Caso Henry

Mensagens trocadas levam à prisão de Dr. Jairinho e mãe da criança

Correio Braziliense
postado em 08/04/2021 23:37
 (crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil/ Fotos Publicas)
(crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil/ Fotos Publicas)

A Polícia Civil do Rio afirmou ontem que o menino Henry Borel Medeiros, de 4 anos, sofria agressões periódicas por parte do vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), preso junto com a professora Monique Medeiros, sua namorada e mãe da criança. Segundo os investigadores, conversas registradas num aparelho telefônico mostram que a babá de Henry relatou as agressões à patroa, que teria mentido em depoimento à polícia. Após a morte, a babá foi pressionada a também mentir.

Jairinho e Monique são suspeitos de cometer homicídio duplamente qualificado com emprego de tortura e sem capacidade de defesa da vítima. A prisão temporária, válida por 30 dias, foi justificada pela tentativa de atrapalhar as investigações. No depoimento à polícia, o casal alegou que vivia em harmonia familiar com o menino. Não citou nenhum tipo de agressão e disse que existia na casa uma rotina de afeto. A partir de desdobramentos das apurações, no entanto, percebeu-se que a versão seria falaciosa.

A polícia usou o software Cellebrite para analisar os materiais apreendidos nos mandados de busca e apreensão. A investigação analisou os laudos já produzidos e concluiu que não resta dúvidas sobre a autoria do crime. Henry apresentava lesões nos rins e no pulmão, por exemplo, e sangramentos internos, incompatíveis com um eventual acidente. Ainda há outros laudos pendentes e, por isso, o pedido foi de prisão temporária; a investigação continua.

“Alguns pontos da conversa (entre Monique e a funcionária) nos chamaram muita atenção. A babá fala que o Henry relatou a ela que o padrasto o pegou pelo braço, deu uma ‘banda’, uma rasteira, e o chutou. Ficou claro que houve lesão ali; fala que Henry estava mancando, que não deixou dar banho nele porque estava com dor na cabeça”, apontou o delegado Antenor Lopes, diretor da Polícia Civil na capital.

“Depois que veio o pior resultado possível de uma rotina de violência, que foi a morte do Henry, ela esteve em sede policial por mais de quatro horas e deu declarações mentirosas, protegendo o assassino do filho”.

Nessa linha, o delegado responsável pelo caso, Henrique Damasceno, descartou que Monique tenha sofrido qualquer tipo de ameaça do namorado; era, na verdade, uma aliada dele. “Se eu tivesse percebido qualquer tipo de coação, não teria pedido a prisão dela”, apontou.

Celulares
Henry foi deixado pelo pai por volta das 19h30 na casa de Monique e Jairinho, no dia 7 de março. Estava sem nenhum tipo de lesão, de acordo com a investigação. Em poucas horas, chegou morto ao hospital. Apenas o casal esteve com o menino nesse intervalo. A delegada Ana Carolina Medeiros, que conduziu a operação de ontem, disse que o casal tentou se desfazer dos celulares quando a polícia chegou à residência, na zona oeste do Rio. Os aparelhos, contudo, foram resgatados pelos agentes. O vereador e a mulher foram presos por agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca). A polícia cumpriu mandados de prisão temporária expedidos pela juíza Elizabeth Louro Machado, do II Tribunal do Júri do Rio.

Henry morreu no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca. Foi levado para lá pelo casal, que alegava tê-lo encontrado desmaiado no quarto onde a criança dormia. O menino estaria com olhos revirados, pés e mãos geladas e dificuldades para respirar. De acordo com os médicos, o garoto chegou ao estabelecimento em parada cardiorrespiratória. No Instituto Médico Legal, a necropsia constatou múltiplos sinais de trauma, como equimoses, hemorragia interna e ferimentos no fígado, típicos de agressão.

A polícia suspeita que Henry tenha morrido depois de ser submetido por Dr. Jairinho a uma sessão de torturas, com o conhecimento de Monique. Aos investigadores, o casal afirmou suspeitar que o menino teria se ferido em uma queda. Os ferimentos, contudo, não são compatíveis com essa versão.

 

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