O ator e humorista Paulo Gustavo morreu, ontem, aos 42 anos, depois de lutar contra a covid-19 por quase dois meses. Ele estava internado desde 13 de março em um hospital da Zona Sul do Rio de Janeiro e chegou a apresentar melhora no último domingo, mas, naquele mesmo dia, sua saúde começou a deteriorar. No começo da noite de ontem, porém, uma nota da assessoria de imprensa do comediante afirmou que o quadro dele era irreversível em decorrência de uma fístula brônquio-venosa, mas que continuava com sinais vitais. Porém, às 21h12, o coração de Paulo Gustavo parou de bater.
Niteroiense, ele foi um dos expoentes de uma geração de humoristas que deram ao cinema, ao teatro e à tevê nomes como Tatá Werneck, Marcelo Adnet, Gregório Duvivier, Fabio Porchat, Cacau Protásio, Fernando Caruso e Dani Calabresa. Paulo Gustavo começou a chamar a atenção no final de 2004 no elenco da peça Surto, quando apresentou a personagem Dona Hermínia — que, anos depois, levaria às telas em três filmes que foram campeões de bilheteria. Depois de deixar a companhia de teatro, fez pequenas participações e voltou a chamar a atenção na série A Diarista, da Rede Globo.
Em 2006, Paulo Gustavo voltou ao seu ambiente predileto, o teatro. Estreou o espetáculo Minha Mãe É Uma Peça, um monólogo novamente calcado na Dona Hermínia, que, conforme admitiu anos depois, tinha sido construído com base na mãe dele. Seu desempenho nos palcos rendeu-lhe uma indicação ao Prêmio Shell de melhor ator.
Em 2011, tornou-se apresentador do humorístico 220 Volts, quando fez dupla com o também comediante Marcos Majela, no canal por assinatura Multishow, que durou cinco temporadas. Com a repercussão, Paulo Gustavo consolidou-se como um ator de excelente improviso e capaz de arrancar gargalhadas com suas críticas ferozes. Em junho de 2013, foi um dos protagonistas do sitcom Vai que Cola, também no Multishow, que ganhou uma adaptação para o cinema, em 2015. A participação terminou em 2017, quando entrou no programa A Vila, junto com Katiuscia Canoro, com o roteiro de Leandro Soares.
Paulo Gustavo casou-se em 20 de dezembro de 2015 com o dermatologista Thales Bretas. Dois anos depois, anunciou que ele e o marido seriam pais de um casal de gêmeos, Gael e Flora, gerados em uma barriga de aluguel, mas os bebês morreram em um aborto espontâneo. Apesar da tristeza da perda, em 2019 ele anunciou o nascimento dos filhos do casal, chamados Romeu e Gael, de barrigas de aluguel diferentes.
Em 13 de março, o ator foi internado com diagnóstico de covid-19. Em 2 de abril, seu quadro clínico piorou e foi introduzido à terapia de oxigenação por membrana extracorporal, uma espécie de “pulmão artificial”, aparelho que efetua a absorção do oxigênio quando o órgão apresenta comprometimento severo.
Em 3 de maio, mesmo após melhoras nos dias anteriores, Paulo Gustavo sofreu uma embolia pulmonar, o que causou uma piora significativa em seu estado de saúde. Mas, ontem, um boletim médico anunciava que o quadro dele era irreversível. Poucas horas depois, não resistiu.
Pelas redes sociais, artistas, intelectuais, governadores e políticos de oposição e ligados ao governo Bolsonaro — sobretudo alguns que todos o tempo negaram a gravidade da pandemia, como o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) — publicaram manifestações de solidariedade à família e aos amigos de Paulo Gustavo.
Uma lição: “rir é um ato de resistência”
Desde que o estado de saúde de Paulo Gustavo se agravou, a mensagem do especial de fim de ano do programa 220 volts, exibido no canal por assinatura Multishow, vem sendo lembrada pelos fãs. Ontem, em meio à consternação pela morte do artista, a despedida do ator voltou a circular. “Eu faço palhaçada, você ri, eu fico com o coração preenchido aqui. Eu me sinto realizado de estar conseguindo te fazer feliz. Rir é um ato de resistência. A gente agora está precisando dessa máscara chata para proteger o rosto desse vírus e, infelizmente, essa máscara esconde algo muito precioso para nós brasileiros: o sorriso. Ele está tapado, tem que ficar tapado, mas ele existe, e ele não vai deixar de existir”, disse Paulo Gustavo.
