FRAUDE

Coveiros de cidade em Minas Gerais enterram caixões vazios e são afastados

Operação "Cemitério Maldito", do Ministério Público de Minas Gerais, aponta que eles recebiam propinas para reservar túmulos para famílias

Portal Gerais*
postado em 09/04/2021 23:10 / atualizado em 09/04/2021 23:10
 (crédito: MPMG/Divulgação)
(crédito: MPMG/Divulgação)

Seis servidores da prefeitura de Formiga, região Centro-Oeste de Minas Gerais, foram afastados dos cargos, nesta sexta-feira (9/4), por determinação judicial. Eles foram alvos da operação “Cemitério Maldito”, desencadeada pelo Ministério Público e que investiga crimes cometidos no Serviço Municipal do Luto.

A ação foi deflagrada hoje (9/4), por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Combate ao Crime Organizado e da 3ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público. O foco foi combater os crimes de corrupção passiva e ativa e peculato cometidos por servidores lotados no cemitério público.

Foram cumpridos seis mandados de medidas cautelares, com o afastamento das funções públicas, e oito mandados de busca e apreensão.

As investigações duraram cerca de sete meses e foram iniciadas a partir de denúncia feita por um servidor público. Um vídeo anexado ao inquérito mostra os coveiros enterrando um caixão vazio.

Levantamento feito pelas promotorias apontam que os coveiros recebiam propinas de famílias para assegurar lugares no cemitério Parque da Saudade. O esquema teria começado em 2007.

Para isso, eles enterravam caixões vazios. Quando uma pessoa desta família morria, os coveiros sepultavam, então, o corpo. Os servidores cobravam entre R$ 2 mil a R$ 3 mil. Uma lápide era colocada com o nome da família para identificar o local reservado.

Também foi apurado que os coveiros mantinham esquema de recebimento de horas extras que não eram devidamente cumpridas. Eles ainda são suspeitos de cobrar por fora para cuidar de túmulos em horário de expediente com insumos da prefeitura.

As apurações apontaram fortes suspeitas de que os servidores abasteciam veículo particular de uma funerária com valores oriundos do erário e desviavam urnas para ela. O nome da empresa não foi divulgado. Cada coveiro seria responsável por cerca de 100 túmulos.

Afastamento das funções

Em nota, a prefeitura informou que já tem procedimento administrativo instaurado contra um dos investigados. Afirmou que “não compactua com esse tipo de conduta” e que está à disposição no auxílio das investigações.

Ainda em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano confirmou que, de acordo com a ordem judicial de afastamento cautelar requerida pelo Ministério Público, os seis servidores do Serviço Municipal de Luto foram afastados dos cargos.

“Está sendo realizado o remanejamento entre a equipe para nova escala, bem como contratação temporária para substituição”, informou.

*Amanda Quintiliano especial para o EM

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