O arquiteto, urbanista e político Jaime Lerner morreu, ontem, aos 84 anos, por causa de complicações renais causadas por uma doença crônica. Ele estava internado desde o último domingo no Hospital Evangélico Mackenzie, em Curitiba. Foi três vezes prefeito da capital paranaense e governador do estado em duas oportunidades. Ganhou fama internacional pelo projeto que transformou o transporte público de Curitiba, além de grandes planos arquitetônicos e urbanísticos em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Aracaju, Natal, Goiânia, Campo Grande e Niterói (RJ).
Lerner nasceu em 17 de dezembro de 1937, na capital paranaense, de uma família de origem judaica. Formou-se em arquitetura em 1964 pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e trabalhou no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) desde a criação, em 1965. Em 2002, foi eleito presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA).
Na administração de Curitiba, Lerner ficou internacionalmente conhecido pelo projeto de planejamento urbano e transporte integrado da cidade. O principal legado foi a adoção, em 1974, do sistema BRT, que percorre vias exclusivas para ônibus e tem terminais integrados pela cidade. Nos anos seguintes, o exemplo curitibano foi replicado em várias cidades do mundo e, no Brasil, Rio de Janeiro e Niterói adotaram o mesmo modelo.
As gestões de Lerner na Prefeitura de Curitiba também foram marcadas pela criação de parques arborizados — destacam-se o Jardim Botânico e A Ópera de Arame. Também foi na sua administração o fechamento da Rua XV para carros.
Modernização
Como governador, desenhou o plano do Anel de Integração — que concedeu as principais rodovias do estado às empresas privadas para modernização. E privatizou o Banestado, até então uma fonte de escândalos políticos, sendo que vários acusados do Petrolão do PT — como o doleiro Alberto Youssef — também atuaram nas fraudes envolvendo o Banco do Estado do Paraná.
Foi na gestão de Lerner que o estado se tornou um polo da indústria automobilística. Montadoras como Renault, Audi e BMW se instalaram por meio de incentivos fiscais e empréstimos concedidos pelo governo estadual. Mas, em 2011, ele foi condenado a três anos e meio de prisão por ter feito um aditivo contratual não previsto na licitação original, que prorrogou a concessão da BR-476 e da PR-427. Lerner não foi preso e a pena foi convertida em multa.
Publicou seis livros sobre planejamento urbano e recebeu prêmios e títulos internacionais. Na política, teve estreita ligação com o PDT, sobretudo com o ex-governador Leonel Brizola e o prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira. Mas fez carreira, também, no PFL, que depois se tornaria o DEM.
Em março, testou positivo para o novo coronavírus, apesar de já ter tomado as duas doses da vacina. Lerner estava internado desde o dia 21 de maio, após apresentar um quadro febril. O velório foi na capela do Cemitério Israelita do Água Verde e o sepultamento, no Cemitério Israelita do Santa Cândida.
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