfermarias, 558 (84,67%) das 659 vagas estavam preenchidas.

O estado de São Paulo, por sua vez, enfrentou a sua pior semana da pandemia do novo coronavírus ao registrar 3.449 novas mortes na 11ª Semana Epidemiológica, entre os dias 14 e 20 de março.A média móvel, de 493 mortes, foi recorde, conforme os dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde.

Orla fechada
O fim de semana no Rio amanheceu com as praias praticamente vazias. Na sexta-feira, o prefeito Eduardo Paes decretou o fechamento da orla.

De acordo com balanço da Guarda Municipal, cinco pessoas flagradas sem máscara foram conduzidas para delegacias entre o sábado e domingo. A prefeitura prevê multa para a falta de máscara e multa de R$ 112,48.

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