CORONAVÍRUS

Nova vacina pede uso emergencial

Fernanda Strickland
Gabriela Bernardes*
postado em 19/05/2021 22:36
 (crédito: Mauro Pimentel/AFP)
(crédito: Mauro Pimentel/AFP)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu, ontem, o pedido de autorização para uso emergencial da vacina Convidecia contra a covid-19. O pedido foi feito pela empresa Belcher Farmacêutica, representante do laboratório chinês CanSino Biologics no Brasil. De acordo com o órgão regulador, a análise dos papéis foi iniciada e, no momento, está sendo feita a triagem para verificar se todas as informações para a avaliação foram devidamente apresentadas.

A Convidecia é produzida a partir de um adenovírus humano não replicante, desenvolvido em uma parceria entre a CanSino e a Academia de Ciências Médicas Militares da China. A vacina é oferecida em apenas uma dose. A tecnologia de vetor viral — editado geneticamente para conter partes do vírus da covid-19 — é também utilizada pela Covishield (Oxford/AstraZeneca/Fiocruz), pela Sputnik V (Instituto Gamaleya) e pela Janssen (Johnson & Johnson).

Os ensaios clínicos da Convidecia foram desenvolvidos no Paquistão, na Rússia, no Chile, na Argentina e no México. Os dados desses estudos serão analisados pela Anvisa. Antes da formalização do pedido, a agência reguladora realizou duas reuniões com representantes do CanSino, em março.

Dose única

Eliseu Alves Waldman, epidemiologista e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), salienta que se a vacina for aprovada pela Anvisa, e comprada pelo Ministério da Saúde, o país terá a vantagem de dispor de mais uma vacina para acelerar a imunização da população. “Uma vantagem adicional é o fato de necessitar de uma única dose”, salientou.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse ontem ter conversado com representantes da empresa de biotecnologia Moderna, a fim de fechar um acordo para a aquisição da vacina do laboratório norte-americano. “Conversei hoje com representantes da Moderna, momento em que expressei o interesse do Ministério da Saúde e do governo brasileiro em firmar parcerias com a fabricante para o fornecimento de vacinas com alta capacidade de resposta a variantes da covid-19”, afirmou em uma rede social.

Ainda no início de março, quando a pasta ainda estava sob a gestão de Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde chegou a informar que estava “praticamente na fase final de negociações” com a Moderna para fechar um contrato de compra de 13 milhões de doses. A previsão era de que o Brasil recebesse três remessas iniciais, com 1 milhão de doses da vacina, que seriam distribuídas em julho, agosto e setembro. Entre outubro e dezembro, seriam enviadas mais 10 milhões de doses, em diferentes remessas.

* Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi

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Mudança no cronograma de maio

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, anunciou que devem chegar, na próxima terça-feira, um novo lote de insumos vindos da China para a produção da vacina da covid-19. Diante da redução da quantidade de insumos — inicialmente de 10 mil litros para 4 mil litros no início da semana e, agora, 3 mil litros —, ele afirma que o cronograma de entrega de doses de imunização para maio não será mantido.

A previsão de entrega das vacinas da CoronaVac era de 12 milhões de doses para maio e de 6 milhões para junho. No entanto, para totalizar a quantidade acordada com o Ministério da Saúde, seria necessária a entrega dos 10 mil litros pela Sinovac. Segundo Covas, com o novo calendário, a expectativa de doses fica em aberto.

Em coletiva de imprensa, o diretor do Butantan ainda informou que, na madrugada de terça-feira para ontem, houve uma reunião entre o embaixador do Brasil em Pequim, Paulo Mesquita, e a Sinovac. Covas classificou que as informações da reunião foram positivas. “Esperamos que isso surta efeito a partir de agora junto ao governo chinês para que haja essa flexibilização para a liberação de mais doses”, anunciou.

Opas: vacinação na AL segue lenta

A diretora-geral da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, demonstrou, ontem, preocupação com o ritmo da vacinação em países latino-americanos. Segundo ela, apenas 3% dos latino-americanos foram completamente vacinados contra a covid-19. Para tentar contornar o acesso limitado aos imunizantes, ela pediu que países que contam com a estrutura para fabricar os imunizantes acelerem a sua produção. Sobre a situação da pandemia nas Américas, Etienne disse que a região registrou mais de 1 milhão de casos na última semana.

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