"Queremos um líder com mentalidade ágil", diz presidente da Enap

Em entrevista ao CB.Poder, Diogo Costa falou sobre desafio de se modernizar a administração pública e de formar lideranças capacitadas e prontas para lidar com a inovação digital

Gabriela Chabalgoity*

postado em 30/06/2021 20:33 / atualizado em 30/06/2021 21:11

(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press)

O CB.Poder desta quarta-feira (30/6) recebeu o presidente da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Diogo Costa. Em entrevista à jornalista Sibele Negromonte, Diogo falou sobre o desafio de se modernizar a administração pública e de formar lideranças capacitadas e prontas para lidar com inovação digital e prestar serviços de maneira ágil. O programa é uma parceria do Correio com a TV Brasília.

“Nós vemos muitos estados se digitalizando, processos que eram de papel agora são processos em tela de computador. A gente vê como isso vem acontecendo por todo o Brasil e saber como o serviço público se relaciona com essa transformação é super importante. Colocar cursos à disposição dos servidores para que eles possam se adaptar às novas tecnologias e às novas demandas da sociedade”, disse.

"Não queremos um líder com mentalidade apenas burocrática, queremos um líder com mentalidade ágil, que consiga inspirar talentos e gerir o seu órgão com as novas ferramentas que estão ao seu dispor", explicou.

A formação de líderes com esse foco é parte da modernização necessária para garantir mais eficiência e combater o inchaço da máquina pública, avaliou o presidente, que citou a iniciativa Lidera.gov. "Em vez de a gente falar simplesmente sobre o inchaço da máquina pública, é interessante falar sobre a requalificação", observou. "Fizemos um programa que mapeou 60 potenciais de liderança no governo com um programa de mentoria, de capacitação que conseguisse dar a elas esse arsenal."

"Existem funções obsoletas no serviço público, sem dúvida, é isso que a nossa pesquisa mostra", disse. "A questão é que vamos precisar requalificar essas pessoas, repensar as nossas equipes e a forma como o trabalho é feito na adminstração pública é superimprotante, até para fazer com a máquina seja uma aliada das pessoas", completou.

Diogo Costa também falou sobre questões relacionadas à pandemia. Uma das ações da Enap para ajudar gestores públicos foi justamente na área de educação, com cursos voltados para servidores de escolas públicas. Na página da Enap na internet é possível ter acesso a todos os cursos disponíveis. Há opções inclusive para o público em geral.

Parcerias e contribuições

A Enap contribui com vários outros órgãos. No caso do InMetro, foi oferecido um serviço para melhorar a confiabilidade dos testes rápidos com equipamentos avançados. Também houve auxílio ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que passou a registrar muito mais pedidos de pensão por morte durante a pandemia, chegando a 800 mil por mês. “Reduzimos essa fila adaptando um fluxo simplificado ao requerimento da pensão por morte por cruzamento de informações entre os fluxos de dados”, assegurou o presidente.

Quando questionado sobre em que nível o Brasil está no âmbito da burocracia, Diogo Costa afirma que o país avançou e, quando se observam os rankings internacionais de digitalização, o Brasil agora ocupa a 20ª posição. “De certa forma, ainda vejo uma necessidade muito grande da gente conseguir utilizar a digitalização de uma forma que consiga mudar o jeito de se fazer gestão”, disse.

Em relação ao corte orçamentário sofrido em 2019, o presidente da Enap afirmou que a escola conseguiu sair disso de forma produtiva. “Existe um benefício em fazer mais com menos. O que tivemos em 2019 foi a fusão entre as duas maiores escolas de governo do Brasil, a Escola Fazendária (Esaf) e a Enap, e a partir daí a gente conseguiu reduzir o nosso orçamento, reduzimos despesas em 18%, reduzimos também o nosso pessoal, não que não estivessem fazendo um bom trabalho, mas porque elas faziam mais sentido em outros órgãos do que numa escola que agora está mais integrada com os processos mais racionalizados”, explicou.

Sobre como expandir a utilização da escola virtual para âmbito municipal, Costa afirmou que é possível e extremamente necessário. “A primeira forma é olhar para a escola virtual e ver o que daquele material faz sentido para aquele município. A segunda forma é usar a escola virtual para benefício do município. Às vezes o município quer implantar um curso que quer atingir vários servidores, a gente serve como plataforma para capacitação on-line”, explicou.

Assista à íntegra da entrevista:

* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer