Paulo Thiago Paes, cineasta

Correio Braziliense
postado em 06/06/2021 01:03 / atualizado em 06/06/2021 01:03
 (crédito: Paulo de Araújo/CB/D.A Press - 20/10/ 08)
(crédito: Paulo de Araújo/CB/D.A Press - 20/10/ 08)

Morreu, ontem, o cineasta Paulo Thiago Paes, aos 75 anos, no Rio de Janeiro, após sofrer uma parada cardíaca. Ele estava internado no Hospital Samaritano desde 7 de maio e sofria com uma doença hematológica. Diretor de filmes como Policarpo Quaresma, Herói do Brasil, de 1997, inspirado na obra de Lima Barreto, e do documentário Coisa Mais Linda: Histórias e Casos da Bossa Nova, de 2005, era uma figura importante do cinema brasileiro. Com o filme Sagarana, o Duelo, de 1974, baseado em uma obra de Guimarães Rosa, Paulo Thiago foi indicado ao Urso de Ouro, no Festival Internacional de Berlim.

Paulo Tiago deixa a esposa, Gláucia Camargos, e dois filhos, Paulo Francisco, que é músico, e Pedro Antônio, também cineasta. Pedro é o diretor do programa 220 Volts, que era estrelado pelo ator e humorista Paulo Gustavo, vítima da covid-19, e de alguns filmes de comédia, como Os Salafrários e Um Tio Quase Perfeito.

O velório foi realizado no Rio, em cerimônia fechada a familiares. O cineasta tinha um projeto futuro, e pretendia dirigir Rabo de Foguete, filme baseado no livro de Ferreira Gullar.

Paulo Thiago nasceu em Minas Gerais, no município de Aimorés, mas mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro, onde fez faculdade de Economia. O interesse pelo cinema veio durante o período em que cursou o ensino superior. Em sua carreira, dirigiu outros filmes, como Orquestra dos Meninos (2008).

“A literatura tem sido uma certa obsessão da minha vida filmando. Mas, nos últimos anos, tenho caminhado mais para filmes inspirados em histórias reais. Não sei se esgotei o ciclo da literatura do cinema”, disse ele em uma entrevista dada ao canal Tutaméia em 2019.

Entre outras das produções de Paulo Thiago, estão Poeta de Sete Faces (2002), que abordou a vida de Carlos Drummond de Andrade, Vagas para Moças de Fino Trato (1993) e O Vestido (2003).

Aos 14 anos de idade, o cineasta encantou-se com a Bossa Nova ao ouvir Chega de Saudade, de João Gilberto, e passou a frequentar shows e também a estudar violão, tendo aulas com Roberto Menescal. A paixão pelo gênero rendeu Coisa Mais Linda — História e Casos da Bossa Nova (2005), um de seus últimos trabalhos lançados.

Paulo Thiago ainda foi produtor de obras marcantes como O Bom Burguês (1982), de Oswaldo Caldeira, Beijo na Boca (1981), de Paulo Sérgio Almeida, e Engraçadinha (1981), de Haroldo Barbosa. Por seu primeiro filme, Os Senhores da Terra, recebeu o prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci).

No passado, chegou a presidir o Sindicato da Indústria Cinematográfica e Audiovisual do Rio de Janeiro (Sicav) e a Associação Brasileira de Produtores Cinematográficos. Também esteve entre os fundadores da Associação Brasileira dos Cineastas.


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