Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), começou a vacinar contra a COVID-19 professores da rede pública e privada de ensino. O prefeito Christiano Xavier (PSD) alterou a fila prioritária na cidade e se recusou a vacinar a população carcerária antes dos trabalhadores das escolas e do transporte público.
O chefe do Executivo foi delegado da Polícia Civil por muitos anos e afirma que tomou a decisão por contra própria, mesmo a secretaria municipal de Saúde tendo o orientado para um possível questionamento do estado.
A vacinação dos professores está ocorrendo desde sexta-feira (21/5) e essa decisão foi contra a orientação do Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde, que estabelece que os detentos deveriam ser vacinados contra a doença primeiro.
Santa Luzia possui um presídio e uma Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) e conta com uma população carcerária de quase 500 pessoas.
Nesta quarta-feira (26/5) e quinta-feira (27/5) os motoristas de ônibus também serão imunizados com a primeira dose da vacina contra a COVID-19 em Santa Luzia.
Sobre a vacinação dos professores, que já está ocorrendo, a assessoria de comunicação não divulgou o número de profissionais já vacinados e a quantidade de doses destinadas a este público.
Christiano Xavier informou que o retorno das aulas presenciais ocorrerá daqui a 20 dias e que no momento a prefeitura está preparando as escolas para atender os protocolos.
Ainda segundo ele, as doses da vacina serão para todos os profissionais da educação, como cantineiras, serventes, faxineiros, porteiros e o transportador escolar.
“Passei mais de 20 anos da minha vida estando entre o cidadão de bem que foi vítima e o autor de um crime. E é o que está acontecendo neste momento, tem essas duas pessoas na linha e a imunização está sendo direcionada para o que delinque, aquele que errou e que, inclusive, está dentro de uma carceragem, isolado. Tem vários outros cidadãos mais importantes que estão expostos no dia a dia como, por exemplo, motoristas de ônibus. Que estão tendo que ir pra rua buscar o pão de cada dia”, pontua o prefeito.
Christiano Xavier contou que tem vontade de focar a vacinação em todos os grupos de trabalhadores que atuam com o público, como é o caso de bancários e comércio, como supermercados.
A decisão de alterar a orientação do Ministério da Saúde trouxe insegurança à Secretaria Municipal de Saúde, mas, segundo Xavier, ele quis arcar com as responsabilidades.
“O pessoal ficou receoso pelas implicações jurídicas de não seguirmos o PNI. Eu falei que queria, eu assino embaixo e sou eu quem ‘tô’ mandando. Se não fizer, eu mando embora. É cheio de órgão de sindicância, querendo colocar a gente em cabresto pra seguir determinado caminho, mas eu fui eleito pelo povo. Como eu vou vacinar um monte de ladrão e deixar motorista de ônibus e deixar toda essa categoria de trabalhadores de fora? Eu não aceito. Eu vou mandar embora se vacinar ladrão primeiro que trabalhador. Se eu receber as implicações jurídicas, estou pronto para me defender”, contou o prefeito.
Recentemente, Christiano Xavier publicou em sua rede social um crítica em relação à imunização da população carcerária e tem recebido apoio da população.
Segundo ele, “99% das pessoas estão me aplaudindo. Que outros prefeitos tomem coragem e não deixem um absurdo desse acontecer. Imagina Ribeirão das Neves ter que vacinar ladrão primeiro que o povo? Eles vão ficar uns dois meses vacinando ladrão, tem umas cinco cadeias lá”, criticou o prefeito de Santa Luzia.
De acordo com o Ministério da Saúde, estados e municípios têm autonomia para seguir com a campanha de vacinação de acordo com suas peculiaridades.
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