500 mil mortes

500 mil mortes: Ludhmila Hajjar diz que 'não há um Ministério da Saúde eficiente'

Logo após, a médica criticou diretamente o presidente. "Nós temos um presidente que não liga para as vacinas, que não se vacinou, que fala que a vacina vai transformar a pessoa em jacaré. Isso tudo leva para as pessoas insegurança e abre espaço para as fake news", repreendeu.

No dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 500 mil mortes pela covid-19, a médica cardiologista Ludhmila Abrahao Hajjar, que já foi cotada para assumir o Ministério da Saúde, publicou, em seu perfil do Instagram, um extenso vídeo lamentando as vidas perdidas e criticando a atuação da pasta no combate à pandemia da covid-19.

"Infelizmente, hoje, não temos motivos para comemorar, apenas para lamentar. 500 mil mortes, 500 mil vidas que se foram, 500 mil famílias que hoje sofrem a ausência, a saudade e a tristeza", diz a médica. No vídeo, ela também elenca uma série de erros cometidos pela pasta - desde o início da pandemia - que contribuíram para que o país alcançasse o elevado número de óbitos, se tornando o segundo no mundo com maior quantidade de vítimas da covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos.

"Erro número um: não houve e não há uma ação centralizada, sistêmica, no sentido de organizar um plano de combate à pandemia da covid-19. Não há um Ministério da Saúde eficiente, que se preocupe com a vida das pessoas, que centralize numa gestão técnica, numa gestão que modifique a vida das pessoas, que modifique as políticas de saúde pública no nosso país".

A fala da médica chama atenção pois, em março deste ano, Ludhmila foi cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar do general e ex-ministro Eduardo Pazuello. No entanto, a cardiologista negou o convite ao afirmar que sua carreira foi sempre pautada na ciência. Com a recusa, o presidente da República buscou um outro nome e nomeou em março o também cardiologista Marcelo Queiroga para assumir a pasta, como o quarto ministro da Saúde do governo Bolsonaro.

 
 
?

Papel da ciência

No vídeo, ela destaca o papel da ciência no combate à pandemia da covid-19. “De uma maneira única a ciência deu respostas imediatas e em menos de um ano do início da pandemia, em dezembro, na China, o mundo conseguiu descobrir vacinas eficientes”, ressaltou.

No entanto, a médica aponta que houve atraso na busca pelos imunizantes por parte do Brasil, que, segundo ela, subestimou a gravidade da doença. “Os negacionistas comemoram que 86 milhões de vacinas foram distribuídas, mas não adianta porque nós temos menos de 12% da população que recebeu as duas doses da vacina. É pouco”, disse.

Politização

Ludhmila ainda criticou a politização da covid-19. “Essa doença não é da esquerda e nem da direita”, pontuou. A médica tem postura favorável ao isolamento social como forma de combater o avanço do novo coronavírus e já criticou o uso da cloroquina e bandeiras que contrastam diretamente com o que defende o presidente da República, Jair Bolsonaro, desde o início da pandemia.

Para ela, é necessário combater o negacionismo para vencer a pandemia da covid-19. “Não é o momento de eleição, não é momento de campanha, não é momento de passeata e nem de motociata”, disse, se referindo às aglomerações que Bolsonaro já promoveu.

Logo após, a médica criticou diretamente o presidente. “Nós temos um presidente que não liga para as vacinas, que não se vacinou, que fala que a vacina vai transformar a pessoa em jacaré. Isso tudo leva para as pessoas insegurança e abre espaço para as fake news”, repreendeu.