Novo coronavírus

Anvisa alerta para uso indiscriminado de remédios na pandemia

Agência avisa que o mau uso de medicamentos pode levar à internação e morte. A preocupação aumentou ainda mais durante a pandemia. Em março de 2020, a agência advertiu para a ineficácia do uso de cloroquina e hidroxicloroquina

Luiz Calcagno
postado em 05/04/2021 23:36
 (crédito: Marcelo Camargo/Agencia Brsil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agencia Brsil)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou, em comunicado, para o risco de eventos adversos relacionados a medicamentos utilizados contra a covid-19. A mensagem foi publicada às 20h19 desta segunda-feira (5/4). A intenção é alertar sobre os riscos causados pelo uso indiscriminado de remédios. Segundo o texto, em caso de suspeita de uma reação adversa, mesmo sem ter certeza, o paciente precisa procurar atendimento médico.

Em nota publicada junto com a mensagem, o órgão advertiu que a automedicação, "principalmente neste momento de pandemia, tem preocupado ainda mais as autoridades sanitárias em todo o mundo". "É preciso que as pessoas se conscientizem dos riscos reais dessa prática, que pode causar reações graves, inclusive óbitos", alertou.

Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que reações adversas decorrentes do uso indiscriminado de medicamentos custem ao mundo US$ 42 bilhões por ano. "Tais eventos adversos podem causar danos aos pacientes, incluindo mortes, bem como levar à internação ou prolongar hospitalização, o que, neste momento de alta demanda por assistência hospitalar pode agravar ainda mais a situação do sistema de saúde", avisa o documento.

"Sabe-se que a pandemia por COVID-19 trouxe barreiras adicionais para o cumprimento deste desafio global, mas, por outro lado, foi capaz de aumentar o interesse da população pelo assunto “saúde”, incluindo o papel da regulação, como o exercido pela Anvisa. A Agência tem acompanhado os possíveis eventos adversos graves ocasionados pelo uso indiscriminado de medicamentos. No entanto, esses possíveis eventos adversos muitas vezes não são adequadamente notificados, limitando, e até impossibilitando, sua identificação e a avaliação dos riscos de exposição a esses medicamentos", continua a advertência.

Cloroquina

No fim do texto, a Anvisa deixou um link para outra nota, tratando de hidroxicloroquina e cloroquina. Nesse  comunicado, datado de março de 2020, a Anvisa alerta que os medicamentos "são registrados pela Agência para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária", mas não coronavírus. E afirma, ainda que "não existem estudos conclusivos que comprovem o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19".

Ainda de acordo com o aviso publicado em março de 2020, "não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus; e a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde”.

É de conhecimento público que o presidente da República é notório defensor do uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus, em especial a cloroquina e hidroxicloroquina. Segundo publicação do jornal O Globo desta segunda-feira, o chamado "kit Covid", apresentado por Bolsonaro em diversas ocasiões, fez disparar o número de notificações por efeitos adversos em 558%. Em um ano, ao menos nove pessoas teriam morrido em decorrência do uso da cloroquina.

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