MEIO AMBIENTE

Desmatamento em maio na Amazônia sobe 70%

Ádamo Dan - Especial para o Correio Braziliense
postado em 18/06/2021 00:54 / atualizado em 18/06/2021 00:54

A taxa de desmatamento na Amazônia de maio de 2021, se comparada com o mesmo mês do ano passado, aumentou 70%. A área devastada, de 1.125 km², é praticamente do tamanho do município do Rio de Janeiro e é a maior da série histórica para o mês dos últimos 10 anos, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados ontem.


De acordo com informações do Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), que monitora a Amazônia Legal por meio de satélites, esta é a terceira vez consecutiva que a destruição no bioma bate recorde em uma década: março e abril também registraram os piores índices desde 2012. “Esse aumento expressivo em maio é muito preocupante porque estamos entrando na estação seca, que na maior parte da Amazônia Legal ocorre entre junho e setembro, quando, historicamente, são registrados os picos de desmatamento do ano”, alertou Antonio Fonseca, pesquisador do Imazon.


Os estados mais desmatados são o Pará e o Amazonas, que somaram 688 km² de derrubada de mata nativa em maio, o que corresponde a 60% do total detectado na região amazônica. O território de floresta destruído em solos paraense e amazonense é semelhante, por exemplo, ao da cidade de Salvador. Depois desses dois estados, vêm Mato Grosso (20%), Rondônia (12%), Acre (4%), Maranhão (3%) e Roraima (1%).


No Amazonas, os três municípios que figuram no ranking das 10 cidades onde foram registradas as maiores destruições da floresta — Lábrea, Apuí e Novo Aripuanã —, estão localizados no sul do estado. Além disso, seis dos 10 assentamentos que mais registraram florestas desmatadas estão em solo amazonense.


As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 39 km² em maio, um aumento de 144% em relação ao mesmo mês de 2020, quando a área foi de 16 km². A degradação detectada em maio deste ano ocorreu no Mato Grosso (85%) e no Pará (15%).

Diferenças

Segundo o Imazon, o desmatamento é o processo de realização do “corte raso”, que é a remoção completa da vegetação florestal — na maioria das vezes, essa mata é convertida em áreas de pasto. Já a degradação é caracterizada pela extração das árvores, normalmente para a comercialização da madeira. Outros exemplos de degradação são os incêndios florestais, que podem ser causados por queimadas controladas em áreas privadas para limpeza de pasto, por exemplo, mas que se alastram e atingem a floresta.


“Os resultados de maio não poderiam ser diferentes, já que os retrocessos na governança ambiental só aumentam. Os reflexos dessa destruição já são sentidos na baixa histórica dos reservatórios no Sudeste e Centro-Oeste, com ameaças de falta d’água, contas de luz mais caras e risco de racionamento de energia”, criticou Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace, com base nos resultados do Imazon.


Já a gerente de Projetos e Produtos do Instituto Escolhas, Jaqueline Ferreira, salientou para tentar reverter essa situação “é preciso retomar a capacidade dos nossos órgãos ambientais de punir e fiscalizar desmatadores. Esses órgãos vêm sendo sucateados nos últimos dois anos e isso se tornou um sinal verde para os desmatadores continuarem fazendo e de forma impune”.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

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