ALERTA

Covid-19: feriado desta quinta ameaça acelerar avanço da terceira onda

Com a aproximação do Corpus Christi e o ponto facultativo na sexta-feira, especialistas alertam que deslocamento de pessoas tem tudo para fazer avançar a propagação do novo coronavírus, como já foi registrado em datas anteriores

Maria Eduarda Cardim
Gabriela Chabalgoity*
Gabriela Bernardes*
postado em 02/06/2021 06:00 / atualizado em 02/06/2021 07:57
 (crédito: Miguel Schincariol/AFP - 26/3/21)
(crédito: Miguel Schincariol/AFP - 26/3/21)

Os feriados remetem a dias de lazer e descanso, mas, em plena pandemia da covid-19, representam maior circulação de pessoas e, consequentemente, acelera a transmissão do novo coronavírus. Os efeitos disso, porém, só começam a ser percebidos dias depois, quando as infecções são confirmadas e, em muitos casos, evoluem para internações e mortes. Por isso, a data de Corpus Christi, amanhã, preocupa as autoridades públicas e especialistas, que enxergam a possibilidade de uma nova elevação no já alto patamar dos casos da doença.

“As experiências anteriores que tivemos, com grandes feriados como os de fim de ano e Dia das Mães, foram experiências ruins. Houve um aumento de casos após esses feriados e, por isso, é um motivo de tensão”, salientou o infectologista do Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, Alexandre Cunha.

Em 9 de maio, no Dias das Mães, a mais recente data festiva do calendário, a média móvel de casos, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), era de 61.411 infecções. Duas semanas depois, em 24 de maio, essa média aumentou para 66.195. Depois do feriado do Ano Novo, que é maior e costuma ser ainda mais movimentado, o aumento de testes positivos foi ainda mais impressionante: a média móvel, de 36.004 casos confirmados em 31 de dezembro, passou para 51.803, duas semanas após, em 14 de janeiro.

O infectologista André Bon, do Hospital de Brasília, enfatiza que a baixa cobertura vacinal do país impulsiona a terceira onda: “São poucas as pessoas com as duas doses da vacina e um número alto de casos nas cidades. Isso faz com que ainda haja circulação do vírus e uma possibilidade bastante real de ocorrência da terceira onda”, observou.

Para tentar conter o deslocamento, algumas cidades buscam impor restrições e outras até já anteciparam o feriado de amanhã para evitar a movimentação de pessoas. Em São Paulo, por exemplo, a data foi antecipada para março pela prefeitura e, com isso, as restrições serão as mesmas para o atual funcionamento de estabelecimentos. De quinta-feira a domingo, a cidade continuará na atual fase de flexibilização do plano estadual de contenção, que autoriza lojas, shoppings, academias, salões de beleza e restaurantes a operarem até as 21h.

Outras cidades, como Campinas (SP), confirmam a instalação de barreiras sanitárias durante o Corpus Christi. Em Belo Horizonte, a prefeitura anunciou que os funcionários públicos não terão acréscimo de ponto facultativo na sexta-feira para não incentivar aglomerações e viagens no período de pandemia.

*Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi

 

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Vacina quase 100% nacional

Rumo à produção 100% nacional da vacina contra a covid-19, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) assinou, ontem, o contrato de recebimento de tecnologia da fabricação do imunizante Oxford/AstraZeneca. Com isso, a entidade será capaz de fazer, em território nacional, o ingrediente farmacêutico ativo (IFA), necessário para a produção das doses no Brasil e que, até o momento, precisa ser importado da China. Com as adaptações da planta fabril já feitas e com o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) das instalações da Fiocruz já obtido, a produção do IFA nacional deve começar ainda este mês.

No entanto, a fundação explicou que a produção exige uma série de etapas e, por isso, a expectativa é de que as primeiras doses 100% nacionais sejam entregues apenas em outubro. “Trata-se de uma produção complexa, que incluirá uma série de etapas, passando pela produção inicial de dois lotes de pré-validação e três de validação, que passarão por testes de comparabilidade pela AstraZeneca, até alcançar a produção em larga escala”, explicou a Fiocruz, em nota.

A cerimônia de assinatura do contrato contou com a presença do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que disse trabalhar para acelerar o programa de vacinação contra a covid-19 no Brasil. “O contrato de transferência tecnológica, que hoje (ontem) celebramos, permitirá avançarmos em relação à autossuficiência e soberania produtiva dessa vacina. Trata-se de mais um passo crucial para que possamos melhor nos posicionar estrategicamente na luta contra a pandemia”, destaca a Fiocruz.

O presidente Jair Bolsonaro, que esteve presente ao evento, ressaltou o trabalho dos ex-ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, e das Relações Internacionais, Ernesto Araújo, nas primeiras tratativas do acordo assinado ontem. “Pediria que aplaudissem o ex-ministro Pazuello, que foi quem começou esse contrato”, disse, que depois adicionou agradecimentos ao ex-chanceler. (MEC)

Rio adota protocolo para cepa indiana

Os passageiros que tenham passado pela Índia e que desembarcam nos aeroportos do Rio de Janeiro desde ontem estão sendo obrigados a se submeter a teste rápido de covid-19. Quem testar positivo será isolado em um hotel no município do Rio e submetido a outro teste, mais demorado e preciso. As amostras serão encaminhadas para sequenciamento genômico e identificação da variante. A aplicação dos testes é uma iniciativa da secretaria estadual de Saúde, em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para tentar impedir a disseminação da variante indiana do coronavírus.

Um homem que mora em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, passou pelo aeroporto do Rio na semana passada, após viajar a trabalho para a Índia, contaminar-se com a variante do coronavírus surgida naquele país e desembarcar no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (região metropolitana de São Paulo). Ele está isolado e as pessoas que tiveram contato com ele estão sendo monitoradas. Até ontem não havia nenhuma outra confirmação de contaminação pela cepa indiana no estado.

Como não existem voos diretos entre o Rio de Janeiro e a Índia, o monitoramento dos passageiros é realizado pela Anvisa, que controla todos os voos que chegam ao Brasil vindos da Índia, verifica se algum passageiro pretende pegar um voo doméstico para o Rio e, em caso positivo, alerta os agentes da secretaria estadual de Saúde do Rio para que identifiquem o passageiro e o submetam a teste assim que desembarcar no Aeroporto Santos Dumont, no Centro, ou no Tom Jobim, na Ilha do Governador (zona norte).

Se o passageiro testar positivo, será isolado e monitorado pela Superintendência de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde, em parceria com a Vigilância municipal. “Estamos em contato com a Anvisa, que é responsável pelas vigilâncias em portos e aeroportos, e fechamos com o Ministério da Saúde uma ação dentro dos aeroportos do Galeão e do Santos Dumont. Receberemos a lista de passageiros vindos da Índia que embarcarem em São Paulo com destino ao Rio. Nossa preocupação é com essa nova variante. Essas medidas buscam diminuir as chances de entrada dessa cepa no Rio de Janeiro”, afirmou o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe.

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