DECISÃO

MPF arquiva processo contra outdoor que compara Bolsonaro a "pequi roído"

As placas foram espalhadas por Palmas em agosto de 2020. De acordo com procuradora, continuar com o processo "configuraria verdadeira censura aos direitos e garantias relacionados à liberdade de expressão"

Jonatas Martins*
postado em 31/03/2021 20:48
 (crédito: Reprodução/Twitter)
(crédito: Reprodução/Twitter)

O Ministério Público Federal (MPF) arquivou o processo sobre o outdoor que se referia a Jair Bolsonaro como um “cabra safado” que “não vale um pequi roído”. O inquérito também analisava outra placa afirmando: “Aí mente! Vaza Bolsonaro, o Tocantins quer paz”. As publicações eram de autoria do sociólogo Tiago Costa e foram espalhadas por Palmas em agosto de 2020.

A acusação baseava-se no crime de injúria, caracterizado por ofensas com o objetivo de atingir a dignidade de alguém. Entretanto, o MPF estabeleceu não ser possível afirmar que as ações do investigado tinham essa finalidade.

De acordo com a decisão da procuradora Melina Castro, continuar com o processo “configuraria verdadeira censura aos direitos e garantias relacionados à liberdade de expressão, pensamento e manifestação do investigado” em uma democracia. Para a procuradora, criticar a atuação de um homem público é um dever do cidadão e faz parte dos questionamentos que autoridades governamentais podem sofrer.

Milena Castro ainda destacou o contexto das publicações, marcado por “uma acentuada polarização política e debate de ideias, em grande parte incentivada pelo próprio presidente da República, e em meio a uma pandemia que já matou centenas de milhares de pessoas no Brasil”.

Tiago disse estar feliz com o arquivamento do processo. “O caso também simboliza todos os outros mais de 200 inquéritos abertos pelo governo brasileiro contra civis”, contou o sociólogo.

Em nota à imprensa, os advogados comemoram o reconhecimento de que Tiago “pode comparar o presidente Bolsonaro a um pequi roído, porque isso significa liberdade de expressão e crítica a um representante do povo”.

* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer

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