O Brasil bateu um novo recorde mensal, neste sábado, com 67.977 mortes por covid-19 em abril, o mês mais letal da pandemia no país, ultrapassando a marca de 66.573 casos de março, segundo dados do Ministério da Saúde. Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 3.076 óbitos, com média diária de 2.545 óbitos por dia na última semana (leia ao lado). Mesmo assim, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vê uma menor pressão sobre o sistema de saúde, com a queda no número de casos nas últimas duas semanas.
Queiroga ontem convocou uma entrevista coletiva para explicar o processo de vacinação e o corte de R$ 2,2 bilhões do Ministério da Saúde, com os vetos do presidente Jair Bolsonaro ao Orçamento-Geral da União aprovado pelo Congresso. O ministro afirmou ter a garantia do titular da Economia, Paulo Guedes, de que não vão faltar recursos para o combate à crise sanitária. Queiroga falou também confirmou que o ministério vai receber, na próxima quinta-feira, 1 milhão de doses da vacina da Pfizer contra o novo coronavírus.
Ao comentar o corte no orçamento da pasta, o ministro afirmou que “sempre temos um bom diálogo com Guedes, que me assegurou que não faltaria recurso para a Saúde”. Em seguida, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, disse que, em caso de necessidade de ampliação do orçamento do órgão, haverá uma suplementação por meio da abertura de crédito extraordinário, sem, no entanto, detalhar de onde poderiam vir as verbas.
Bolsonaro, ao sancionar o orçamento de 2021, fez um ajuste de R$ 29 bilhões, vetando parte de emendas parlamentares e verbas dos ministérios (R$ 19,8 bilhões) e bloqueando uma parcela das despesas previstas para o ano em vários órgãos federais (R$ 9,3 bilhões). Os R$ 2,2 bilhões cortados do Ministério da Saúde atingiram diversos programas, que incluem a adequação de sistemas tecnológicos, ações de pesquisa e desenvolvimento, manutenção de serviços laboratoriais, assistência farmacêutica e até construções de sedes regionais da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Durante a coletiva, o ministro também procurou minimizar a fala de Bolsonaro, durante entrevista à TV A Crítica, do Amazonas, na sexta-feira. Na ocasião, o presidente voltou a ameaçar com a possibilidade de acionar as Forças Armadas para atuarem contra as medidas restritivas adotadas por governadores no combate à covid-19.
“Se nós usarmos as medidas não farmacológicas, nunca vamos chegar ao lockdown. Lockdown é fruto do fracasso dessas medidas. É nesse sentido que o presidente se manifesta”, disse o ministro, referindo-se ao uso de máscaras e ao distanciamento social, recomendados pelas autoridades sanitárias. No mesmo dia em que Queiroga defendia essas medidas, Bolsonaro passeou de motocicleta por comunidades em Brasília, sem usar a proteção facial e causando aglomerações.
O ministro defendeu o uso das medidas não farmacológicas mesmo com a tendência de redução de casos de covid-19 no país, verificada nas últimas duas semanas. Segundo ele, foram 6 mil diagnósticos a menos na semana passada.
Casos em queda
“Nós temos observado, nos últimos dias, uma tendência de redução de diagnósticos de covid-19, e, por consequência, uma diminuição sobre o nosso sistema de saúde que resulta em maior disponibilidade de vagas nas unidades de terapia intensiva, o que, consequentemente, nos dá uma diminuição na diminuição da pressão por insumos, como, por exemplo, os insumos utilizados nos kits de intubação, de oxigênio”, disse o ministro. “O uso de máscara, evitar aglomerações é fundamental para que esse cenário se sustente no longo prazo, enquanto nossa campanha de vacinação vai sendo ampliada”, continuou.
Os elevados números da covid-19 no Brasil têm dado os primeiros sinais de desaceleração. Segundo dados divulgados na sexta-feira pelo consórcio de veículos de imprensa, a média diária de mortes pela doença chegou ao sexto dia seguido de queda. A gravidade da situação, no entanto, se mantém, uma vez que a média segue em um patamar elevado, com 2,5 mil vítimas a cada 24 horas.
Durante a coletiva de imprensa, Queiroga afirmou que, em sete dias, o Brasil ultrapassou a meta de vacinar mais de 1 milhão de brasileiros por dia. Ele acrescentou que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) do Sistema Único de Saúde (SUS) vai avaliar também um protocolo de tratamento da covid-19, mas não pelo uso de fármaco “A” ou “B”.
Mais de 3 mil mortes em 24h
O Brasil registrou, entre a sexta-feira e ontem, segundo o Ministério da Saúde, 3.076 mortes por complicações da covid-19, o que eleva o total de casos provocados pela doença no país a 389.492. Quanto aos diagnósticos do novo coronavírus, a pasta informa que foram registrados 71.137, no mesmo período. Com isso, o número acumulado de infecções pelo agente no país chega a 14.308.215.
O Ministério da Saúde informa também que 12.766.772 pacientes com covid se recuperaram, e outros 1.151.951 estão sob acompanhamento.
Segundo o boletim divulgado pela pasta, São Paulo, unidade da Federação com os maiores registros da covid-19, alcançou um total de 2.827.833 casos da doença, enquanto o acumulado de óbitos é de 92.548. Em segundo lugar vem Minas Gerais, com 1.319.297 e 31.987, respectivamente.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, só 11 países em todo o mundo tiveram, desde o início da pandemia, mais mortes por covid do que o registrado no Brasil apenas no mês de abril. São eles: EUA (571.812),México (214.504), Índia (189.544), Reino Unido (127.670), Itália(119.021), Rússia (106.108), França (102.872), Alemanha (81.542),Espanha (77.591), Colômbia (70.446) e Irã (69.120). (JV)
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