NOVA ALTERNATIVA

Voluntários para participar de testes da ButanVac já podem se candidatar

Butantan abre pré-cadastro para quem quiser participar do estudo com o imunizante brasileiro. Mas número de inscritos para a primeira etapa será restrito: 418 pessoas com mais de 18 anos estarão habilitadas

Maria Eduarda Cardim
postado em 17/06/2021 06:00
Seleção daqueles que pretendem participar dos testes da Butanvac será feita pelos complexos científicos conveniados com o Butantan -  (crédito:  Miguel Shincariol/AFP)
Seleção daqueles que pretendem participar dos testes da Butanvac será feita pelos complexos científicos conveniados com o Butantan - (crédito: Miguel Shincariol/AFP)

Uma semana após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a realização de testes em humanos com a Butanvac, o Instituto Butantan abriu, ontem, o pré-cadastro para voluntários que desejam participar do estudo com a vacina que será produzida totalmente no Brasil. A primeira etapa dos testes acontecerá com 418 voluntários que tenham mais de 18 anos. Apesar de começar a permitir a candidatura das pessoas, o início dos estudos só poderá ser feito após a autorização dos ensaios clínicos por parte da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que ainda não recebeu os documentos para avaliar se aprova o início da pesquisa.

As avaliações serão feitas em três etapas e, na primeira, que reunirá 418 voluntários, analisará a segurança e qual dose é a mais apropriada para gerar anticorpos. A etapa A será conduzida pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. Para se cadastrar, as pessoas podem encontrar mais informações no site criado pelo Butantan (https://butanvac.butantan.gov.br) e não é preciso ser um profissional de saúde para participar da pesquisa.

O diretor do Butantan, Dimas Covas, explicou que não é a instituição que fará a escolha dos voluntários, mas, sim, os complexos de pesquisas que realizarão as análises junto ao Instituto. “Esse é um pré-cadastro. Os voluntários são selecionados pelos centros que realizarão o estudo. O Butantan faz esse pré-cadastro no sentido de encaminhar as informações de forma detalhada às pessoas interessadas”, explicou. O Correio questionou a Conep por que o Butantan ainda não enviou os documentos, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Além de precisar da aprovação da Comissão antes de começar a aplicar o imunizante nos voluntários selecionados, o Butantan ainda deve apresentar à Anvisa informações complementares sobre testes em andamento com a vacina. Esta é a primeira vez em que a Butanvac será aplicada em humanos. Segundo a agência reguladora, os testes de fases 1 e 2 do imunizante serão feitos com duas doses, num intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda.

Dimas Covas explicou que o estudo clínico da Butanvac será de comparação de resposta imune — ou seja, os resultados serão comparados aos das vacinas que vêm sendo utilizadas contra a covid-19. “É um estudo diferente, de comparabilidade de resposta imune. Com isso você pode chegar aos resultados de eficiência”, explicou. Os testes estão projetados para durar até 17 semanas.

Entregas

Enquanto a Butanvac ainda se prepara para ser testada, o Butantan continua a produzir a CoronaVac para entregar ao Ministério da Saúde. Ontem, enviou mais 1 milhão de doses para serem disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). Com a nova remessa, o Instituto chegou à marca de 50 milhões de doses entregues ao governo federal. Amanhã, outra entrega será feita.
“Agora, são 50 milhões para a vacinação dos brasileiros. É a metade do compromisso estabelecido pelo Butantan, de 100 milhões de doses”, destacou o governador de São Paulo, João Doria.

O Ministério também recebeu, ontem, nova remessa de doses da vacina Comirnaty, produzida pela Pfizer/BioNTech. Mais 936 mil unidades chegaram ao Brasil e é a segunda entrega feita nesta semana. Ao todo, 2,4 milhões serão enviadas ao país.

Também ontem, a Anvisa também autorizou a importação excepcional da Sputnik V por mais sete estados: Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Amapá, Paraíba e Goiás. O aval foi dado com as mesmas condicionantes estabelecidas para as outras unidades da federação, que conseguiram a autorização para trazer a vacina russa em 4 de junho. As doses só poderão ser aplicadas em adultos, de 18 a 60 anos, sem comorbidade e em até o máximo de 1% da população de cada estado.

Novo ataque às vacinas e máscaras

O presidente Jair Bolsonaro voltou, ontem, a se opor ao uso de máscaras para mitigar a proliferação do novo coronavírus e criticou até mesmo a sinalização com pedidos de cumprimento da medida em painéis de rodovias paulistas. Tal como na Rodovia dos Bandeirantes, que ele utilizou, sábado passado, durante passeio de moto com seguidores. “O que dá para entender, um cara, no carro com a família dele, usando máscara? A intenção do governo do estado é multar. Quanto mais lei tem, pior é aquele país”. Bolsonaro também voltou a defender a imunização facultativa contra covid-19 e a criticar o do Senado, que aprovou o projeto do “passaporte da covid” — a proposta, agora, está na Câmara. Para o presidente, a matéria foi pouco debatida. “Toma vacina quem quer”, disse.

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