ÓDIO GENERALIZADO

Ataque à creche em SC: para polícia, assassino não tem distúrbio

Mais de 20 pessoas foram ouvidas durante o inquérito, que contou com o apoio nas investigações da Embaixada dos Estados Unidos

Fabiano Kipper Mai, que matou a facadas cinco pessoas na creche Pró-Infância Aquarela, em Saudades, município catarinense, em 4 de maio, não teria apresentado nenhum indício de ter algum problema mental. Foi o que assegurou, ontem, o delegado Jeronimo Ferreira Marçal, da Polícia Civil de Santa Catarina, que presidiu o inquérito.

“Ele queria matar o maior número de pessoas. Ele agiu com esse objetivo, estava com pressa. Os relatos que a gente recebeu é de que ele tentava entrar numa sala e, como não conseguia, tentava em outra”, afirmou.

Com o auxílio de uma psicóloga da Polícia Civil, ele chegou à conclusão de que a possível motivação do crime pode ter sido por um ódio generalizado. “A intenção dele, num primeiro momento, quando ele pensou em executar os crimes, foi contra pessoas que tinham um certo convívio, na escola onde estudava, por exemplo. Ele pensou em comprar uma arma de fogo, e tentou em várias oportunidades”, relatou.

Mais de 20 pessoas foram ouvidas durante o inquérito, que contou com o apoio nas investigações da Embaixada dos Estados Unidos. Segundo a polícia, as armas utilizadas no crime foram compradas pela internet e chegaram à casa de Fabiano cinco dias antes do crime pelo correio. A família tinha conhecimento de tudo.

“Ninguém do seu convívio, nem mesmo a família, conseguiu prever o que poderia acontecer. A partir do momento da chegada das armas, foi que ele definiu o local e o dia dos crimes. A arma, uma faca, que tem suas especificidades, mas é uma faca que custou cerca de R$ 400”, observou o delegado. O inquérito contra Fabiano foi finalizado ontem, ouviu mais de 20 testemunhas e será encaminhado ao Ministério Público de Santa Catarina.

De acordo com Marçal, o autor do crime era uma pessoa isolada, que tinha contato com conteúdos violentos na internet. “Os elementos mostram que ele era uma pessoa de dificuldade de relacionamento, mas em um nível muito acima do normal. Nos últimos tempos, se isolou cada vez mais, começou a ter contato com ideias violentas e com pessoas que pensavam como ele”, explicou o delegado.

A polícia afastou a hipótese de participação de uma segunda pessoa no crime — Fabiano admitira que agiu sozinho. No ataque, morreram três crianças com menos de dois anos e duas funcionárias. (Colaborou Gabriela Bernardes, estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi)