O Brasil registrou, ontem, mais 3.438 óbitos por covid-19 nas últimas 24 horas, chegando a 310.550 mortes pela doença, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. A quantidade é a maior registrada em um sábado desde o início da pandemia. Com isso, a semana epidemiológica (de 21 de março até ontem) terminou com 17.798 óbitos, a mais letal de toda a pandemia.
Na semana epidemiológica anterior (14 a 20 de março), foram registradas 15.650 mortes.Os números de óbitos só têm aumentado desde o final de fevereiro, na semana epidemiológica 8 (21 a 27 de fevereiro), após as festas de fim de ano.
Também foram registrados ontem 85.948 novos casos de covid-19 em 24 horas, chegando a 12,490 milhões. São Paulo é o estado com a maior quantidade de óbitos, com 71.747, sendo que 1.051 foram registrados nas últimas 24 horas.
O país passa por uma onda de casos e mortes mais dramática do que em 2020, com números de mortes diárias ultrapassando os 3 mil, marca atingida pela primeira vez na última terça-feira (23), com 3.251 registros. Na sexta-feira passada, o Brasil bateu novo recorde, chegando a 3.650 mortes em 24 horas.
Enquanto isso, o processo de vacinação caminha a passos lentos. Segundo a plataforma Our World in Data, o país vacinou apenas 6,1% de sua população, enquanto países como Israel, Reino Unido e Chile, os três que mais vacinaram até o momento, já imunizaram 60,3%, 43,2% e 33,3% da sua população, respectivamente. Ontem, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que a pasta irá distribuir mais 11 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 entre os estados brasileiros na próxima semana.
“Elas já chegaram e vão ser distribuídas para os estados segundo os critérios do Programa Nacional de Imunização”, contou o ministro, em entrevista à GloboNews. Queiroga afirmou, na última semana, que a intenção é atingir a meta de imunizar 1 milhão de pessoas por dia no país, mas não deu uma data para o feito.
Ontem, ele voltou a falar sobre o assunto, dizendo que o país está próximo de atingir a meta. “Fizemos um compromisso de, no começo de abril, vacinar 1 milhão de brasileiros por dia. E essa meta está muito próxima de ser atingida. Ontem, vacinamos mais de 800 mil brasileiros. Isso mostra a força do programa nacional de imunizações”, contou o ministro, em vídeo compartilhado nas redes sociais.
Queiroga também pediu que os brasileiros usem a máscara de proteção e respeitem as medidas de distanciamento social exigidas pela pandemia de covid-19, inclusive no feriado da Semana Santa, na próxima semana.
“As máscaras ajudam a bloquear a circulação do vírus. Sabemos que muitas famílias brasileiras gostam de confraternizar, se juntar em casa, até mesmo por conta da tradição cristã. Mas façam isso usando máscara, resguardando o afastamento recomendado pelas autoridades sanitárias. É muito importante para todo o Brasil que consigamos aderir às recomendações das autoridades sanitárias. Cada um tem que saber do seu papel para pôr fim à pandemia”, pediu.
Guedes é vacinado no Mané Garrincha
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tomou a vacina contra a covid-19 ontem, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Segundo ministro do governo de Jair Bolsonaro a se vacinar, ele foi imunizado com a Coronavac, produzida pela chinesa Sinovac em parceria com o Butantan. Questionado sobre a sensação de estar imunizado contra a covid-19, Guedes disse: "Todo mundo acha que é bom, vamos nos vacinar". Guedes tem 71 anos e vem defendendo a vacinação como uma forma de controlar o avanço da pandemia e permitir o retorno seguro dos brasileiros ao trabalho. "Temos que vacinar todos os brasileiros. Temos quatro meses em que o auxílio vai estar funcionando para vacinar principalmente os invisíveis, que precisam ganhar o pão de cada dia", disse o ministro.
Registros disparam desde a 8ª semana
* Mortes por covid-19
7ª semana (14 a 20 de fevereiro): 7.445
8ª semana (21 a 27 de fevereiro): 8.244
9ª semana (28 de fevereiro a 6 de março): 10.104
10ª semana (7 a 13 de março): 12.777
11ª semana (14 a 20 de março): 15.650
12ª semana (21 a 27 de março): 17.798
* Casos registrados de covid-19
7ª semana: 329.394
8ª semana: 378.084
9ª semana: 421.604
10ª semana: 500.722
11ª semana: 510.901
12ª semana: 539.903
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MPF exige medidas para não faltar oxigênio
O Ministério Público Federal (MPF) enviou ao Ministério da Economia um ofício solicitando medidas urgentes em relação à produção e à disponibilidade de oxigênio medicinal, ao alertar que há situação de risco de desabastecimento do produto no sistema de Saúde. No documento, o órgão apontou que a situação está crítica em 13 estados: Acre, Rondônia, Mato Grosso, Amapá, Ceará, Rio Grande do Norte, Pará, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O MPF pediu, então, que a pasta informe sobre as medidas adotadas junto com o Ministério da Saúde e também perante o setor produtivo para resolver o risco de desabastecimento. O ofício foi assinado por procuradores da Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe na última quinta-feira (25), dando prazo de três dias para resposta.
O Ministério Público ressaltou a situação de falta de oxigênio em Manaus, em janeiro, quando pacientes morreram por asfixia em unidades de saúde devido à falta do insumo. Segundo o órgão, após reuniões realizadas na última semana com fabricantes e distribuidores de oxigênio no Brasil, há necessidade de adotar medidas de contingência, como o direcionamento da produção para o setor da Saúde.
