Desculpas

Médico detido no Egito chora em live e diz que foi infantil e "super infeliz"

Victor Sorrentino comentou sobre vídeo em que assedia mulher egípcia, sobre bolsonarismo e cloroquina, além do período em que ficou detido para investigação

Correio Braziliense
postado em 09/06/2021 18:18 / atualizado em 09/06/2021 18:33
 (crédito: Cena da live no instagram @drvictorsorrentino)
(crédito: Cena da live no instagram @drvictorsorrentino)

O médico que postou vídeo fazendo piadas de cunho sexual com uma mulher em loja de Luxor, no Egito, em 24 de maio, gravou live para falar sobre o ocorrido e as repercussões.

No vídeo, o médico e youtuber Victor Sorrentino entrega um pedaço de papiro para uma vendedora, que não entende português, e diz: "Elas gostam é do bem duro, bem duro! Comprido também fica legal, né?”.

Depois de repercussões negativas no Brasil, no Egito e em outros países árabes, ele apagou o vídeo, pediu desculpas e foi detido pelas autoridades de Cairo, em 30 de maio.

Na transmissão ao vivo feita na terça-feira (8/6) em seu perfil do Instagram, onde tem quase 1 milhão de seguidores, Sorrentino começa dizendo que não é uma live para apagar o que aconteceu nem para tentar justificar os erros cometidos.

Em seguida, ele conta que estavam na loja conversando sobre as imagens de artefatos de homens e deuses com os órgãos sexuais expostos, e que todos estavam rindo disso. Sorrentino explica esse contexto para mostrar qual era o assunto no momento e as brincadeiras relacionadas a isso que estavam sendo feitas pelos egípcios presentes na loja.

Ele também diz que foi reativo ao responder quem criticou a fala dele no vídeo, pois era em um lugar “cheio de imagens com pênis gigantes”, afirmou, referindo-se às esculturas egípcias da loja.

Na última quinta-feira (3/6), a família do médico brasileiro divulgou uma carta com um pedido de desculpas em inglês e em árabe à vítima e ao Egito. Na live, ele também afirma: “Estou disposto a pagar aquilo que for necessário pelo meu erro”, e completa: "Fui infantil e super infeliz nas palavras escolhidas".

Além disso, o médico se emociona ao falar que sofreu muito e passou os melhores e piores momentos de sua vida: “Nunca imaginei que eu fosse passar por aquilo, nunca imaginei que minha família fosse passar pelo o que ela passou, ela realmente ficou sem ter notícias minhas por um período, essa investigação foi muito dolorosa”.

E completa: “Eu sou capaz de suportar cinco, 10 anos isolado dentro de qualquer lugar se eu tivesse a convicção que eu preciso pagar pelo erro que eu cometi, mas minha família não ia aguentar esse tempo, eles foram julgados, agredidos, ameaçados, por conta de 15 segundos de um vídeo que eu me desculpei, de um erro que é aparentemente inafiançável: usar palavras erradas”.

O doutor Victor Sorrentino afirma que a vendedora egípcia do vídeo não quis prestar queixa nem receber pagamento pelo que passou. Ele também diz que as autoridades do país decidiram que “não havia motivos para abrir processo, deportar, reter o passaporte", e que ele devia" seguir seu curso para casa e voltar ao Egito quando quisesse, sem ter que pagar absolutamente nada a não ser o preço do sofrimento de ter ficado praticamente seis dias sendo investigado".

Durante sua fala, o médico comentou sobre as associações feitas sobre ele em relação ao bolsonarismo e à defesa da cloroquina: “Votar em alguém foi uma opção que eu tive naquele momento, mas não tenho ídolos na política.” “Eu prescrevo um produto para os meus pais, aquilo em que eu acredito”, disse.

Por fim, ele pede desculpas às comunidades femininas que se sentiram agredidas e chora ao dizer: “Sou filho de uma mulher de quem me orgulho muito, sou irmão de duas mulheres honestas, tenho uma esposa, cresci em volta de mulheres, tenho três primas de primeiro grau. Se eu não respeitasse mulheres, eu não era digno de viver na família que eu vivo".

Sorrentino finalizou a live com pedidos de amor e perdão, comparou as condenações nas redes sociais à Inquisição e ao Tribunal de Nuremberg e citou trechos bíblicos, como "hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão” e “se o homem julgasse a si mesmo, ele jamais seria condenado”.

O médico e youtuber retornou ao Brasil no domingo (6/6). O caso foi acompanhado pela embaixada e pelo Itamaraty.

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