O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse, ontem, que “não há pressa” em desobrigar o uso de máscaras por pessoas já vacinadas contra a covid-19. Conforme observou, o parecer solicitado pelo presidente Jair Bolsonaro, em junho — que pedia a liberação do uso da proteção —, ainda está sendo estudado. “Isso tem que ser feito com base na ciência”, afirmou.
“Primeiramente, é necessário fazer um estudo científico. Depois que vem o estudo, o parecer é emitido. Não há pressa para se fazer isso. Isso tem que ser feito com base na ciência, o que temos defendido de forma reiterada. O Departamento de Ciência e Tecnologia, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos está trabalhando com a solicitação feita pelo presidente da República”, explicou, enquanto visitava o Hospital Regional do Guará, no Distrito Federal. Na ocasião, Queiroga vacinou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o advogado-geral da União, André Mendonça; e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jorge Oliveira.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que o estudo está sendo desenvolvido e que será revisado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “O Ministério da Saúde esclarece que realiza um estudo para avaliar a flexibilização do uso de máscara com o avanço da vacinação no Brasil, assim como já ocorre em outros países”, afirma nota divulgada pela pasta.
Desde o início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem recomendando o uso de máscaras como forma de prevenção contra a covid-19. Em junho, mais uma vez alertou sobre a importância do equipamento individual mesmo por pessoas imunizadas.
“Sei que há uma controvérsia recente no Brasil sobre o uso consistente de máscaras. Continua sendo uma orientação da OMS onde não há possibilidade de distanciamento”, disse a diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde, Mariângela Simão.
Ataques frequentes
Em vários episódios, Bolsonaro atacou não apenas as vacinas e a vacinação, mas o distanciamento social e as máscaras. Uma das últimas vezes foi em maio. “Falam tanto em máscara. O tempo todo essa mídia pobre falando: ‘o presidente sem máscara’. Não encheu o saco ainda, não? Isso é uma ficção. Quando é que nós vamos ter gente com coragem, que eu não sou especialista no assunto, para falar que a proteção da máscara é um percentual pequeno? A máscara funciona para o médico, que está operando uma máscara específica. A nossa aqui, praticamente zero”, disse Bolsonaro.
Em fevereiro, numa live, mostrou um estudo distorcido, feito na Alemanha, para criticar as máscaras. “Começam a aparecer aqui os efeitos colaterais das máscaras. Uma universidade alemã fala que elas são prejudiciais a crianças. Leva em conta diversos itens: irritabilidade, dores de cabeça, dificuldade de concentração, diminuição da percepção de felicidade, recusa em ir para a escola ou creche, desânimo, comprometimento da capacidade de aprendizado, vertigem e fadiga”, atacou.
O médico infectologista André Bon explica que, mesmo aqueles já vacinados contra o vírus, ainda correm o risco se contaminar e transmitir a doença. Daí porque a máscara continua importante. “Mesmo com uma parcela da população vacinada, ainda existe o risco dos vacinados serem portadores assintomáticos”, afirmou.
* Estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi
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Anvisa veta Oxford e Janssen para grávidas
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sugeriu a suspensão da aplicação das vacinas de Oxford/AstraZeneca e da Janssen contra a covid-19 em gestantes — por terem como base vetor adenoviral. De acordo com a orientação publicada na última sexta-feira, a autarquia recomenda que as grávidas recebam doses apenas da Pfizer e CoronaVac.
Em maio, a agência já havia sugerido a suspensão do uso da AstraZeneca neste grupo, após uma gestante no Rio de Janeiro ter desenvolvido trombose. Agora, a agência ampliou a orientação ao imunizante da Janssen, que chegou ao país no final de junho.
A suspensão foi feita para evitar casos de trombose e formação de coágulos sanguíneos, efeitos colaterais considerados raros após a vacinação com fórmulas baseadas em vetor adenoviral. As chances de desenvolvimento dos problemas circulatórios devido aos imunizantes são extremamente baixas — entre 0,1% e 0,5%. Além disso, um estudo da Universidade de Oxford provou que o risco de pacientes diagnosticados com covid-19 apresentarem casos de trombose é cerca de 10 vezes maior do que entre as pessoas vacinadas.
Prioridades
As gestantes estão na lista de prioridade para vacinação contra a covid-19 desde abril, pois fazem parte do grupo de risco. De acordo com um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado em junho, a taxa de letalidade entre as grávidas é altíssima (7,2%), mais que o dobro do índice do país (2,8%). Até o mês passado, 1.156 gestantes tinham morrido de infecção pelo novo coronavírus só em 2021. Em 2020, 560 faleceram devido à covid-19.
A Anvisa sugere, ainda, que seja criado um sistema para identificar casos suspeitos da reação. Os sintomas relacionados à trombose mais comuns são falta de ar, dor no peito, inchaço ou dor nas pernas, dor abdominal persistente, dor de cabeça grave e persistente, visão turva, confusão, convulsões, manchas vermelhas no corpo, hematomas ou outras manifestações no local da injeção. A agência recomenda que pacientes que apresentarem qualquer dessas indicações procurem o serviço médico com urgência.
A agência acrescentou que os imunizantes que não devem ser aplicados nas grávidas são seguros para serem ministrados na população em geral. “A Anvisa reforça a relação benefício-risco favorável das vacinas contra covid-19 autorizadas para uso no país, sendo essencial a continuidade da imunização da população”, diz a nota explicativa. (GB)
Butantan quer acelerar vacina
O Instituto Butantan pretende encurtar o tempo de testes da Butanvac, candidata à vacina da covid-19, com produção 100% brasileira. Para isso, deve pedir o uso emergencial do imunizante sem os resultados clássicos de eficácia — obtidos na fase 3 da pesquisa, com base em dados de infecções e hospitalizações de participantes do estudo. O formato alternativo de testes, no entanto, ainda não tem consenso entre os cientistas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estudos de fase 3 para as novas vacinas “seriam necessários para verificar o desempenho na prevenção de casos graves e sintomáticos”.
Ana Maria Braga pega covid e se afasta de programa
A Rede Globo anunciou, ontem, que os repórteres Fabrício Battaglini e Talitha Morete vão assumir o programa Mais Você, por conta do afastamento da apresentadora Ana Maria Braga, que se recupera da covid-19. Ela testou positivo para a doença. Em comunicado enviado pela emissora, ela afirmou que está bem. “Eu estou recebendo todo esse carinho lindo desde a manhã. Estou com sintomas leves e, tirando o mal-estar, me sinto bem. Na quinta à noite comecei com sintomas de gripe e na sexta, como já agendado anteriormente, o programa estava gravado”, disse. “Passei bem o fim de semana. Na manhã de hoje (ontem), perdi o olfato e, seguindo o protocolo, fiz o teste da covid-19, que deu positivo. Já tomei as duas doses da vacina e estou sendo acompanhada pelo meu médico”, explicou. Ela ainda acrescentou: “Agradeço a preocupação de todos, as mensagens de carinho e a todo meu time, entre eles Fabrício e Thalita que, com certeza, vão comandar o Mais Você com muito amor durante a minha ausência Nos vemos em breve. Cuidem-se todos”. A culinária, uma das principais atrações do programa, seguirá no ar com receitas inéditas nos próximos dias, já que Ana Maria Braga deixou alguns episódios gravados.