Caso Henry

"Jairinho me dopou na noite do crime", diz Monique, mãe do menino Henry

Na carta manuscrita, cedida ao Correio pelos advogados de defesa, Monique nega ter acobertado as agressões que o filho sofria

Alexia Oliveira*
postado em 27/04/2021 06:00
Em nova versão sobre a morte do filho, de apenas 4 anos, professora acusa padrasto de manipular relacionamento -  (crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil/reprodução)
Em nova versão sobre a morte do filho, de apenas 4 anos, professora acusa padrasto de manipular relacionamento - (crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil/reprodução)

A professora Monique Medeiros mudou ontem o depoimento sobre a morte do filho, Henry Borel. O menino, de apenas quatro anos, teria sido morto pelo padrasto, o vereador carioca Dr. Jairinho. A nova versão dada por Monique, por meio de carta protocolada ao inquérito da polícia civil, acusa Jairinho de tê-la dopado na noite em que o menino morreu.

Na carta manuscrita, cedida ao Correio pelos advogados de defesa, Monique nega ter acobertado as agressões que o filho sofria. “Nunca encostei um dedo nele, nunca bati em meu filho, eu fui a melhor mãe que ele poderia ter tido”, afirma.

Em outros trechos, Monique acusa Jairinho por agressões e manipulação no relacionamento. No primeiro relato, a professora havia afirmado que a relação entre ambos era harmoniosa. “Eu não sabia, mas estava sendo manipulada durante todo o relacionamento, que me oprimia e eu não sabia como sair”, afirma.

De acordo com o novo relato de Monique, na noite de 7 de março, um domingo, quando aconteceu o crime, o pai de Henry, Leniel Borel, deixou o menino na casa dela. A professora conta que o garoto estava chorando bastante, mas por insistência dela, entrou em casa e logo quis dormir. Segundo as informações da carta, a professora deu banho no filho, vestiu-o e esperou que ele dormisse.

Ela relata ainda que teria voltado para a sala, para assistir a uma série de TV. Por volta de 01h30 da madrugada, resolveu dormir. Henry teria pedido à mãe para dormir no quarto dela, pois segundo ele, Jairinho não brigava quando estavam juntos. Nesse momento, porém, Jairinho teria pedido para irem ao quarto de hóspedes para conversar. Lá, de acordo com a versão da professora, o vereador teria dado remédios a ela.

“Ele ligou a televisão num canal qualquer, baixinho, ligou o ar condicionado, me deu dois medicamentos que estava acostumado a me dar, pois dizia que eu dormia melhor (Patz e Rivotril de 2 mg), mas eu não o vi tomando. Logo eu adormeci, acho que nem chegamos a conversar”, disse.

Monique afirmou ainda que, na madrugada, Jairinho a acordou. “Ele disse que pegou Henry do chão, colocou-o na cama e que ele estava respirando mal. Fui correndo até o quarto e meu filho estava de barriga para cima, descoberto, com a boca aberta e olhos olhando para o nada e pensei que ele tivesse desmaiado”, conta.

A mãe também relata que levou o filho à emergência do Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, mas não sabia que o filho já estava sem vida. “Em nenhum momento eu achava que estava carregando meu filho morto nos braços”, diz Monique na carta.

Inquérito

O advogado de defesa de Monique Medeiros, o criminalista e vice-presidente da OAB-RJ Hugo Novais, informou ao Correio que reforça a necessidade de um novo interrogatório da cliente.

“Um inquérito policial não pode ser encerrado com contradições internas. Se existiram várias novas audições de pessoas que já tinham prestado declarações e alteraram seus depoimentos, maior razão ainda deveria ter a autoridade policial para ouvir novamente Monique”, declarou.

*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo

 

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