Em um esforço contra o narcotráfico, a Operação Narco Brasil apreendeu, do começo do mês até ontem, mais de 500 toneladas de drogas. De acordo com o balanço ao qual o Correio teve acesso, 12 mil pessoas foram presas, sendo 7,8 mil prisões em flagrante com a apreensão de 4 mil armas e 3.828 veículos. Além disso, 484 toneladas de drogas foram incineradas e mais de R$ 5,5 milhões confiscados. Também foram presos chefes criminosos de Goiás, Sergipe, Pernambuco, Roraima, Pará, Mato Grosso do Sul e Acre.
A ação do Ministério da Justiça e Segurança Pública ocorreu por meio da Secretaria de Operações Integradas (Seopi), em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do MJSP (Senad), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e secretarias estaduais. Segundo a pasta, trata-se da maior operação de combate às drogas no país, que contou ainda com cerca de 39 mil policiais.
O Ministério informou que, com o apoio das forças policiais de Pernambuco, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte, a Narco Brasil desenvolveu uma investigação sobre o patrimônio de criminosos envolvidos com o tráfico. Foram 21 mandados de prisão, 26 de busca e apreensão e recuperação de mais de R$ 500 mil e quase US$ 5 mil, além de imóveis, veículos, relógios de luxo, joias e armas recuperadas. Ao todo, foram instaurados mais de 6,5 mil inquéritos, com 5,5 mil mandados de busca domiciliar e mais de 3 mil mandados de prisão.
O secretário Adjunto da Secretaria de Operações Integradas (Seopi), Braulio Melo, ressaltou o papel de integração do trabalho conjunto das polícias civis e militares de todos os estados da federação no aumento das apreensões. “O protagonismo é dos estados nos crimes pontuais de drogas. É importante, diante da sinergia desenvolvida, e teve grandiosidade porque congregamos 26 estados mais o Distrito Federal. Os números são impressionantes: tivemos 444 mil abordagens de pessoas, mais de 5 mil mandados de buscas domiciliares; as munições apreendidas superam 20 mil, além da quantidade absurda de drogas. Essa ordem de desencadeamento de ações integradas foi determinação no Ministério desde o início da gestão”, destacou.
Segundo Bráulio, entre as dificuldades no enfrentamento às drogas está a extensão das fronteiras do país. “Há um projeto de se estender a Operação Vigia para a fronteira marítima. A perspectiva é de que haja um incremento, ainda sem previsão”, observou.
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Maior alcance
O presidente do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), Cristiano Sampaio, observou que a integração entre as corporações proporciona alcance nacional das ações das organizações criminosas. “Os estados já fazem combate diário à criminalidade, mas o crime organizado não respeita divisas. É necessário que, para além do trabalho feito normalmente de segurança nos estados, haja esse papel de integração e coordenação do governo federal porque consegue trazer uma visão maior de uma organização que atua no país inteiro ou mais de um país. Se não tiver, a gente vai ter ações nos estados que são eficientes, mas menos do que poderiam ser se trabalhassem de maneira integrada”, apontou.
O Relatório Mundial de Drogas 2021, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, divulgado na última semana, mostrou que, em relação à maconha, as maiores quantidades apreendidas em 2019 foram nos Estados Unidos, Paraguai, Colômbia, Índia, Nigéria e Brasil. De acordo com o estudo, os dados de apreensão mais recentes demonstram que a América do Sul é onde se realizam as maiores apreensões — 34% do total no mundo —, seguida da América do Norte, com 17%.
A diretora do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) no Brasil, Elena Abbati, destaca o aumento do uso da internet para o tráfico de drogas no mundo, e também os possíveis impactos da pandemia, pois os mercados ilícitos rapidamente se adequaram às restrições. Na primeira fase da onda de covid-19 houve um certo impacto, contornado rapidamente, com aumento da utilização de rotas marítimas e aviões particulares.
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