O MPF pontuou que a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) informou que o oxigênio para pacientes com covid-19 está prestes a acabar em pelo menos 78 municípios, ressaltando que há diversas informações que indicam que “o crescimento acelerado da demanda por oxigênio medicinal pode não conseguir ser suprida pelas fabricantes.”
Escassez
Em reunião realizada entre o MPF, o Ministério Público do Trabalho e representantes da empresa White Martins (produtora de oxigênio), a empresa informou que foram realizadas diversas reuniões com o Ministério da Economia. Em uma delas, com a presença da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), foi solicitado ao ministério, em conjunto com o Ministério da Saúde, que fosse realizada “uma atuação junto ao setor produtivo industrial, a fim de adotar medidas para equacionamento do problema, nesse momento de escassez do produto e atingimento dos limites de produção, para que a indústria consiga disponibilizar maior quantidade de oxigênio medicinal líquido e abastecer o sistema de saúde”.
Em janeiro, o governo federal aumentou o imposto sobre a importação de cilindros de oxigênio duas semanas antes do colapso em Manaus. Além disso, o Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia de Covid-19 (Giac) do MPF enviou ao Ministério da Saúde quatro ofícios tratando da situação de desabastecimento de insumos, como oxigênio medicinal e remédios do chamado "kit intubação", no Rio Grande do Norte, Piauí, Pará e em Montes Claros (MG). O gabinete pediu ao ministro Marcelo Queiroga "a análise e adoção de providências urgentes para mitigar os problemas relatados". O MPF informou que o Giac vem enviando ao ministério há mais de uma semana alertas similares para evitar um colapso nas localidades. (ST)
Morre a mãe do padre Fábio
Vítima da covid-19, morreu, ontem, a mãe do padre Fábio de Melo. O religioso lamentou a perda com publicação em suas redes sociais, postando fotos com dona Ana Maria. Ela estava intubada na UTI desde 15 de março e não resistiu às complicações. “Me desolou muito”, disse o padre.
“Minha mãe partiu hoje. Logo cedo, como quem tem pressa de viver a eternidade. A mim resta a dor térrea, o ferimento que rasga o corpo e a alma. Ela me deu a vida num Sábado de Ramos, como hoje. Nossa simbiose reuniu as regras do nascer e do morrer”, destacou. Depois, agradeceu pelo tempo que teve com a mãe. “Obrigado, minha dona Ana! Só Deus e nós sabemos o quanto fomos um do outro. Uma pertença que me fez sofrer, sorrir, amar, aprender, conjugar todos os verbos que tornaram válida a aventura de nossa existência. Seguirei hospedando sua memória, levando tudo o que couber dentro de mim”, homenageou.
Dona Ana chegou a tomar a primeira dose da vacina em 4 de março, mas segundo o relato do Padre Fábio, ela foi contaminada dias antes. Quatro dias antes de ser vacinada, ela precisou ser hospitalizada, acompanhada da sobrinha do padre Fábio, Cristiane Castro. As duas ficaram um pouco mais de 24 horas no hospital. Dois dias depois da vacina, Cristiane começou a ter sintomas, fez o teste e deu positivo. “Minha mãe começou a ter sintomas também e precisou ser hospitalizada”, contou o padre.
Anvisa suspende a Sputnik
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, ontem, que suspendeu o prazo de análise do pedido de uso emergencial da Sputnik V, a vacina russa contra a covid-19. O motivo da decisão, segundo o órgão regulador, é a falta de parte da documentação obrigatória para a avaliação.
O pedido de uso emergencial do imunizante foi apresentado na sexta-feira passada pela União Química, parceira do Fundo de Investimento Direto da Rússia. O laboratório solicitou autorização para o uso de 10 milhões de doses, adquiridas no início deste mês, pelo Ministério da Saúde.
A Anvisa informou que uma triagem inicial dos documentos anexados ao pedido indicou a ausência de alguns que são necessários para a continuidade da análise. Faltam, por exemplo, especificações de qualidade e informações do tempo médio de acompanhamento dos pacientes que se submeteram aos estudos clínicos.
Dessa forma, o prazo para que a agência reguladora dê uma resposta ao pedido da União Química, que, neste caso, é de sete dias úteis, foi suspenso até a entrega dos documentos que faltam pelo laboratório. Nesse ínterim, a agência prosseguirá na avaliação dos documentos já enviados.
Conforme o painel lançado pela agência neste sábado, 62% dos documentos relativos à Sputnik V estão em análise, 18,2% precisam de complementação, e 18,7% não foram entregues. O prazo para análise de pedidos de uso emergencial de vacinas varia de 10 dias (para imunizantes com estudos no Brasil) a um mês (para vacinas com estudos no exterior, como a Sputnik V). A União Química, porém, requereu o uso emergencial com base na Lei 14.124/2020, que estipula prazo menor para imunizantes já aprovados em alguns países, entre os quais a Rússia.
Além da Sputnik V, está também em análise na Anvisa o pedido de uso emergencial da vacina da Janssen — braço da Johnson & Johnson — contra a covid-19. Entre as particularidades desse medicamento está a necessidade de apenas uma dose, ao contrário dos demais, que demandam uma segunda aplicação de reforço. O pedido da Janssen foi apresentado na quinta-feira passada. Segundo o painel da Anvisa, até 20h30 deste sábado, 62,5% dos documentos do laboratório estavam com a análise concluída, 36% ainda sob exame e 0,9% necessitando de complementação.
A Janssen tem contrato para o fornecimento de 38 milhões de doses da vacina para o Ministério da Saúde. A entrega está prevista para ocorrer assim que o uso emergencial for autorizado pela Anvisa. Do total de doses, 16,9 milhões deverão ser entregues até o fim de julho, e as demais, até novembro.