SAÚDE

Governo conta com 30,5 milhões de doses "certas" de vacinas em abril

Queiroga diz que vacinas contra a covid-19 em abril virão da Fiocruz e do Butantan, mas, no caso da instituição ligada ao governo de São Paulo, produção depende da chegada de nova remessa de IFA da China. Previsão é de que seja desembarcada no Brasil a partir do dia 20

Bruna Lima
Maria Eduarda Cardim
postado em 13/04/2021 06:00
Queiroga diz que está trabalhando, também, numa frente diplomática para a compra de imunizantes prontos em outros países -  (crédito: Tony Winston/MS)
Queiroga diz que está trabalhando, também, numa frente diplomática para a compra de imunizantes prontos em outros países - (crédito: Tony Winston/MS)

Sob pressão para acelerar o ritmo da vacinação no Brasil, que ainda depende de insumos importados, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou, ontem, que o governo federal tem assegurado para o mês de abril 30,5 milhões de doses de imunizantes contra a covid-19. A quantidade, no entanto, é diferente do estimado pelo cronograma de entregas divulgado pelo próprio Ministério da Saúde: de acordo com o documento, que não é atualizado desde 19 de março, está prevista a entrega de 47,3 milhões de imunizantes contra o novo coronavírus.

Segundo Queiroga, os 30,5 milhões é o que a pasta tem como “certo”, cujas doses serão produzidas pelo Instituto Butantan e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Em relação ao cronograma, o que nós temos são doses estimadas, porque isso depende das entregas. No mês de abril, nós temos asseguradas 30,5 milhões de doses dessas vacinas, que são produzidas nas nossas duas instituições, Fiocruz e Instituto Butantan. Isso é o que a gente tem certo”, explicou, no evento de lançamento da campanha de vacinação contra a gripe.

Ontem, o ministério recebeu mais 1,5 milhão de doses da CoronaVac, produzida pelo Butantan. Com a nova remessa, o instituto paulista já disponibilizou 39,7 milhões de vacinas ao Programa Nacional de Imunização (PNI), sendo 3,5 milhões em abril. A promessa é fechar o mês cumprindo o cronograma de 46 milhões de unidades acertadas com o governo federal. Porém, o instituto tem apenas mais 1,7 milhão de doses fabricadas com o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) de importações anteriores e, para chegar ao total prometido para abril, depende do envio de mais IFA da China.

Na semana passada, o diretor do Butantan, Dimas Covas, admitiu os atrasos, mas estimou que a nova previsão era para envio nesta semana. Ontem, mais uma vez, houve atualização da data e a expectativa é de que os 3 mil litros da matéria-prima, suficiente para produzir 5 milhões de doses, embarque para o Brasil até 20 de abril. Se chegar na data limite, há o risco de o instituto não conseguir cumprir o cronograma, uma vez que o processo de envasamento, rotulação e checagem dos lotes dura em torno de 20 dias.

No caso da vacina de Oxford/AstraZeneca, a Fiocruz já tem 10 milhões de doses prontas, armazenadas em câmara fria, que ainda estão em processo de controle de qualidade. Até o próximo sábado, a fundação promete liberar 2 milhões, chegando ao fim do mês com 18,4 milhões incorporadas ao PNI.

Campanha “acelerada”

Apesar de reconhecer que tem capacidade para vacinar mais brasileiros, Queiroga acredita que a campanha de vacinação contra a covid-19 está “acelerada” no país. “O Brasil já é o quinto país que mais vacina e o nono país que mais vacina por 100 mil habitantes, e nós já vacinamos 1 milhão de pessoas por dia”, disse. Dados do Our World In Data mostram que o país é o quarto com mais aplicações absolutas, mas, ao considerar o cálculo por 100 mil habitantes, cai para a 53ª posição do ranking.

Para sanar a falta de vacinas disponíveis, o ministro garantiu que busca pela diplomacia a entrega mais célere de insumos e, até mesmo, de imunizantes prontos. Mas se furtou de dar detalhes por envolver questões de Estado. “São negociações internacionais sensíveis e que nós não podemos antecipar essas questões, sob pena de perder a oportunidade de negócio. Nenhum de nós quer que o Brasil perca a oportunidade de adquirir uma dose sequer de vacina”, justificou.

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