Com o título “Mudam o nome, continua a safadeza”, viralizou nesta terça-feira (22/6) um novo vídeo do padre Chrystian Shankar de Divinópolis, Região Centro-Oeste de Minas Gerais.
Tratando como “pouca vergonha”, ele esmiuçou um material que teria sido distribuído em uma escola particular da cidade com informações sobre poliamor. Ele acusou a instituição de querer perverter crianças e adolescentes.
As imagens que circulam na internet são de um trecho da celebração transmitida um dia antes. O sacerdote disse que foi procurado por um casal após ouvir uma ligação do filho adolescente, sendo convidado pela melhor amiga para uma relação a três. Os pais pediam ajuda para lidarem com a situação.
O adolescente foi convidado pela menina após ela assistir a uma palestra na escola sobre novas modalidades de amor e família. O tema foi duramente criticado por Shankar.
“Quando eu acho que o negócio tá ruim, porque eu pensei que o ruim é o ideologia de gênero, tem coisa pior”, declarou.
Sem citar nomes, o padre atacou a psicóloga que teria ministrado a palestra. Em um momento, simulou como se estivesse cuspindo ao citá-la.
Disse que estão querendo destruir os valores e a família. “Os valores familiares somos nós, vocês educam cultura livresca. Não, eles entram neste meandros”, disse.
Afirmando que desconhecia o termo até então, o classificou como “safadeza, prostituição, promiscuidade”.
“Tem um tanto de nome, agora é o poliamor”, completou. Afirmou que querem “estragar a obra de Deus”, o que ele resumiu como “família e casamento”.
“Casal vinha de casamento, casal era um homem e uma mulher. Agora já não é mais, tem outros casais. Agora, casal não é mais dois, pode pôr mais nisso aí”, ironizou.
O sacerdote ainda acusou a escola de querer doutrinar crianças a adolescente. “Eles pegam as crianças que não têm valor ainda. Ensinado os pequenininhos que as coisas são assim, eles vão viver assim. As crianças são tábuas rasas. O plano deles é esse. Escolas de ensino fundamental e médio”, acusou, sem mencionar quem seria “eles”.
Novo vídeo
Não satisfeito, o padre fez uma nova gravação, desta vez por meio das redes sociais dele. Reforçou todas as declarações e disse que se tratava de um alerta aos pais. “Escolas estão pervertendo”, disparou.
Shankar alegou que adultos são livres para tomar decisões, entretanto, criticou a exposição de crianças e adolescentes aos temas de sexualidade.
“Outra coisa é você pegar crianças, pré-adolescentes, formar a mente deles como se isso fosse o ideal, a normalidade, que tanto faz ele namorar um, como dois, como três, como seis (...) Uma criança de 12, 13 anos não tem capacidade emocional para definir o que ele será a vida toda”, comentou.
Repercussão
O vídeo gerou indignação e arrancou reações nas redes sociais. “Infelizmente, estão destruindo há vários anos a mente das nossas crianças, estamos em uma guerra, Deus tenha misericórdia”, afirmou uma internauta.
“Fiquei assustada com essa nova invenção da modernidade”, disse outra.
Outra cobrou mais transparência do padre. “Trabalhei em 6 escolas, nunca vi nada nesse sentido. Quando você fala que a 'perversidade' está sendo ensinada nas escolas, você deveria contar em quais escolas. Porque essa generalização acaba denegrindo a imagem das escolas e dos profissionais que ali atuam. Quem não deve não teme, conte para o povo qual escola está ensinando 'perversão' para os alunos. Por que não, né?”.
O escritor e também professor Juvenal Bernardes fez um vídeo em resposta. Tratou as declarações do padre como desrespeitosas aos professores, às escolas e a todos que lidam com a educação.
“A atitude do padre foi covarde, para dizer o mínimo. E seu discurso raso, repleto de incoerências e distorções, pode convencer ao seu rebanho e aos que, por má fé, seguem no vácuo de seu moralismo tosco. Mas não sobrevive a qualquer análise crítica”, pontuou.
Bernardes, assim como a outra internauta, também o desafiou. “Se for homem, para além de religioso, dê os nomes dos professores e das escolas. Porque se não o fizer, você não passa de um leviano, sr. Padre”.
Durante a pregação, o padre disse que não citaria nomes para evitar processos judiciais.
Nenhum sindicato ou instituição ligado à classe se manifestou sobre o tema até o momento.
*Amanda Quintiliano especial para o EM
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