País tem 53 mil mortos em 18 dias

Brasil enfrenta o pior domingo desde o início da pandemia e número de vidas perdidas para o novo coronavírus chega a 353.137. Com a vacinação a passos lentos, contágios devem continuar crescendo

Israel Medeiros
postado em 12/04/2021 00:02
 (crédito: Breno Esaki)
(crédito: Breno Esaki)

O Brasil teve ontem o pior domingo, desde o início da pandemia em número de mortes por covid-19. Em 24 horas, o Ministério da Saúde registrou 1.803 óbitos. Até agora, o maior número de vidas perdidas em um domingo era o de 28 de março, quando 1.605 pessoas morreram por causa do novo coronavírus. No ritmo atual, deverá fechar com 100 mil mortos, preveem especialistas. Já o número de infectados nas últimas 24 horas foi de 37.017, o que levou a um total de 13.482.023 casos confirmados.

Com a atualização, o país chega à marca de 353.137 óbitos acumulados, apenas 18 dias depois de ter batido a marca de 300 mil mortos. Antes disso, o intervalo entre os 250 mil e os 300 mil mortos havia sido de 24 dias; de 49 dias entre os 200 mil e os 250 mil mortos e de 89 dias entre os 150 mil e 200 mil mortos.

O recorde vem logo após a semana mais mortal da pandemia no país, que teve 21.141 óbitos entre o domingo retrasado (4) e o último sábado. Esse número representa 6% de todas as vítimas da covid-19 no Brasil durante a pandemia e pode indicar uma semana ainda pior do que a anterior. A última quinta-feira foi o dia com maior número de fatalidades por causa da doença, com 4.249 mortes.

Especialistas ouvidos pelo Correio afirmam que estudos estatísticos apontam para um pico da pandemia na terceira semana de abril. Isso significaria que os recordes de casos e mortes continuarão a ser quebrados antes da estabilidade e da queda que devem ocorrer a partir de maio.

Enquanto isso, a vacinação segue lenta. O Brasil imunizou apenas 10,98% da população. Na última semana, o Instituto Butantan, responsável pela produção da CoronaVac, que representa nove em cada 10 vacinas do país, ficou sem estoque de matéria-prima para produzir o imunizante.

Uma nova carga estava prevista para chegar na última quarta-feira, mas só deverá chegar em 19 de abril. Em entrevista ao Correio, o governador João Doria (PSDB) garantiu que o cronograma de entregas do Butantan ao Ministério da Saúde está mantido. No total, desde o início da imunização, serão 46 milhões de doses.

Já a ocupação das UTIs continua em nível crítico em 23 estados e no Distrito Federal, segundo o boletim Observatório da Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no sábado.

O boletim aponta também para o rejuvenescimento da pandemia no Brasil. As internações de pessoas na faixa etária de 30 a 39 anos aumentaram 1.218,33% na última semana com relação à primeira semana do ano. Nas faixas de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos, as altas foram, respectivamente, de 1.217,95% e 1.144,94%.


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CoronaVac: eficácia maior

Um artigo científico em pré-print (ainda sem revisão por pares) aponta que a eficácia da CoronaVac contra a covid-19 é maior do que o dado anteriormente divulgado. A chamada eficácia primária, que representa a proteção da vacina contra a doença em qualquer intensidade, passou de 50,38% para 50,7%, chegando a 62,3% quando o intervalo entre as doses foi maior que 21 dias. Contra casos moderados, o imunizante tem eficácia de 83,7%, quando o dado anterior apontava 78%.

As informações constam de artigo elaborado pelos profissionais que conduziram os testes da Coronavac no Brasil, liderados pelo Instituto Butantan. O documento foi submetido para análise da revista científica The Lancet. A bula da CoronaVac estipula o intervalo para a segunda dose como de 14 a 28 dias, mas a aplicação a partir do 21º dia já é defendida pelo Butantan desde o mês de janeiro.

O estudo avaliou o efeito da vacina em 12,4 mil voluntários em 16 centros de pesquisa no país e teve os primeiros resultados divulgados pelo governo de São Paulo em 7 de janeiro. A vacina começou a ser aplicada nacionalmente em 18 de janeiro e a produção pelo Butantan representa a maior parte das doses distribuídas no país até aqui.

“Esse estudo corrobora o que já havíamos anunciado há cerca de três meses e nos dá ainda mais segurança sobre a efetiva proteção que a vacina do Butantan proporciona”, afirmou em nota à imprensa Dimas Covas, diretor do Instituto.

Uma outra informação que consta do artigo é que a CoronaVac se revelou eficaz na proteção contra as chamadas variantes de preocupação P.1 e P.2 do vírus SARS-CoV-2. O aumento da circulação da P.1 é associado à vertiginosa elevação da curva de casos, internações e mortes vista no país a partir de janeiro.

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