Fabio Porchat, comediante e apresentador
“Hoje a vida perdeu um pouco da graça. O Brasil perde um pedaço precioso seu. Que triste é ter que viver num mundo sem Paulo Gustavo. Um pedaço de mim se vai. Te amo, Paulito”.
Caetano Veloso, cantor e compositor
“Paulo Gustavo é a expressão da alegria brasileira. Paulo, esse poço de talento e gerador de prazer doado ao Brasil por Niterói, encarnou, em seu trabalho e em sua vida pessoal, essa alegria antes apenas mítica”.
Preta Gil, cantora
“Descanse em paz meu irmão, você iluminou nossas vidas aqui na terra e, agora, vai iluminar aí de cima! Te amo eternamente! Gênio!”.
Padre Fábio de Melo
“Paulo, meu querido, foi a primeira vez que você nos fez chorar”.
Dani Calabresa, humorista e apresentadora
“Meu Deus... não sei o que escrever.. Paulo Gustavo, uma pessoa que fez o país gargalhar.. Não dá pra acreditar.. que tristeza...”
Caetano Veloso, cantor e compositor
“Paulo Gustavo é a expressão da alegria brasileira. Paulo, esse poço de talento e gerador de prazer doado ao Brasil por Niterói, encarnou, em seu trabalho e em sua vida pessoal, essa alegria antes apenas mítica”.
Paulo Coelho, escritor
“Assassinos de Paulo Gustavo: quem dizia ‘é só uma gripezinha’, ‘não passa de 200 mortes’, ‘cloroquina resolve’, ‘gente morre todo dia’, ‘lockdown destrói o país’, ‘máscara nos faz respirar ar viciado’, ‘eu obedeço o comandante’. E por aí vai”.
Taís Araújo, atriz
“Que você descanse e que Deus conforte sua mãe, sua irmã, seu marido, seus filhos, seus amigos, seus fãs. Somos todos sortudos por termos tido você. Ainda temos você, porque o que você construiu é eterno”.
Leandra Leal, atriz
“Paulo Gustavo revolucionou através do amor e do riso. Muito triste perder alguém tão bom, talentoso, alegre e jovem. Um ser exemplar, uma referência para tantos, uma inspiração”.
Flávio Bolsonaro, senador (Republicanos-RJ)
“Meus sentimentos aos familiares e amigos do ator Paulo Gustavo. Que Deus conforte a todos”.
Arthur Lira, presidente da Câmara (PP-AL)
“Em nome da Câmara, manifesto a minha solidariedade e a de todos deputados aos familiares e amigos do ator Paulo Gustavo. Sua obra e seu talento conquistaram a alegria e a admiração de todos e sua partida, tão cedo, deixa enorme tristeza, vazio e dor no coração dos brasileiros”.
Marcelo Freixo, deputado federal (PSol-RJ)
“Perdemos um jovem brilhante, talentoso, alegre. Um artista que sempre fez tão bem ao Brasil, com uma carreira enorme pela frente. Vá em paz, Paulo Gustavo. Você fará muita falta. Minha solidariedade à família e aos amigos”.
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul
“Mais uma perda para a tragédia coletiva da Covid-19. Meus sentimentos à família. Como ele disse no mesmo vídeo: “‘A gente não vai deixar de sorrir, a gente não vai deixar de ter esperança’”.
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente
“Recebi com muita tristeza a notícia da morte de Paulo Gustavo. A covid levou hoje mais um de nós. Um grande brasileiro, que brindou nosso país com tanta alegria”.
Felipe Santa Cruz, presidente da OAB
“O Brasil inteiro de luto! Perdemos um dos melhores artistas da geração. Eu e minha família somos muito fãs do Paulo Gustavo. Ir ao cinema para assisti-lo é parte marcante da infância dos meus filhos. Não consigo conceber que este grande talento foi interrompido tão precocemente!”
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