3.251 mortes em 24h

Óbitos pela covid-19 não param de subir e, segundo o Conass, há a possibilidade de o Brasil romper hoje a barreira de 300 mil vidas perdidas

» BRUNA LIMA » MARIA EDUARDA CARDIM
postado em 23/03/2021 23:45
 (crédito: Michael Dantas/AFP - 13/1/21 )
(crédito: Michael Dantas/AFP - 13/1/21 )

Considerado uma ameaça aos países vizinhos devido ao descontrole da transmissão do novo coronavírus, o Brasil se aproxima rapidamente da marca dos 300 mil mortos pela covid-19. Ontem, o balanço do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), reproduzido pelo Ministério da Saúde, registrou novo recorde de óbitos: 3.251 nas últimas 24 horas, totalizando 298.676 vidas perdidas desde o início da pandemia no país. O número mantém o Brasil, há 25 dias, como líder global nas atualizações das perdas causadas pelo novo coronavírus. De cada 10 mortes diárias no mundo, tr~es são do Brasil.

Com média móvel ascendente, a previsão é que o país encerre o dia de hoje ultrapassando as 300 mil mortes para a covid-19. De acordo com levantamento do Conass, a média de óbitos dos últimos sete dias está em 2.436. Caso o balanço registre 1,3 mil mortes, pouco mais da metade da média atual, o país romperá a marca nas próximas horas.

O novo recorde negativo foi registrado depois de o Brasil fechar a semana epidemiológica mais mortal da pandemia no Brasil. A 11ª semana somou 15.650 mortes, 22% a mais que a anterior, que era a recordista até o momento, e 103% superior à semana 30 de 2020 — quando o país alcançou 7.677 óbitos no pico da primeira onda. Segundo levantamento do Our World in Data, plataforma ligada à Universidade de Oxford, atualmente mais de 20% das mortes que ocorrem nos cinco continentes se concentram no Brasil, ainda que a população brasileira represente somente 2,7% da totalidade mundial.

O grande número de mortes era esperado, pois somente São Paulo, estado que concentra quase 23% dos óbitos, registrou 1.021 nas últimas 24 horas — o recorde no estado era de 679, 33% a menos do que a nova marca. Com os novos números, o estado acumula 68.623 vidas perdidas e 2.332.043 de casos da doença.

A atualização de casos, com números em rota de subida, é um indicativo de que a gravidade da pandemia ainda não chegou ao pico da nova onda. Mais 82.493 casos de covid-19 foram confirmados pelo Conass e pelo Ministério da Saúde, que soma 12.130.019 infecções registradas no balanço nacional. A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, demonstrou preocupação com a situação do Brasil, pois a disseminação do novo coronavírus no país continua crescendo “perigosamente” e afeta as nações vizinhas.

Enquanto os casos e óbitos aumentam no país, ela sugere que as medidas preventivas sejam seguidas pela população. “Os casos e óbitos estão aumentando e a ocupação dos leitos de UTI é muito alta em muitos estados. É fundamental que todos os brasileiros adotem as medidas preventivas que estão sendo implementadas para retardar a transmissão do vírus”, exortou.

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Menos 10 milhões de doses em abril

O Ministério da Saúde mudou, mais uma vez, o cronograma de entrega vacinas da covid-19 e espera, agora, receber aproximadamente 9 milhões de doses a menos em abril do imunizante Oxford/AstraZeneca envasado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo a sexta previsão apresentada pela pasta, o laboratório deve entregar, no próximo mês, 21,1 milhões de doses, em vez de 30 milhões. Mas essa quantidade pode ser ainda menor.

Isso porque, em sessão no Senado sobre o fornecimento de vacinas ao Programa Nacional de Imunização (PNI), a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, disse que as projeções que a Saúde apresentou tomam por base dados repassados pela fundação a partir de um cálculo de entrega de 1 milhão de doses por dia. “A chegada a esse patamar esbarrou em algumas questões. Primeiro, porque esse início sempre requer ajustes. Essa discrepância tem a ver com a chegada do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), que vem por etapas. Além disso, cada lote de vacina fica 20 dias em teste para avaliar a estabilidade e possibilidade de contaminação. Esta variação está ligada a esses fatores”, explicou.

Ela defendeu que o atual demonstrativo é “o mais próximo da realidade possível” e que a Fiocruz trabalha para acelerar a produção, o que, conforme disse, está sendo feito. O ministério, porém, manteve a nova previsão e, em nota, disse que “não é responsável pela redução no cronograma”.

No cronograma apresentado ontem, a Saúde também não deixa claro o total de doses esperadas em abril. Antes, previa a entrega de 57,1 milhões de vacinas para o mês, número que incluía, ainda, 1 milhão de unidades da Pfizer. Mas, agora, afirma que de abril a junho serão entregues 13,5 milhões de injeções desta farmacêutica, e não detalha o número previsto para o próximo mês.

Apesar da redução em abril, o ministério espera receber cerca de 100,4 milhões de doses da Oxford/AstraZeneca/Fiocruz no primeiro semestre de 2021. Prevê, também, a entrega de vacinas de empresas que sequer apresentaram dados exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso emergencial, como a Sputnik V (400 mil doses/mês) e a Covaxin (8 milhões/mês). Há dúvidas se a Índia liberará os 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, fabricadas pelo Instituto Serum, que o ministério espera receber também em abril. (Colaborou Pedro Ícaro, estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi)

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